D. Aguiar: nos jovens ucranianos vi coragem e alegria, mesmo em meio às lágrimas
Svitlana Dukhovych – Cidade do Vaticano
Dom Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Fundação JMJ de Lisboa 2023 está de volta a Portugal, depois de ter visitado a Ucrânia. No martirizado país do leste europeu, o futuro cardeal visitou várias cidades, entre elas Bucha e Irpin, e encontrou grupos de jovens em peregrinação aos santuários marianos de Zarvanytsia e Berdychiv. Momentos tocantes, em que o bispo pode levar aos jovens - especialmente aqueles que não poderão participar do evento de agosto em Lisboa - o abraço do Papa e da Igreja. Mas mesmo o próprio prelado pode receber muito desses jovens: coragem, testemunho de fé, esperança. E é ele mesmo que fala à mídia do Vaticano, que o entrevistou na Ucrânia, antes de sua viagem de regresso a Portugal.
Dom Aguiar, qual foi o objetivo desta viagem à Ucrânia e que impressão o senhor teve, de forma geral?
O nosso querido Papa Francisco recorda-me sempre de não esquecer os jovens que não podem ir a Lisboa. O Papa nos pede constantemente para enviar o convite a todos os jovens e não esquecer aqueles que não podem viajar. Há quinze dias, quando recebi padre Valdemar e Roman, da Igreja Greco-Católica de Lisboa, que preparam os jovens ucranianos para partir, perguntaram-me sobre a possibilidade de os ir visitar. A princípio eu sabia que não era possível, mas o Espírito Santo me lembrou o rosto e as palavras do querido Papa Francisco, e eu imediatamente disse "sim" e aqui estou. Vim agradecendo a Deus pelo Espírito Santo que me conduziu a esta missão. A impressão é a alegria de levar Cristo vivo a estes jovens e a este povo martirizado da Ucrânia, e a alegria de encontrar Cristo vivo também aqui, nas suas vidas, nos seus sofrimentos, nas suas dificuldades, nas suas lágrimas, nas suas vidas. e na morte de nossos amados irmãos e irmãs. São, portanto, momentos únicos que nos ajudam a preparar-nos ainda melhor o futuro na certeza de que é urgente dar testemunho de Cristo vivo à humanidade, porque quando tiramos Deus do coração é isto que acontece: crueldade, maldade, mentira, morte, violência e guerra... Chega de guerra!
Você teve dois encontros com jovens ucranianos. O que ficou desses encontros?
Antes de tudo a doçura de Deus nestes encontros que acontecem no coração da Mãe. Como nos disse o Papa Francisco em Fátima: nós temos uma mãe, e encontrar estes jovens, estes meninos na casa da mãe, tem um sabor doce, muito especial. Depois a alegria de encontrá-los, para que assim se sintem amados e cuidados. E como sempre diz o Papa, queremos ouvi-los, queremos que sonhem, que sejam poetas e, mesmo neste contexto de guerra em que é muito mais difícil sonhar, devem lutar pelos seus sonhos. Destes jovens recebi a coragem e a alegria de ver Cristo vivo nos seus olhos e no seu coração, de ver a sua disponibilidade para serem protagonistas da própria vida e da paz que tanto desejamos para a Ucrânia.
Haverá um momento especial durante a JMJ de Lisboa dedicado aos jovens ucranianos?
Há algum tempo estamos trabalhando com os sacerdotes que organizam a participação dos ucranianos na JMJ e estamos tentando entender o que pode feri-los e o que pode ser um curativo, um paliativo nestes meses de guerra que estamos vivendo. Por isso não queremos acrescentar nenhuma dor, nenhum incômodo ao sofrimento desses jovens: seus corações estão feridos e precisamos de um tempo que é precioso em muitos momentos de nossas vidas. O tempo e a oração podem fazer o que é necessário: dar o dom da paz. Com certeza queremos pedir ao Pai Celestial esse dom da paz, porque a paz é um dom de Deus, e isso será uma certeza. Teremos presentes nessas ocasiões quer os jovens da Ucrânia como os jovens de muitos outros países do mundo que infelizmente hoje vivem a guerra ou já a vivem há algum tempo. E este será um dos momentos centrais da Jornada Mundial da Juventude.
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