Parolin sobre o Papa na Hungria: oportunidade para promover a paz
Andressa Collet - Vatican News
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, recebe na tarde desta quarta-feira (19), no Palácio Apostólico, uma delegação do governo italiano liderada pela primeira-ministra do país, Giorgia Meloni, junto com o subsecretário da presidência do Conselho, Alfredo Mantovano, e vários ministros. O encontro com representantes da Santa Sé também reúne o governador da região do Lazio, Francesco Rocca, e o prefeito de Roma - inclusive comissário extraordinário para o Ano Santo, Roberto Gualtieri, para tratar da preparação ao Jubileu 2025, intervenções na capital italiana para acolher os peregrinos e tornar a cidade mais moderna, inclusive e sustentável.
Antes, porém, o cardeal Parolin participou da conferência "A cu(ltu)ra das relações para a nova comunidade global de paz", que trouxe o relatório social de 2022 da organização italiana Rondine Cittadella della Pace, uma organização comprometida pela redução de conflitos armados no mundo. O evento foi realizado na sala dos grupos parlamentares da Câmara dos Deputados, em Roma.
A viagem do Papa à Hungria
Ao encontrar os jornalistas, o secretário de Estado do Vaticano respondeu sobre perguntas feitas em relação à proxima viagem apostólica do Papa Francisco que será realizada no final do mês de abril à Hungria.
Parolin explicou que a viagem não tem nenhuma referência direta ao conflito na Ucrânia, mas será uma oportunidade para reiterar o apelo para o fim da guerra. "A visita já estava planejada há algum tempo, não se enquadra diretamente nas questões de hoje", esclareceu ele. "Penso que o Papa, como sempre faz, aproveitará esta visita para tentar ver se há possibilidades de chegar a alguns passos para a paz, dada também a posição da Hungria na comunidade internacional. Pode ser uma ajuda nesse sentido...". Assim, o cardeal repetiu, "não houve nada específico, no sentido de dizer 'vamos por isso', mas certamente ele aproveitará qualquer oportunidade para tentar promover a paz".
O caso italiano de Emanuela Orlandi
Já sobre o caso italiano de Emanuela Orlandi, o cardeal afirmou que a intenção da Santa Sé é de "esclarecer": "acredito que devemos isso primeiramente à mãe" que "sofre muito". Com essas palavras, o secretário de Estado assegurou o compromisso da Santa Sé de continuar a investigação, reaberta em janeiro deste ano, sobre a cidadã vaticana desaparecida aos 15 anos de idade, em 1983.
Acusações absurdas e infames
O cardeal respondeu após ser questionado pela agência italina de notícias Ansa sobre os recentes desenvolvimentos no caso, após as declarações na televisão do irmão da jovem, Pietro Orlandi, sobre presuntos comportamentos inapropriados de São João Paulo II - definidos pelo Papa Francisco como "ilações ofensivas e infundadas". A advogada da família Orlandi, Laura Sgrò, foi convocada em 15 de abril pelo promotor de Justiça, Alessandro Diddi, para relatar, como testemunha, sobre as fontes de informação relativas a Wojtyla e, de modo mais geral, sobre o caso da menina desaparecida. Ela optou por se opor ao sigilo profissional e, portanto, recusou-se a relatar de quem ela e Pietro Orlandi haviam recebido os "rumores" sobre os hábitos do pontífice polonês. A esse respeito, Parolin disse: "estamos muito surpresos que não tenha havido colaboração porque era isso que eles tinham pedido: então por que recuar agora tão abruptamente? Não entendo... A nossa intenção é realmente conseguir esclarecer".
"Vi que também houve críticas à iniciativa do Papa", acrescentou o cardeal, referindo-se à investigação que Francisco quis reabrir para esclarecer o caso após 40 anos. A ideia da Santa Sé", sublinhou o secretário de Estado, "é precisamente chegar a um esclarecimento, ver o que foi feito no passado tanto do lado italiano como do Vaticano e ver se há algo mais que ainda possa ser feito com esse objetivo; chegar a um esclarecimento. Acredito que devemos isso antes de tudo à mãe" que "sofre muito. Estamos fazendo isso com a melhor das intenções".
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