Gallagher na Albânia: olhar para o futuro sem esquecer o passado
Michele Raviart - Vatican News
Na Albânia, após a "exclusão forçada de Deus da vida pessoal e comunitária", chegaram os "tempos da liberdade e da luz". Uma luz que é Jesus e que ilumina a existência de cada homem e a enche de sentido. Isto foi lembrado por dom Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados e as Organizações internacionais da Santa Sé, durante sua homilia da tarde deste sábado (18) na Catedral de Scutari, definida por São João Paulo II durante sua visita ao país em 1993 como "uma das igrejas mais majestosas dos Balcãs" e "um símbolo da ressurreição da Igreja na Albânia", depois de ter se tornado um local de esportes durante os anos do regime.
Fazer Jesus agir através de nós
Comentando a passagem do Evangelho de João sobre o "cego de nascença" curado por Jesus, dom Gallagher, no segundo dia de sua visita ao país balcânico, enfatizou como somente obedecendo Sua palavra e encontrando-o nos sacramentos "seremos curados de nossa cegueira" e seremos capazes de perceber os que nos rodeiam. Permitindo que Jesus aja através de nós, como fez Santa Madre Teresa de Calcutá, "filha do povo albanês", nos tornaremos assim capazes de "estender nossas mãos para tocar com afeto aqueles que estão sozinhos, aqueles que precisam e aqueles que pedem amizade".
A tentação trágica de ser cego para a fé
Assim como o cego chega gradualmente ao esclarecimento total, continua Gallagher, assim na Albânia "somos testemunhas de uma fé que cresceu em um contexto de hostilidade". É precisamente nas dificuldades que a fé amadurece e seu testemunho se torna mais decisivo, e "à medida que o cego vê cada vez mais, os adversários se tornam cada vez mais cegos". O homem, de fato, "assim como ele tem a possibilidade de abrir-se à fé, ele também traz dentro de si o terrível poder de se cegar, ou seja, de fabricar boas razões para não ver, de criar provas falsas para si mesmo, de se recusar a abrir os olhos dizendo que 'vê'", como era a "tentação trágica" durante o antigo regime.
A "feliz característica" da coexistência pacífica
"Quantas vezes no passado vocês tiveram que defender com força sua identidade de filhos da luz, ou seja, a de serem batizados", lembrou o secretário para as Relações com os Estados, "mas essa tarefa também é atual para cada um de nós hoje: defender nossa identidade como batizados e viver como batizados". "Defender a própria identidade", no entanto, "não significa ignorar ou atropelar aqueles que acreditam de forma diferente ou não acreditam em absoluto". Nisto, como lembrou o Papa Francisco em Tirana em 2014, a Albânia dá o exemplo da "feliz característica" da coexistência pacífica e da cooperação entre membros de diferentes religiões".
Olhando para o futuro sem esquecer o passado
O último desejo de dom Gallagher, antes de reafirmar a entrega da Albânia a Nossa Senhora do Bom Conselho, como fez São João Paulo II, é "olhar para o futuro sem esquecer o passado", "porque a construção de uma sociedade democrática é um processo, que requer vigilância diária e cuidadosa cooperação de todos, sem esquecer os altares do passado". Na manhã de sábado, dom Gallagher encontrou-se com a ministra das Relações Exteriores albanesa Olta Xhaçka. Neste domingo celebrará a missa na Catedral de Rrëshen e se encontrará com os bispos da Conferência do país. Nesta segunda-feira, 20, se reunirá em Tirana com os líderes religiosos do país, o Presidente da Assembleia da República Lindita Nikolla, e visitará a Universidade Católica de Nossa Senhora do Bom Conselho, a Catedral Católica, a Catedral Ortodoxa e a Mesquita.
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