40 anos do CTV: a serviço do Papa, com um olhar para o futuro
Paolo Ondarza - Vatican News
"Responder às muitas perguntas sobre uma ação mais eficaz da Igreja em relação às comunicações sociais, especialmente aquelas audiovisuais, e para oferecer novos instrumentos com os quais realizar a missão universal da Igreja no mundo". Com esses objetivos, um Rescrito ratificado em 22 de novembro de 1983 por São João Paulo II instituía o Centro Televisivo Vaticano, o serviço oficial de rádio e televisão da Santa Sé.
Em quarenta anos, o CTV - que desde 2017, com a reforma da mídia do Vaticano, assumiu o nome de Vatican Media - registrou em vídeo a cobertura ao vivo de todas as atividades do Papa, incluindo visitas pastorais, na Itália e no exterior, e, de modo mais geral, os eventos e manifestações que ocorrem no Vaticano.
A atenção à mídia
"A visão de longo alcance e a grande atenção à mídia" são as duas características de São João Paulo II destacadas pelo atual diretor do CTV - Vatican Media, Stefano D'Agostini: "Por meio do rescrito pontifício assinado por ele e do subsequente Estatuto de Fundação, no qual a natureza dos objetivos e das tarefas é melhor especificada, se dá início à atividade televisiva da Santa Sé". "Outros marcos importantes", lembra D'Agostini, "são o segundo rescrito pontifício de 25 de novembro de 1996, no qual João Paulo II reconhece o CTV como uma das instituições totalmente ligadas à Santa Sé, o que levA o Centro de uma fase experimental para uma fase de desenvolvimento mais concreta, e o dia 1º de junho de 1998, quando entrou em vigor o novo estatuto, no qual as tarefas foram mais bem especificadas, identificando as ações e a organização para fazer parte de um contexto de mídia global".
Um ponto de referência
"O falecido Emilio Rossi, ex-presidente do conselho de administração do CTV, em uma audiência concedida por João Paulo II", enfatiza o diretor do CTV - Vatican Media, "apresentou o Centro como uma criança caminhando para a adolescência e posterior maturidade. Uma comparação muito realista, uma vez que nos anos seguintes, especialmente durante o grande Jubileu de 2000, o desenvolvimento do CTV na esfera internacional e do ponto de vista da produção sofreu uma aceleração em direção ao pleno reconhecimento como o órgão de referência para a produção televisiva da Santa Sé e das atividades do Papa".
Stefano D'Agostini deseja expressar um agradecimento especial a "todas as pessoas que, acreditando firmemente na importância de uma instituição de produção da Santa Sé, conduziram a afirmação e o desenvolvimento do CTV ao longo do tempo: o cardeal John Patrick Foley, Fiorenzo Tagliabue, Sandro Baldoni, Emilio Rossi, Padre Antonio Stefanizzi, Ugo Moretto, Padre Federico Lombardi e Monsenhor Dario Edoardo Viganò, que dirigiram o Centro ao completar 30 anos de atividade, em direção a metas de vanguarda tecnológica (produções em 3D e 4K) e produções televisivas e cinematográficas de alto nível, basta pensar no filme "Um homem de palavra", dirigido por Wim Wenders.
Rumo ao Jubileu de 2025
"O espírito de desenvolvimento dos primeiros anos", conclui D'Agostini, "nunca diminuiu, mesmo hoje, dentro do Dicastério para a Comunicação, após a reforma desejada pelo Papa Francisco, com todas as vantagens de uma direção comum dos meios de comunicação do Vaticano e as sinergias resultantes, o CTV - Vatican Media continua a crescer e a pesquisar, inclusive por meio de novas linguagens televisivas, para realizar sua missão universal de difundir as imagens do Papa e de seu magistério em todos os meios audiovisuais e para garantir uma fonte de arquivo única e indispensável para os futuros historiadores. A próxima etapa será o Jubileu de 2025, à luz das novas tecnologias de produção e das novas plataformas de divulgação".
