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Santa Sé na ONU: todos os países sejam instrumentos de paz

O Observador Permanente da Santa Sé, junto às Nações Unidas em Genebra e à Organização Mundial do Comércio, dom Fortunatus Nwachukwu, reiterou a importância da cooperação multilateral como única forma de segurança e de ajudar o mundo a enfrentar as guerras e as migrações. Entre os temas abordados, o arcebispo nigeriano também falou sobre a defesa do direito à vida e à liberdade religiosa.

Michele Raviart - Vatican News

Em seu pronunciamento, durante a 52ª Sessão geral do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, Dom Fortunatus Nwachukwu, recordou a pergunta: “Será que foi feito todo o possível, de forma direta ou indireta, para deter os conflitos no mundo, que compõem esta fragmentada Terceira Guerra Mundial”, como a chama o Papa Francisco?

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Cooperação e confiança, únicas garantias para a segurança

Neste momento, explicou o Arcebispo nigeriano em seu discurso, "todos somos chamados a ser instrumentos de paz e a trabalhar por um renovado senso comum de responsabilidade e solidariedade, promovendo, ao mesmo tempo, um clima de cooperação e confiança recíproca, como fundamento de uma paz duradoura".

Trata-se de um objetivo, cada vez mais amplo e difícil, depois de um ano de guerra na Ucrânia, na qual as vítimas não são apenas as dos combates ou ataques a infraestruturas civis, cujos efeitos nos setores energéticos e de produção alimentar atingem inteiras regiões, até além da Europa. A cooperação e a confiança são, de fato, a única garantia para a segurança, ao contrário do rearmamento. Neste sentido, o Arcebispo renovou, em nome da Santa Sé, o premente apelo à Comunidade internacional para que continue à busca do desarmamento total.

Atenção com os migrantes

A Santa Sé recorda que os “conflitos, instabilidades sócio-políticas e desastres naturais” estão entre as principais causas da migração. No entanto, emigrar nem sempre é uma escolha fácil e, muitas vezes, as pessoas percorrem caminhos perigosos, com rotas inseguras, muitas vezes à mercê dos traficantes, para chegar ao destino final. Por isso, a Comunidade internacional "não pode desviar seu olhar ou limitar-se em tomar iniciativas isoladas", disse o Arcebispo: “É essencial prestar ajuda humanitária, em situações de emergência, e promover a integração dos migrantes nos países de acolhimento, mas é preciso também colaborar, de modo multilateral, para garantir o direito das pessoas de permanecer em seus países de origem, em paz e com segurança” .

Promover o direito à vida

No entanto, a colaboração multilateral está em crise, como notamos na guerra da Ucrânia e na distribuição desigual de vacinas durante a pandemia. Os vários fóruns internacionais também viram aumentar as tentativas de alguns Estados de impor sua própria visão, muitas vezes, em detrimento dos países mais pobres e em desenvolvimento. Trata-se, disse o Observado da Santa Sé, de uma espécie de “colonização ideológica” como no caso da “promoção do chamado direito ao aborto”: “Com o pretexto de um conceito mal interpretado de progresso, esta abordagem coercitiva da política internacional mina o benefício dos direitos fundamentais das pessoas, incluindo, em primeiro lugar, o direito à vida. Quando a vida não é reconhecida como valor, pode ser empregada para interesses particulares, sobretudo, quando as pessoas atingidas não podem se defender sozinhas: crianças, nascituros, enfermos, idosos e deficientes morais e físicos. Logo, o direito à vida também está ameaçado pela prática da pena de morte, infelizmente, ainda muito difundida. Ninguém pode ​​reivindicar direitos sobre a vida de outro ser humano".

Tutelar a liberdade religiosa

A Santa Sé coloca ainda outra questão ao Conselho dos Direitos Humanos em Genebra, ou seja, a discriminação, por motivos religiosos, que atinge um terço da população mundial. Por isso, o Arcebispo nigeriano concluiu: “É preocupante o problema de que as pessoas estejam sendo perseguidas, apenas por professar publicamente a sua fé, às vezes, até por autoridades nacionais contra as minorias. Os ataques contra lugares sagrados e líderes religiosos também estão aumentando. Em alguns países, diante de uma fachada de tolerância e inclusão, existe uma forma sutil de censura, pela qual expressar as próprias crenças pode ofender a sensibilidade dos outros. Como o próprio Papa diz, a liberdade religiosa não pode ser reduzida apenas à liberdade de culto, mas é um dos requisitos mínimos para uma vida digna”.

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04 março 2023, 13:13
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