Cardeal Tolentino: das universidades católicas, uma visão do homem que dê esperança
Michele Raviart – Cidade do Vaticano
Nas universidades, e nas católicas em particular, "a força não está nas respostas de ontem, mas nas perguntas de verdade que se podem fazer hoje". O compromisso deve ser, portanto, aquele de ter sempre como referência uma visão interdisciplinar e esperançosa do ser humano e da vida.
Foi o que sublinhou o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, cardeal José Tolentino de Mendonça, durante a homilia da Missa de abertura do ano letivo 2022/23 da sede de Roma da Universidade Católica. “Um momento muito significativo”, sublinhou o purpurado, porque independentemente da idade de fundação e da experiência adquirida ao longo do tempo, a universidade renasce a cada novo ano letivo. Novos calouros, novos cursos e novos projetos fazem com que mesmo as instituições mais antigas sejam sempre “chamadas a serem jovens”.
Sentido da existência deve estar sempre presente
O objetivo das universidades católicas é, portanto, aquele de nunca esquecer as questões fundamentais sobre o homem e sobre a existência, de modo que as respostas da ciência possam se transformar sempre em interrogações ainda maiores. Confrontar-se com o sentido da existência deve, portanto, estar no centro de sua missão. A ciência depois, reiterou o cardeal, deve ser uma escola de humildade que nos ajude a considerar o erro e a incompletude como parte de um caminho mais amplo.
Ajudar a ver claramente
A universidade, explicou, é o triunfo do "nós" e do "juntos" e é o oposto da solidão. De fato, a ciência não pode desconsiderar o benefício do trabalho em rede e das práticas comunitárias. Tal como o cego curado por Jesus em Betsaida, afirmou Tolentino de Mendonça comentando o Evangelho de Marcos, estamos de fato sozinhos com a nossa cegueira e só com a ajuda dos outros e do encontro com Jesus podemos salvar-nos. Cristo então estende a mão ao cego e o conduz para fora do vilarejo. De fato, a cura e a transformação acontecem “somente quando deixamos nosso ponto de vista habitual para nos mudarmos para um novo lugar”. Somente assim podemos entender verdadeiramente os eventos que estamos vivenciando e ver o que não percebemos. Nesse sentido, a tarefa máxima da universidade é a de ajudar a enxergar com clareza e, como o cego é convidado a não voltar ao seu povoado, sem voltar ao mesmo ponto de partida.
Nenhuma ciência sem o amor
Jesus cura o cego com a saliva e a imposição das mãos. Consigo mesmo, porque ele é o remédio e não algo externo. Da mesma forma, a tecnologia científica não é suficiente. Apesar das previsões, reitera o cardeal, a universidade e a ciência do futuro não serão guiadas por inteligência artificial, chips e robôs. “Seja qual for a forma de conhecimento, será uma ciência humana, que não se pode fazer sem dom de si e sem o amor.” A universidade prospera na qualidade dos relacionamentos. É uma oficina de presentes e encontros.
Anelli: ciência e assistência à disposição de todos
Fazer pesquisa em medicina, reiterou por sua vez o reitor da Universidade Católica Franco Anelli em seu discurso inaugural, não é apenas descobrir novos protocolos e terapias, mas um impulso para a expansão do conhecimento.
Em sua saudação, recordando em particular os universitários das zonas afetadas pelo terramoto na Turquia e na Síria, Anelli recordou o significado da Faculdade de Medicina Católica e do Hospital Universitário Gemelli: "Um projeto cultural e ideal, cuja missão é a de tornar ciência e assistência à disposição de todos, oferecendo um serviço autenticamente público".
A Policlínica Gemelli, de fato, não é uma mera prestadora privada de cuidados de saúde, mas uma instituição ao serviço da ciência e das pessoas, à qual não pertence a lógica do lucro e não seleciona casos com base na conveniência econômica, para responder a as necessidades dos pacientes. “É chegado o momento”, acrescentou, “para uma reflexão mais profunda e estrutural sobre as características de um hospital universitário como este”.
Schillaci: qualidade e solidariedade sem perder princípios e valores
Para o ano letivo 2022/23 na Faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade Católica – da qual o novo reitor Antonio Gasbarrini destacou os projetos de solidariedade em todo o mundo junto com o Dicastério para a Caridade, a Comunidade de Sant'Egidio e CUAMM – matricularam-se 5.000 novos estudantes e 2.000 pós-graduados. Um crescimento, sublinhou o ministro da Saúde italiano Orazio Schillaci, “devido à capacidade de oferecer ensino de qualidade e instâncias de solidariedade sem perder princípios e valores”.
O ministro anunciou ainda uma possível amplicação de vagas na Faculdade de Medicina: "Até há dois ou três anos - disse - eram admitidos anualmente entre 8.000 e 10.000 alunos... No entanto, já há dez anos a Conferência dos Reitores da Faculdade de Medicina pedia insistentemente para elevar para 12.000 o número de alunos que poderiam acessá-la". Por isso, “os números tornados públicos com o decreto de 10 de fevereiro relativo ao acesso à Faculdade de Medicina e Cirurgia são de considerar provisórios e creio que se fará uma ampliação”.
Schillaci voltou a elogiar "a realidade assistencial da Policlínica Gemelli, que alia qualidade de atendimento e inclusão, tem alcançado eficiência e alto nível de atendimento, obtendo importantes reconhecimentos também em nível internacional. Uma combinação que deve ser salvaguardada e valorizada".
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