Condolências do mundo inteiro pela morte de Bento XVI
Benedetta Capelli/Raimundo de Lima – Vatican News
Em um tempo de divisões e conflitos, o mundo se une em memória do Papa emérito Bento XVI, que faleceu na manhã deste sábado, 31 de dezembro, no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano. A notícia é a abertura dos principais jornais e agências de notícias internacionais, destacando sua envergadura intelectual e o momento de sua renúncia à Cátedra de Pedro.
A proximidade das Igrejas europeias e inclusive alemã
As principais Conferências episcopais do mundo estão enviando mensagens de condolências. O presidente das Conferências Episcopais da Europa, dom Gintaras Grušas, recorda o "magistério europeu que Bento XVI desenvolveu durante seu pontificado, enfatizando a importância das raízes cristãs da Europa e destacando um necessário retorno a Cristo e à evangelização para a construção de uma civilização do amor". "Bento XVI teve uma relação especial com a Igreja católica na Alemanha: aí nasceu, aí estudou teologia, foi ativo como sacerdote e durante o tempo em que foi arcebispo de Munique e Freising, foi também membro da Conferência Episcopal Alemã", lê-se numa mensagem dos bispos alemães.
A mensagem da Conferência Episcopal Italiana
Profundas condolências são expressas pela Conferência Episcopal Italiana. "Nessas horas - lê-se numa mensagem -"seu convite para sentir a alegria de ser cristão ressoa no coração de cada um de nós, porque Deus nos ama e espera que nós o amemos também". "Sua vida baseada no amor foi um reflexo de seu relacionamento com Deus e, na última etapa de sua existência, ele tornou visível este relacionamento com o Senhor, custodiando o silêncio. Agradecemos ao Senhor pelo dom de sua vida e seu serviço à Igreja: um testemunho exemplar dessa busca incessante da face do Senhor (Sl 27,8), que hoje ele pode finalmente contemplar face a face (1 Cor 13,12)". "Convidamos as comunidades locais - é a conclusão da mensagem - a se reunirem em oração e a celebrarem a missa em sufrágio do Papa emérito Bento XVI".
A mensagem da Conferência Episcopal Australiana
O arcebispo Timothy Costelloe, presidente da Conferência Episcopal Católica Australiana, recorda em particular o afeto dos jovens do mundo inteiro, que vieram para o Dia Mundial da Juventude em Sydney em 2008. "Seu papado será lembrado como rico em ensinamentos, incluindo suas encíclicas sobre amor, esperança e verdade, bem como sua série de livros sobre Jesus de Nazaré, e por importantes reformas em áreas como a liturgia e a gestão do abuso sexual contra menores". "A vida inteira de Joseph Ratzinger, mais tarde Bento XVI, foi para todos nós um testemunho de uma fé pessoal firme; seus ensinamentos e sabedoria deram orientação a gerações inteiras", disse a Conferência Episcopal Húngara em uma mensagem. As Acli (Associações cristãs de de trabalhadores italianos) se unem às condolências e orações de toda a Igreja universal pela morte de Bento XVI, "guiado por uma paixão muito forte pela verdade que ele entendeu como manifestação do amor de Deus pelos homens em Jesus Cristo".
Welby: "uno-me ao luto"
"Cristo foi a raiz de seu pensamento e a base de sua oração": esta é a ênfase de Justin Welby, arcebispo de Cantuária e primaz da Comunhão Anglicana, que disse estar "de luto" pela perda do Papa emérito. "O Papa Bento XVI – acrescentou - foi um dos maiores teólogos de seu tempo, comprometido com a fé da Igreja e resoluto em sua defesa". Em tudo, inclusive em seus escritos e pregações, ele olhou para Jesus Cristo, a imagem do Deus invisível". Mas foi em 2013 que "o Papa Bento XVI deu o corajoso e humilde passo de renunciar ao papado, o primeiro Papa a fazê-lo desde o século XV". "Ao fazer esta escolha livremente - escreveu Welby -, "ele reconheceu a fragilidade humana que nos afeta a todos". "Que ele descanse agora na paz de Cristo e possa ressurgir na glória com todos os santos".
