Comastri: 8 de dezembro é um dia extraordinário, Nossa Senhora é modelo de fé

Eugenio Bonanata – Cidade do Vaticano

É uma perspectiva original que o cardeal Angelo Comastri oferece no seu último livro sobre Nossa Senhora publicado por Edizioni San Paolo. Fala da beleza física da Virgem, como o próprio título sugere: Maria, a mulher mais bela do mundo.

“Este título permite esclarecer o que é a beleza”, afirma o cardeal à Telepace, abordando uma questão significativa para a nossa contemporaneidade à luz das muitas dinâmicas que giram em torno do corpo das mulheres. “A beleza de Maria começa pela alma, parte do coração e reverbera no rosto”, explica.

Marylin Monroe e Madre Teresa

Para argumentar melhor, o arcipreste emérito da Basílica de São Pedro recorda dois exemplos de mulheres: Marilyn Monroe e Madre Teresa de Calcutá. A primeira é provavelmente considerada por todos uma mulher muito bonita. “Todavia – diz Comastri – ela morreu aos 36 anos por uso excessivo de barbitúricos e usou a beleza para seduzir e abandonar, portanto por dentro ela não era bela: era uma máscara, o que não é beleza”.

Os olhos de Madre Teresa, pelo contrário, refletiam a beleza da alma. “Havia caridade vivida que transparecia no seu rosto”, observa o purpurado, relatando a resposta da religiosa a um fotógrafo que, por ocasião de uma celebração, perguntou qual era o segredo da beleza e da felicidade dos seus olhos. “Meus olhos, se você quiser, são belos e felizes porque minhas mãos enxugam tantas lágrimas”, afirmou Madre Teresa.

Devoção mariana

Até Pasolini ficou fascinado pela beleza de Madre Teresa, acrescenta o cardeal, voltando ao tema central do livro. “Pode-se dizer que a teologia tenha tido um certo pudor ao abordar o tema da beleza de Maria, mas artistas e poetas falam sobre isso”.

De Botticelli a Petrarca, o livro analisa diversos casos que levam à reflexão sobre a devoção mariana. “Muitos – explica – disseram que a devoção a Nossa Senhora é tardia e que nasceu depois do Concílio de Éfeso. Mas não é verdade". Para Comastri, o primeiro devoto foi o Arcanjo Gabriel quando anunciou a Maria que ela seria a mãe do filho de Deus.

Um caminho que começa de longe

Portanto, o caminho devocional vem de longe: passa das palavras de Jesus ao apóstolo João sob a cruz junto com Nossa Senhora para chegar até os nossos dias. São tantas as pessoas que continuam a recorrer à Virgem, especialmente nos momentos de dificuldade e incerteza.

“É natural que uma criança confie na sua mãe e lhe peça ajuda quando está em apuros”, diz Comastri, que partilha os seus pedidos pessoais. “Eu sempre digo a ela: 'Madonnina, tu que és modelo de fé, deixe-me ter pelo menos uma migalha de fé. Porque se a fé está viva, tudo fica mais vivo, tudo se ilumina”.

Dogma confirmado pelo céu

Refletindo sobre a Solenidade da Imaculada Conceição, o cardeal não hesita em afirmar: “8 de dezembro é um dia extraordinário: nunca havia acontecido que um dogma tenha sido confirmado pelo céu”.

A referência é à aparição em Lourdes em 25 de março de 1858, quando Nossa Senhora revelou a Bernadete que era a Imaculada Conceição, confirmando o dogma proclamado pelo Papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854.