Papa no Sudão do Sul, oportunidade de compromisso pela paz, diz Dom Caccia
Tiziana Campisi – Cidade do Vaticano
Dentro de poucos dias, o Papa Francisco estará no Sudão do Sul, onde permanecerá de 3 a 5 de fevereiro, oportunidade em que se encontrará com o presidente e os vice-presidentes em Juba e recordará a eles a "obrigação de construir a paz por meio do diálogo e do perdão".
Foi o que sublinhou na terça-feira, 31, o observador permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas em Nova York, arcebispo Gabriele Caccia, ao se pronunciar na reunião da Comissão de Consolidação da Paz em nível de embaixadores sobre o país africano, acrescentando que o Pontífice também se reunirá com a sociedade civil e os deslocados internos e participará da oração ecumênica que será realizada no mausoléu de John Garang, um dos líderes da independência do Sudão do Sul. "É esperança da Santa Sé que esta peregrinação ecumênica de paz ofereça aos líderes a oportunidade de se comprometer novamente com a paz - disse Dom Caccia - e renovar seus esforços para implementar o acordo de paz revitalizado" de 2018.
Cristianismo como força de paz
O Observador Permanente observou que, embora "muitas vezes se tente culpar a religião pelos vários conflitos dentro de nossa família humana", "o caso do Sudão do Sul mostra que 'o cristianismo é uma força de paz, pois encoraja a conversão e o exercício das virtudes'”. Uma força que é particularmente amplificada quando os cristãos agem ecumenicamente, “demonstrando que comunidades de fé distintas podem se unir no amor, apesar de suas diferenças”.
O arcebispo Caccia destacou que os esforços realizados pelo Conselho de Igrejas do Sudão do Sul em cuidar dos pobres e marginalizados representam "uma contribuição significativa para todo o povo do Sudão do Sul" e complementam o trabalho humanitário e de desenvolvimento das Nações Unidas e seus Estados Membros , que a Santa Sé aprecia.
Que os líderes políticos comprometam-se com a justiça e a reconciliação
A delegação da Santa Sé na ONU “reconhece que o processo de paz no Sudão do Sul continua enfrentando dificuldades”, também devido ao “conflito intraétnico agravado pela mudança climática”. "Diante desses desafios - continuou o observador permanente - a Santa Sé faz votos que os líderes civis do Sudão do Sul acelerem seus esforços para promover a transparência, fazer progredir as normas democráticas e o estado de direito e garantir que os ganhos resultantes dos recursos naturais abundantes do Sudão do Sul sejam destinados a atender às necessidades básicas de todos os cidadãos e melhorar a infraestrutura para liberar o pleno potencial humano e econômico da nação”.
Neste sentido, "a Santa Sé encoraja o Governo a promover a paz e a reconciliação" e a levar avante as eleições nacionais há muito adiadas. “Por meio de esforços como estes – observou o arcebispo Caccia – os líderes do Sudão do Sul podem assumir a responsabilidade de realizar o “desejo ardente de justiça, reconciliação e paz” de seu povo.
O importante trabalho da Comissão de Consolidação da Paz
Apreço foi depois reiterado pelo observador permanente ao trabalho da Comissão de Consolidação da Paz das Nações Unidas, que diz respeito à segurança, desenvolvimento e direitos humanos e que permite aos Estados que sofrem ou se recuperam de conflitos cooperar com outras nações em igualdade de condições. Esta é uma abordagem que, para Dom Caccia, promove o respeito mútuo.
O observador permanente considerou também que esta Comissão, "por meio do acompanhamento político e do apoio à construção das institucições", "conduz os governos a atender às necessidades do bem comum, reconhecendo com razão que 'a paz nunca se alcança de uma vez por todas, mas deve ser construída incessantemente'”.
Os esforços da Santa Sé
"A Santa Sé há muito deseja ver uma nova era de paz e prosperidade para o povo sofredor do Sudão do Sul e tem trabalhado ativamente para apoiar a reconciliação nacional", disse o arcebispo Caccia, referindo-se ao retiro espiritual para as autoridades civis e eclesiásticas do Sul Sudão organizado pelo Papa Francisco - retomando a proposta do Arcebispo Welby - em abril de 2019 no Vaticano.
Um momento "que ofereceu uma oportunidade de encontro com espírito de respeito e confiança", durante o qual o Papa Francisco disse aos líderes "que 'a paz é possível' e os encorajou a apoiar sua responsabilidade compartilhada para alcançá-la como 'condição fundamental para garantir os direitos de cada indivíduo e o desenvolvimento humano integral de todo um povo'".
O Pontífice também garantiu sua proximidade ao país enviando em julho passado o cardeal secretário de Estado Pietro Parolin, que se reuniu com líderes políticos, funcionários das Nações Unidas e deslocados pela violência e as consequências da mudança climática.
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