Ir. Norma Pimentel: o Papa é uma grande inspiração para todas nós
Linda Bordoni – Vatican News
"Mulheres líderes", um grupo de líderes leigas e religiosas que dedicam suas vidas para servir os pobres e marginalizados nos Estados Unidos, reuniram-se no Vaticano para compartilhar como suas missões incorporam o apelo do Papa Francisco por uma "Igreja pobre para os pobres". Ou seja, uma Igreja que caminha em um espírito de sinodalidade com aqueles que a cultura e a sociedade de hoje consideram "inutilizáveis". Reunidas na Catholic Extension, uma organização pontifícia fundada em 1905 com a missão de construir comunidades de fé católica nas regiões mais pobres da América, as líderes femininas, acompanhadas pelo Cardeal Blaise Cupich, de Chicago, estão reunidas em Roma nesses dias. Na quarta-feira (26) foram recebidas em audiência pelo Papa Francisco. Enquanto que na quinta-feira (27) realizaram uma conferência na sede do Vatican News para apresentar a sua obra. Entre elas estava a irmã Norma Pimentel, das Missionárias de São José do México, que prestou assistência a centenas de milhares de pessoas na fronteira entre os EUA e o México. A religiosa, responsável pela Igreja Católica pelos refugiados no Rio Grande Valley, no sul do Texas, é conhecida como o "anjo dos migrantes" e recebeu em Roma o prêmio "Espírito de Francisco" da Catholic Extension.
Entrevista
Irmã Norma, a senhora está aqui junto com um grupo de irmãs para falar sobre a audiência com o Papa Francisco na qual foi abordado o tema de como a Igreja Sinodal deve ser implementada na prática. A que ponto estamos como Igreja Sinodal?
A Igreja Sinodal representa o convite dirigido a todos para que venham se reunir e conversar conosco. Representa todos nós, cada pessoa, especialmente aqueles que nunca se consideraram importantes, ou acreditavam que esta não era a sua Igreja, que foram deixados de lado: agora, todos são convidados para serem ouvidos. A Igreja abriu os braços e ouviu a todos para que todos possam se sentir importantes.
Como a senhora reagiu à notícia de que as mulheres também terão direito a voto no Sínodo?
Acredito que isso simplesmente reflete quem é o Papa, o que ele está tentando fazer, o que ele nos convida a ver. O fato de que ele pretende colocar em prática o que vem dizendo desde que começou como líder da Igreja universal, ou seja, que cada um de nós é importante. Chegou o momento de ouvir as vozes das mulheres, também quando são tomadas decisões para determinar quem somos, hoje, como Igreja.
E as mulheres, como vocês reiteraram, são o motor no coração da Igreja...
Acredito que as mulheres desempenhem um papel importante na humanidade. Recordo-me de que, desde criança, meu pai era o "chefe da casa", mas era minha mãe quem garantia que a família tivesse tudo o que precisasse. Meu pai era o chefe da família, mas minha mãe tinha um papel importante na tomada de decisões. E acredito que esse é um aspecto das mulheres: não precisamos ser reconhecidas, simplesmente temos de ser quem somos.
Na quarta-feira (26) o Papa Francisco dirigiu um especial agradecimento para a senhora, pessoalmente. Como a senhora recebeu isso? O que ele lhe disse pessoalmente?
Foi emocionante estar na presença dele. Fiquei feliz por segurar sua mão na minha, cumprimentá-lo e receber sua bênção. Eu sempre compartilho este sentimento, quando volto para casa, com todos que me cumprimentam: eu abraço e, dessa forma, compartilho com todos a presença do Papa, que é força e esperança para nós. Ontem ele sorriu e piscou para mim como se dissesse: "Eu vi você, sabia". Foi lindo!
O Papa visita a Hungria, onde também se encontrará com pessoas que fogem da guerra na Ucrânia. Esse é um chamado também para a senhora que há anos se dedica aos refugiados. O que a senhora pensa sobre essa viagem e quais são suas expectativas?
Eu rezo por ele. Quando vejo tudo o que ele faz, toda vez que tenta estar presente em todos os lugares onde as pessoas sofrem, migram ou são destruídas, rezo para que ele receba a ajuda e a força para sempre poder levar a mensagem da necessidade de tutelar a vida humana. O Papa é realmente determinado, quer nos ajudar a entender que devemos amar uns aos outros, que devemos acolher uns aos outros, que devemos estar unidos. Portanto, rezo por ele, mas gostaria que todos nós o fizéssemos para lhe dar a força de que precisa para continuar a ser a pessoa extraordinária que é.
O exemplo dele é uma inspiração para a senhora quando está na fronteira com os refugiados?
Sim, carrego sua presença e seu exemplo comigo, porque suas palavras são um encorajamento para acreditar que é o que devemos fazer, mesmo que haja pessoas que não concordem. É um encorajamento também para sermos firmes na consciência de que é importante continuarmos a fazer o que sentimos que o Espírito Santo nos impele a dizer e a fazer.
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