Divulgada lista de participantes do Sínodo
Antonella Palermo - Cidade do Vaticano
"Procuramos incluir uma representação de todo o povo de Deus". Foi o que garantiu o cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo, que participou da apresentação na manhã desta sexta-feira, 7 de julho, na Sala de Imprensa do Vaticano, da lista dos participantes da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. Ao seu lado, os subsecretários Irmã Nathalie Becquart e monsenhor Luis Marín de San Martín, e um dos dois secretários especiais da assembléia, padre Riccardo Battocchio, reitor do Almo Collegio Capranica, presidente da associação teológica italiana.
Garantir a máxima representatividade
O critério que guiou a formulação de uma lista, explica o cardeal Grech, foi garantir 'uma mistura', uma variedade (em termos de carismas, vocações, experiências eclesiais, idade, país de origem). Os membros, aqueles com direito a voto, são no total 363. Além dos representantes das várias Conferências Episcopais do mundo (África 43, América 47, Ásia 25, Europa 48, Oceania 5) e os delegados da Igrejas Orientais Católicas (20) , bem como os 50 membros por nomeação pontifícia.
De uma lista de 140 pessoas proposta pelos organismos continentais, o Papa escolheu 70 fiéis não bispos (incluindo cinco consagrados e cinco consagrados). Eles foram selecionados sobretudo em virtude de sua participação em várias funções no processo sinodal e metade homens e metade mulheres.
"A 'representação' é uma qualidade densa - declara padre Giuseppe Bonfrate, ordinário de Dogmática na Gregoriana, um dos presidentes delegados - que não poderia ser compreendida sem sentir-se parte daquela efervescência do Espírito Santo que, em união com Cristo e com todo o gênero humano, é a sacramentalidade, à qual o Concílio Vaticano II associa a Igreja".
São 85 mulheres, duas entre as presidentes delegadas
“No Sínodo para a Amazônia – recorda Irmã Becquart – as mulheres eram dez por cento da assembléia, desta vez são muito mais”.
O número de mulheres presentes na assembleia é de 85 (incluindo as mulheres da Secretaria-Geral), das quais 54 têm direito a voto. Uma das novidades é a presença de duas mulheres entre os presidentes delegados, ou seja, aqueles que presidem a Assembleia do Sínodo em nome e por autoridade do Pontífice quando este não está presente.
María de los Dolores Palencia Gómez, 74 anos, mexicana, da Comunidade de Vida Cristã, está na Congregação das Irmãs de São José de Lyon. Seu ministério se concentrou na educação, pastoral das periferias, comunidades eclesiais de base, pastoral indígena, migrações.
“No meu caminhar com os migrantes – sublinha – aprendi muito com eles, o impulso de um sonho que gera liberdade, alegria, capacidade de risco, solidariedade recíproca e resiliência”.
Depois tem a Irmã Momoko Nishimura, Missionária das Servas do Evangelho da Misericórdia de Deus. Ela traduziu para o japonês a Encíclica Fratelli tutti e fez parte da equipe de discernimento e redação da Assembleia Sinodal Continental Asiática em Bangkok, Tailândia.
Aumentou o número de Delegados Fraternos
Serão 12 os Delegados Fraternos, representando outras Igrejas e comunidades eclesiais. No passado eram 8. Também esta é uma novidade que sublinha a dimensão ecumênica que queremos dar ao evento. Os nomes ainda não foram divulgados, mas os organizadores garantem que a lista referente a eles também será divulgada dentro de alguns dias.
Há também os Convidados Especiais (8), que participam da Assembleia, mas não das decisões. Entre estes, destacamos o nome de Luca Casarini, líder no-global, de "Mediterranea Saving Humans".
Novamente aparecem os nomes dos Peritos e dos Facilitadores: os primeiros (peritos) participam como convidados, mas não são membros do Sínodo, cooperam com os Secretários em virtude de suas competências específicas. Já os demais têm a função de facilitar o intercâmbio nos chamados círculos menores.
A ampliação da composição não altera a denominação do Sínodo
Também foi selecionado um representante do “Sínodo Digital”, acrescenta o cardeal Grech, que precisa ter pedido ao Dicastério Leigos e Família que propusesse também o envolvimento de algumas pessoas com deficiência, mais uma prova de uma intenção de inclusão máxima.
Entre os jornalistas presentes no briefing foram levantadas questões sobre a eventualidade de que - justamente levando em conta o que poderia ser considerado uma caracterização 'leiga' do Sínodo - a própria denominação do evento pudesse ser modificada. O cardeal Grech responde, esclarecendo qualquer mal-entendido a esse respeito: "O Sínodo dos Bispos permanecerá como tal na redação. Os bispos têm um ministério fundador, são o guia do povo de Deus a eles confiado". E assinala que, de fato, os encontros continentais eram também assembleias eclesiais nas quais puderam ser expressas as diversas solicitações do povo de Deus. “O caráter episcopal do Sínodo deve ser salvaguardado, não pode ser transformado em algo diferente”, afirma.
A assembléia sinodal não esgota a sinodalidade da Igreja
Para sublinhar este aspecto, aos nossos microfones da Rádio Vaticano fala o teólogo P. Riccardo Battocchio que, aliás, diz ver-se envolvido num momento “emocionante” para a vida da Igreja.
“Na Igreja existem diversos processos sinodais e diversas estruturas sinodais - explica - que podem ser genericamente definidos como sinodais. Esta é a Assembleia do Sínodo dos Bispos. É um momento, não o único, em que os bispos expressam sua responsabilidade. É certo que a Assembleia Sinodal não esgota a sinodalidade da Igreja”.
Pe. Battochio acrescenta que "a teologia não vive de si mesma, mas vive da fé do povo de Deus que nasce da livre, plena e consciente acolhida do Evangelho, tal como é vivida pela tradição da Igreja e assim como é tutelado também pelas intervenções do magistério, pela fé de todos. A teologia tem a tarefa de ajudar a proteger a fé de todos, tentando responder às questões que surgem do presente, articular uma linguagem que permita não tanto a comunicação publicitária, mas aquela interlocução com o pensamento, com a vida das pessoas que habitam este mundo e este tempo, para que na mudança haja uma vínculo com a origem que olha sempre para o futuro. Se houver 'abalos, o importante será enfrentá-los juntos, para que sejam um momento de vida e não de morte".
De Moçambique, jornalista da Comissão de Informação
A atenção aos jovens foi uma preocupação marcante desde o início por parte dos organizadores que previram a participação de um casal de jovens por continente.
A nível italiano, destacamos, entre outras especialistas, Erica Tossani, da Caritas Ambrosiana. Entretanto, vem de Moçambique a secretária da Comissão para a Informação do Sínodo. Trata-se de Sheila Leocadia Pires, jornalista, da equipe de coordenação das comemorações do Jubileu de Ouro do Comitê Episcopal Pan-Africano para a Comunicação Social. Ela trabalhará ao lado do prefeito Paolo Ruffini, do Dicastério para a Comunicação.
“Não tenho certeza se sou a primeira mulher a ser nomeada a uma posição do gênero, mas certamente, como uma mulher africana de Moçambique que vive e serve a Igreja na África do Sul, acho que o Papa Francisco está dando um bom sinal a todas as mulheres do Sul Global, especialmente na África”, afirma.
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