Reflexão sobre comunhão fraterna encerra mais um ciclo sobre o Apóstolo Pedro
Marina Tomarro - Vatican News
"As leituras foram uma oportunidade de entrelaçar o sagrado e o profano, como muitas vezes acontece, e de fazê-lo na Basílica de São Pedro, ao ler textos sagrados diante de um público heterogêneo, onde muitos são não-crentes, precisamente para iniciar um diálogo que é a base do nosso compromisso também como Pátio dos Gentios e como o Papa Francisco nos pede para fazer". Assim o cardeal Gianfranco Ravasi fez um balanço desta segunda edição da Lectio Petri promovida pelo Pátio dos Gentios e pela Fundação Fratelli tutti, que terminou na noite de terça-feira (27), na Basílica de São Pedro. O tema do encontro: "Eram um só coração e uma só alma e todas as coisas eram comuns entre eles".
A noite foi aberta com a saudação do cardeal Mauro Gambetti, arcipreste da Basílica do Vaticano. "São Pedro", disse ele, "deu testemunho ao entregar sua própria fraqueza e fracasso a um amor maior. Ele e os outros apóstolos nos convidam a viver na mesma unidade em que viveram com Jesus, para experimentar a mesma alegria. Cada um de nós pode aspirar a isso. Desejo que vocês façam a mesma escolha", enfatizou o cardeal.
Um caminho de leituras para reflexão
Quem deu voz a algumas páginas dos Atos dos Apóstolos nesses encontros foi a atriz e apresentadora Beatrice Fazi. "As leituras que me pediram para ler foram todas muito significativas", enfatizou ela, "e todas, de alguma forma, traçaram um caminho que se completa com este evento final. Acima de tudo, essa última é realmente apropriada para o tempo da Quaresma que estamos vivendo, porque os dois protagonistas Ananias e Safira, um casal, são muito atuais, porque não confiam suficientemente em Deus, não dão tudo, mas guardam algum dinheiro para si mesmos, talvez temendo pelo futuro. E isso, no final das contas, é uma luta em que todos nós estamos envolvidos: compartilhar tudo às vezes nos custa, mas é sempre o medo que deve ser derrotado, e por isso essas leituras são um bom aviso para todos!".
Na última noite desta edição, excepcionalmente, os interlúdios musicais foram confiados ao maestro Uto Ughi, um violinista de renome internacional. "Arte é espiritualidade", disse ele, "e nós, nesta basílica, estamos no coração mundial da espiritualidade. É uma combinação única".
Ter os olhos fechados diante do Paraíso
O tema da noite foi em torno de uma palavra de origem grega koinonìa, ou seja, comunhão fraterna, e as considerações conclusivas foram confiadas à diretora e roteirista Alice Rohrwacher. "Minhas reflexões partem de uma pintura A expulsão do paraíso, de Masaccio, que está na Capela Brancacci, em Florença, onde o artista retrata Adão e Eva saindo do paraíso terrestre com os olhos fechados. Portanto, começo com esse mesmo paraíso que não podemos mais ver. De fato, se tivermos que desenhá-lo, o faremos a partir de nossa natureza terrena, não podemos imaginar além dela. E isso me fez pensar que talvez esta terra seja o paraíso, que nós, no entanto, com os olhos fechados, como na pintura de Masaccio, não olhamos com atenção".
Um tema intimamente ligado à noite em que o fio vermelho é representado justamente pela comunhão de uma comunidade que se rompe por causa do individualismo. "A minha profissão é leiga", continuou a diretora, "mas essa reflexão tem me guiado desde o meu primeiro filme 'Corpo celeste', baseado em uma reflexão da escritora Anna Maria Ortese, sobre o momento em que ela, quando criança, percebe que a Terra é um corpo celeste e que, portanto, não é necessário procurá-la no espaço, porque ela está aqui e nós fazemos parte dela".
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