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O Cardeal Parolin concluiu a conferência de estudo "A terceira questão, a Igreja, os católicos e a Itália" em Camaldoli. À esquerda, o Prior Geral dos Camaldolenses, Alessandro Barban, à direita o editor da revista Il Regno, Gianfranco Brunelli. O Cardeal Parolin concluiu a conferência de estudo "A terceira questão, a Igreja, os católicos e a Itália" em Camaldoli. À esquerda, o Prior Geral dos Camaldolenses, Alessandro Barban, à direita o editor da revista Il Regno, Gianfranco Brunelli. 

Parolin: o que está acontecendo no Oriente Médio é inimaginável

O secretário de Estado do Vaticano, durante uma conferência para a comunidade monástica italiana, expressou sua consternação com a escalada da violência em Israel. "Nossos pensamentos neste momento se voltam para o que está acontecendo no Oriente Médio, em Israel, na Palestina e na Faixa de Gaza. Estes conflitos devem ser resolvidos com métodos bem diferentes", afirmou Parolin.

Antonella Palermo - Cidade do Vaticano

No último domingo (08 de outurbo), no início de seu discurso para a comunidade monástica em Camaldoli, o Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin fez uma introdução improvisada sobre a escalada da violência em Israel. "Nossos pensamentos neste momento se voltam para o que está acontecendo no Oriente Médio, em Israel, na Palestina e na Faixa de Gaza", disse ele, lembrando que o apelo à paz feito pelo Papa no Angelus "foi repetido por quase todos os governos do mundo para acabar com a violência. Esses eventos", enfatizou o cardeal, "estão colocando ainda mais em perigo as frágeis esperanças de paz que pareciam estar no horizonte, mesmo com o acordo com a Arábia Saudita"

O mundo parece ter enlouquecido, o que está acontecendo está além do imaginável

Parolin acrescentou: "além dos esforços diplomáticos que não parecem ter grandes resultados - e digo isso também em referência à guerra na Ucrânia - todos nós devemos nos unir em uma oração uníssona pela paz". Durante a entrevista realizada para a revista Il Regno, o cardeal expressou sua maior preocupação: "não sabemos como isso vai evoluir e como vai terminar. O que está acontecendo está além do imaginável". Consternado, Parolin afirma que "o mundo parece ter enlouquecido, parece que contamos apenas com a força, com a violência, com o conflito, para resolver problemas que estão aí, reais, e que devem ser resolvidos com métodos bem diferentes".

Não vejo um papel claro para a paz que a Europa deva desempenhar

"Além da destruição de vidas humanas, que testemunhamos de maneira horrível", continua o cardeal, "as frágeis esperanças de paz que pareciam estar surgindo um pouco no horizonte estão virando fumaça. Portanto, isso exigirá um esforço muito maior para retomar o fio da meada e tentar chegar a uma solução pacífica, que é a única solução justa e a única solução eficaz que evitará a recorrência dessas situações". Parolin faz um apelo à Europa e ao seu papel: "a Europa foi constituída precisamente como uma experiência fundamental de paz após as grandes tragédias do século XX e não apenas internamente, mas externamente. No entanto", lamenta, "acredito que os problemas existentes na União Europeia e a dificuldade de se relacionar de maneira correta com outras realidades dificultam esse papel de paz que a Europa deveria desempenhar no mundo. Esperamos, que ela recupere esse papel e essa dimensão, mas não vejo isso tão claro, não vejo isso tão nítido", concluiu o cardeal.

Condenando o nacionalismo e a sacralização da ideia de nação

Foi precisamente "A Europa como um horizonte de paz" o título de sua contribuição em Camaldoli. "A invasão da Ucrânia, a guerra e a devastação de seu território implicam também a destruição das regras e dos direitos internacionais sobre os quais se baseia a possibilidade de uma coexistência pacífica, até a ameaça do recurso extremo ao uso de armas nucleares. A Europa", enfatizou Parolin, "não pode aceitar o retorno a um sistema que redesenha as fronteiras pela força".

O cardeal chamou a atenção para o que ele chamou de "guerras neoimperialistas" e visões que lembram um passado que "se acreditava estar ultrapassado". Ele disse que "é urgente reiterar a condenação dos nacionalismos, particularmente os de origem étnica. É uma mancha na história europeia e um prenúncio de novas tragédias. O fundamentalismo e o nacionalismo de vários tipos não podem ser legitimados, nem qualquer forma de sacralização e mitologização da ideia de nação. Um é uma forma de negação da verdadeira inspiração religiosa, o outro é uma forma de neopaganismo. Essas são formas que não têm nada a ver com o aprimoramento legítimo da comunidade nacional e com uma busca genuína pelo bem comum. Além disso, embora devam ser tomadas medidas para restabelecer a necessidade absoluta de uma ordem internacional baseada na solidariedade e na paz, não podemos deixar de reconhecer o valor total das ordens institucionais baseadas na participação democrática dos cidadãos, que são indispensáveis para banir o espectro da guerra", ressaltou Parolin.

Que o Sínodo ajude a dar mais credibilidade à unidade e à paz

O Secretário de Estado do Vaticano denunciou o grau de fragmentação da sociedade contemporânea "cheia de interrogações e aporias": à luz dessa constatação, fez um convite a levar novamente a mensagem do Evangelho à Europa e aos europeus: é a Palavra que salva, uma proclamação alegre, uma cultura de diálogo, respeito, responsabilidade, autoconsciência". Sua oração também diz respeito ao trabalho sinodal em andamento: "que o atual caminho sinodal", concluiu, "nos ajude a redescobrir a comunhão como caminho de evangelização, a fim de sermos testemunhas mais consistentes e confiáveis da unidade e da paz hoje, para o continente europeu".

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09 outubro 2023, 10:45