Panamá, encontrado o cardeal Lacunza: havia desaparecido em 30 de janeiro

Salvatore Cernuzio – Vatican News

O cardeal José Luis Lacunza Maestrojuán, bispo de David (Panamá), de 79 anos, foi encontrado "são e salvo" na tarde desta quinta-feira, 1º de fevereiro, depois de estar desaparecido desde as 14h de terça-feira, 30 de janeiro, e não ter sido mais visto desde então. A notícia foi confirmada por uma breve nota da Conferência Episcopal Panamenha (CEP) publicada por volta das 18h30 (horário de Brasília), que relata as informações das autoridades e expressa gratidão "pelas orações e expressões de solidariedade".

Em um post no X, a polícia panamenha informou que o purpurado - que completará 80 anos no próximo dia 24 de fevereiro - reapareceu no distrito de Boquete, uma área a cerca de 40 quilômetros de sua diocese e a 480 km da Cidade do Panamá. Um vídeo compartilhado na plataforma social mostra um policial conversando pela janela de um carro com Lacunza, a quem ele oferece água. O cardeal parecia "desorientado", como disse o arcebispo metropolitano do Panamá, dom José Domingo Ulloa Mendieta, aos repórteres, informando que Lacunza havia sido transferido para receber tratamento médico em um hospital em David.

O cardeal Lacunza no momento em que foi encontrado

Sem notícias por dois dias

A notícia do desaparecimento de Lacunza, que havia saído de sua casa no início da tarde sem seu telefone celular, carteira ou mala, foi divulgada por um comunicado oficial da Diocese de David, no qual, sem formular ou sugerir qualquer hipótese sobre o desaparecimento, informava ao "povo de Deus" que o purpurado estava "oficialmente desaparecido desde terça-feira, 30 de janeiro do corrente ano". Pedindo orações dos fiéis para que "possamos encontrar logo nosso Pastor diocesano", a Diocese também informava que havia "apresentado a denúncia às autoridades do Ministério Público, que imediatamente começaram a investigar o caso". O promotor Javier Caraballo de fato confirmou aos jornalistas que os investigadores foram enviados à província de Chiriquí, na fronteira oeste do país centro-americano, onde a diocese de David está sediada. Caraballo também acrescentava que se tratava de "um caso delicado". O Ministério do Interior também esteve envolvido na investigação, trabalhando junto com a polícia nacional e local.

A oração dos bispos e da Igreja panamenha

Os bispos da Conferência Episcopal Panamenha (CEP), da qual Lacunza foi presidente por dois mandatos, tendo tomado conhecimento "oficialmente" do desaparecimento de seu coirmão, exortaram "todo o povo de Deus a se unir em oração permanente, pedindo que seu paradeiro fosse conhecido o quanto antes". As orações também foram compartilhadas pela Arquidiocese do Panamá (da qual David é sufragânea), que em uma postagem em sua conta oficial no X pediu o "pronto aparecimento" do cardeal.

O cardeal José Luis Lacunza Maestrojuán, bispo de David, no Panamá (Vatican Media)

Arcebispo Ulloa: colaboração entre Igreja e autoridades

Também falando aos jornalistas pela manhã, o arcebispo Ulloa explicou que as autoridades da Igreja estavam investigando junto com as autoridades civis de David: "Seremos o mais transparentes possível para que possamos ter informações em primeira mão sobre o que está acontecendo. Até então, não havia informações detalhadas sobre o cardeal: "Ele saiu para fazer coisas normais, alguns afazeres, e depois disso não se soube mais nada até o dia seguinte, quando a ausência foi percebida. Ele normalmente celebra a Eucaristia", explicou Ulloa, informando também que uma busca foi iniciada imediatamente por colaboradores que alertaram os padres de David.

Primeiro cardeal do Panamá

Nascido em Pamplona, na Espanha, religioso da ordem agostiniana, 79 anos, José Luis Lacunza Maestrojuán é pastor de David, capital da província de Chiriquí, a terceira maior área urbana do país, com quase meio milhão de habitantes, incluindo cerca de 70 mil indígenas, aos quais sempre demonstrou apoio, defesa e proximidade. De 2000 a 2004 e depois de 2007 a 2013, ele foi presidente da Conferência episcopal local. Ele também ocupou o cargo de secretário-geral da Secretaria Episcopal da América Central (Sedac) e chefe da seção pastoral para a cultura do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), do qual também é presidente do Comitê Econômico desde 2015.

Em 2015, o Papa Francisco o criou cardeal, o primeiro purpurado do Panamá e também o primeiro na história plurissecular da Ordem religiosa dos Agostinianos Recoletos. Em 2019, Lacunza recebeu o Papa no país para a Jornada Mundial da Juventude.