Kirill: Bento XVI, eminente teólogo
Em uma mensagem, o patriarca ortodoxo de Moscou e de todas as Rússias, Kirill, enfatiza a importância da contribuição de Bento XVI para testemunhar Cristo em um mundo secularizado e para defender os valores morais tradicionais. Tendo tido a oportunidade de encontrar pessoalmente o falecido Papa várias vezes durante seus anos na Cátedra de Pedro, "tive a oportunidade de testemunhar – lê-se - seu profundo amor pelo cristianismo oriental e, em particular, seu sincero respeito pela tradição da ortodoxia russa". "Durante o Pontificado de Bento XVI, as relações entre a Igreja ortodoxa Russa e a Igreja católica romana - conclui Kirill - desenvolveram-se consideravelmente no espírito de cooperação fraterna e no desejo de interação no caminho da superação do às vezes doloroso legado do passado".
União Budista Italiana
Também expressou sua proximidade a União Budista Italiana, que se junta à dor da Igreja Católica Italiana e universal pela partida do Papa Bento XVI. "Nós nos lembramos dele – lê-se numa mensagem - como um homem de profundo pensamento e pesquisa teológica, atento ao diálogo inter-religioso". Sua estatura de estudioso era acompanhada por sua mansidão. Sua renúncia foi um gesto que impressionou o mundo inteiro e a comunidade de crentes em toda e qualquer fé".
Pontifícia Academia para a Vida
Do Vaticano, a Pontifícia Academia para a Vida recorda Bento XVI como "uma das personalidades teológicas mais influentes do século XX", destacando seu serviço "na vinha do Senhor" e seu constante compromisso "de tornar a fé compreensível e confiável para o homem moderno".
As mensagens da política
A política confia ao Twitter a recordação do Papa emérito. "A Europa o chora, que descanse em paz": é assim que a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, expressa sua tristeza pela morte de Bento XVI, recordando suas palavras: "Não tenha medo nem do mundo, nem do futuro, nem de sua fraqueza". De sua terra natal, a Alemanha, o chanceler alemão Olaf Scholz também interveio, o mundo - disse ele - perdeu "uma figura excepcional" da Igreja católica. O primeiro-ministro britânico Rishi Sunak se diz profundamente entristecido, definindo o Pontífice emérito de "um grande teólogo". "Meus pensamentos vão para os católicos na França e no mundo inteiro, que se entristecem com a morte de Sua Santidade Bento XVI. Ele trabalhou com ânimo e inteligência para um mundo mais fraterno". Assim tweetou o presidente francês, Emmanuel Macron.
As condolências da Itália
Da Itália, o presidente da República Sergio Mattarella fala de luto para toda a nação. "Sua afabilidade e sabedoria beneficiaram nossa comunidade e toda a comunidade internacional. Com dedicação ele continuou a servir a causa de sua Igreja na veste sem precedentes de Papa emérito com humildade e serenidade. Sua figura continua inesquecível para o povo italiano". A primeira-ministra Giorgia Meloni descreveu Bento XVI como "um homem apaixonado pelo Senhor que continuará a falar ao coração e à mente dos homens com a profundidade espiritual, cultural e intelectual de seu Magistério". "Uma grande história que a história não esquecerá". Também o ex-presidente italiano e senador vitalício, Giorgio Napolitano, o recordou numa mensagem ao Papa Francisco. "Memórias e laços de estima e amizade respeitosa me uniram a Sua Santidade Bento XVI, desenvolvidos especialmente durante os anos passados como presidente da República Italiana. Embora eu tenha vindo de experiências intelectuais e humanas distantes e diferentes - prossegue Napolitano -, com o Pontífice naquele período eu pude desenvolver uma partilha de anseios e intenções e um hábito de reflexão sobre o futuro da Itália e da Europa". Um "grande teólogo" para o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, que sublinha como seu magistério soube acompanhar a Igreja no mundo contemporâneo. A capital, lê-se no twitter, se une à dor dos fiéis do mundo inteiro.
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