Viganò: o poder evocativo das imagens
Também de acordo com Monsenhor Dario Edoardo Viganò, hoje presidente da Fondazione Memorie Audiovisive del Cattolicesimo e vice-reitor da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, na base do nascimento do CTV, há 40 anos, deve ser reconhecida a "visão extraordinariamente contemporânea de João Paulo II, que havia compreendido como as narrativas também precisavam de imagens. Em outras palavras, ele havia percebido a mudança nas estratégias de comunicação, suas dinâmicas, linguagens e formatos. O CTV não apenas conta o Papa, mas, ao longo dos anos, tornou-se uma estrutura que possibilitou a criação de importantes fontes audiovisuais para a história".
Mons. Viganò traz um exemplo do poder evocativo das imagens: "se falarmos sobre o Papa e a Covid", ele aponta, "imediatamente vem em mente o Papa sozinho enquanto reza na Praça de São Pedro na Statio Orbis, a oração pela pandemia na noite de 27 de março de 2020".
Lombardi: contando a doença de João Paulo II
Diretor do Centro Televisivo Vaticano de 2001 a 2013, o Pe. Federico Lombardi, presidente da Fundação Ratzinger, recorda como, antes da intuição de São João Paulo II no Vaticano, era preciso recorrer à RAI para todos os grandes eventos e sua cobertura televisiva: "com o CTV, o Vaticano tornou-se gradualmente mais capaz e mais autônomo na cobertura de imagens ao vivo e gravadas".
Na época da nomeação, o Padre Lombardi já era diretor da Rádio Vaticano. "Esse novo cargo", lembra ele, "me permitiu ter uma visão mais completa e dar uma contribuição mais ampla à comunicação da Santa Sé, não só do ponto de vista do conteúdo informativo e do áudio, mas também do ponto de vista das imagens, que é absolutamente fundamental".
A lembrança mais forte, continua ele, "foi acompanhar com o Centro Televisivo Vaticano toda a última fase da doença de João Paulo II, depois sua morte, o conclave e o início do pontificado de Bento. O CTV foi reconhecido como um serviço de televisão capaz de cumprir sua tarefa no novo panorama da televisão mundial". Acompanhar João Paulo II, a quem o mundo inteiro tanto amava, com os sinais óbvios de sua doença crescente, foi muito exigente. Isso foi vivido intensamente por toda a equipe do Centro de Televisão, que sentiu a grande responsabilidade de comunicar ao mundo uma pessoa que todos amavam em sua fragilidade física, com verdade e respeito, porque ele queria continuar a ser o Papa e participar ativamente da vida da Igreja. Filmá-lo e transmiti-lo com imagens foi responder à sua vontade e à sua maneira de guiar e servir a Igreja e a humanidade naqueles anos, mesmo com sua doença".
"Fazer isso bem", acrescenta o Pe. Lombardi, "respeitando sua intenção e, ao mesmo tempo, respeitando a dignidade de uma pessoa visivelmente doente, foi algo muito exigente. Naqueles anos, eu tinha grande estima pelos operadores e por todos os técnicos do CTV pela maneira como realizavam essa tarefa. E também tenho grande gratidão dom Stanislaw Dziwisz, que nos ajudou muito com conselhos, nos acompanhando e entendendo muito bem o compromisso do nosso trabalho".
As gravações históricas
Para o Padre Lombardi, a gravação mais importante sob sua direção do CTV é a da "participação do Papa sofredor na última Via Sacra no Coliseu". Ele a recorda "junto com a outra grande gravação histórica do CTV de Bento XVI deixando o pontificado em 2013 com o voo de helicóptero do Vaticano para Castelgandolfo". O desejo do Padre Lombardi para o aniversário de 40 anos do CTV - Vatican Media é que ele "continue a desempenhar seu papel como tem feito ao longo de todos esses anos, crescendo gradualmente e sempre provando estar à altura de seu serviço".
A riqueza do arquivo
Digno de nota e particularmente valioso hoje é o arquivo de gravações audiovisuais em posse do CTV: ele contém tudo o que foi produzido de 1984 até hoje em ambientes de atmosfera controlada e catalogado com sistemas de computador de última geração.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui