Onaiyekan: parar a violência para evitar perigosas degenerações
por Giada Aquilino
O Papa Francisco sempre levantou "sua voz por nós, pela Nigéria", mesmo quando reiterou que "a guerra é uma derrota". O cardeal John Olorunfemi Onaiyekan, arcebispo metropolitano emérito de Abuja, foi recebido pelo pontífice na segunda-feira, 29 de janeiro, em seu 80º aniversário. Em uma conversa com a mídia do Vaticano, ele confidenciou sua alegria por poder celebrar esse marco com uma audiência no Vaticano e agradeceu ao Papa por suas constantes orações pela Nigéria.
No país africano de 218 milhões de habitantes, grandes extensões de território continuam a ser palco de vários ataques armados, de tribos que lutam pelo controle de terras agrícolas a gangues criminosas e movimentos jihadistas com várias ramificações internas.
Nas últimas horas, nove pessoas foram presas relacionadas a ataques recentes no Estado de Plateau, particularmente na área de Mangu, onde pelo menos 50 pessoas foram mortas como consequência da violência intercomunitária que se intensificou no último mês. A área é assolada por tensões entre tribos itinerantes de pastores Fulani, predominantemente muçulmanos, e tribos estabelecidas de fazendeiros, predominantemente cristãos-animistas. Devido à escassez de recursos naturais disponíveis e, principalmente, por causa de disputas sobre o uso da terra, os confrontos são frequentes no Plateau. No período do Natal, cerca de 200 pessoas morreram.
O problema, observa o cardeal, é que "a segurança das pessoas não é garantida: então os criminosos assumem o controle, conseguindo fazer o que querem sem que ninguém os impeça". "No entanto", ele ressalta, "na Nigéria nem sempre vivemos nessa situação: havia paz no país. Então, de repente, homens que chamamos de 'terroristas' assumiram o controle, às vezes até de todas as terras em algumas áreas, forçando as pessoas a fugir".
Os riscos de degeneração são altos, acrescenta o cardeal Onaiyekan. "Temos notícias de que no Plateau muitos jovens estão prontos para se defender e defender seus vilarejos com o que têm. Porque quando as pessoas de um vilarejo ouvem que esses grupos armados estão se aproximando e enviam uma mensagem para a polícia ou para o posto do exército e ninguém aparece, os bandidos chegam e matam. Depois de uma hora, o exército chega, no entanto, é tarde demais para ir atrás dos causadores da violência e eles começam a recolher das pessoas o que elas tinham para se defender.
Por outro lado, no nordeste do país, lembra o cardeal, os extremistas islâmicos do Boko Haram e seu desdobramento na província do autodenominado Estado Islâmico na África Ocidental (Iswap) vêm realizando ataques contra civis e militares há mais de uma década, tanto que o presidente Bola Ahmed Tinubu, quando chegou ao poder em maio de 2023, prometeu "não perder a batalha contra a insegurança", como seu antecessor, Muhammadu Buhari, havia prometido. "Deve haver uma maneira de dizer não à violência e garantir que ninguém se esconda atrás da religião para cometer esses crimes", observou o cardeal.
Onaiyekan também não se esquece dos sequestros, que muitas vezes têm como alvo civis e pessoas religiosas. Gangues criminosas, como "também terroristas", estão se alastrando pelas ruas, atacando apartamentos, escolas, igrejas, "exigindo resgates para comprar armas e drogas". "A situação atual não é sustentável, há o risco que vire uma guerra, a menos que algo seja feito seriamente para mudar o rumo. Mas", garante ele, "continuo extremamente otimista, porque esta não é a Nigéria que conheci: a paz não pode ser negligenciada, há sempre um terreno comum" no qual se pode trabalhar, para que sejamos "irmãos e irmãs como o Senhor deseja".
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