Busca

Cardeal Parolin rodeado por representantes de líderes religiosos sunitas, xiitas e drusos ao lado do presidente da Associação Libanesa e do embaixador da Ordem de Malta no Líbano Cardeal Parolin rodeado por representantes de líderes religiosos sunitas, xiitas e drusos ao lado do presidente da Associação Libanesa e do embaixador da Ordem de Malta no Líbano 

No Líbano, os esforços da Ordem de Malta para compensar as deficiências do Estado

Líbano, país-mensagem, Terra Santa querida à Igreja universal e ao magistério dos Papas. Desde 2013, Francisco tem aumentado a sua atenção ao povo “desta terra de cedro que resiste à tempestade”; desde a sua Carta de esperança ao povo libanês para o Natal de 2020, até aos diferentes dias de jejum e oração convocados pelo Líbano. A convite da Ordem de Malta local, o cardeal Pietro Parolin realiza uma visita pastoral de 23 a 27 de junho.

Delphine Allaire - Cidade do Vaticano

Ouça e compartilhe

Neste país mergulhado em uma crise multidimensional, atividades de caridade como as da Ordem Soberana de Malta são essenciais para a sobrevivência da população. O sofrimento do Líbano não pode, de fato, deixar-nos indiferentes: 80% de pobres, 30% de desemprego, preços multiplicados por 15 nos últimos dez anos, um quarto da população total constituída por refugiados sírios, a maior proporção por habitante no mundo, ou mesmo uma escalada acentuada das tensões com Israel na fronteira sul. Devido a esse somatório de fatores, um relatório do Banco Mundial, publicado há um mês, confirma que o país está passando, desde 2019, por uma das piores crises mundiais desde meados do século XIX.

Um canto de sofrimento à espera de esperança

Um perigo que a Santa Sé, atenta a esta terra histórica de paz e de pluralismo, leva em consideração com seriedade. Marwan Sehnaoui, presidente da Associação libanesa dos Cavaleiros de Malta, saúda este regresso pastoral do secretário de Estado, após uma última visita relâmpago em 4 de setembro de 2020, um dia após a trágica explosão no porto de Beirute: “O nosso país está perdendo a sua identidade e já perdeu a maior parte da sua soberania. É importante que a Santa Sé possa testemunhar a ação da Ordem de Malta no Líbano, para que possa tocar em primeira mão o que vamos falar quando tivermos a oportunidade de o encontrar. Sua vinda a esta Terra Santa, onde o sofrimento é onipresente, é muito comovente”.

Segurança alimentar, uma prioridade para a Ordem

Restaurar a dignidade violada de muitos libaneses é a missão com a qual a Ordem Soberana de Malta no Líbano está comprometida a nível social, sanitário e alimentar. Neste empobrecimento generalizado com uma desvalorização galopante da moeda, a Ordem de Malta deu prioridade à questão agroalimentar. A Ordem Soberana lançou seis centros agro humanitários no final de 2020. “O Líbano depois da guerra favoreceu as importações em vez de investir na reestruturação do setor agrícola. Isto significa que muitas famílias de agricultores abandonaram a agricultura, embora o Líbano seja basicamente um país agrícola”, explica Oumayma Farah, delegada de desenvolvimento da Ordem de Malta local. A organização católica iniciou o seu projeto com 350 pequenos agricultores. Hoje, estes centros doados pelas congregações religiosas por um período de 20 anos estão presentes em todo o território. “Por meio de nossos serviços, cobrimos aproximadamente 70% das terras agrícolas do Líbano”, acrescenta ela.

A sobrevivência graças a doações e apoio internacional

Esta atenção dada às questões agroalimentares e sanitárias com a visita do cardeal Parolin esta quarta-feira, 26, aos centros médico-sociais geridos pela Ordem de Malta insere-se na perspectiva de desenvolvimento humano integral essencial a uma reabilitação econômica progressiva que o Estado não consegue fornecer. Para Omayma Farah, trata-se de suprir as suas deficiências, sem substituí-las.

“Não procuramos desempenhar o papel do Estado, mas sim conseguir manter a população, majoritariamente oriunda da classe média. Hoje, a classe média já não existe no Líbano, o Estado faliu e ainda está em estado de falência. Graças às ONGs e à comunidade internacional, tivemos o apoio dos governos alemão, francês, monegasco e húngaro. Vivemos apenas de doações”, lembra ela.

Encontrar uma solução institucional

Esta obra de caridade da Ordem nascida do grupo de Hospitalários do Hospital de São João de Jerusalém, que antigamente levava ajuda aos peregrinos na Terra Santa, não é apenas humanitária, mas religiosa, dando glória a Deus por meio deste serviço aos mais fracos, recordou o cardeal Parolin na segunda-feira, durante uma Missa  celebrada em homenagem a São João Batista na Igreja de São José em Beirute.

O secretário de Estado da Santa Sé, que se encontra nesta quarta-feira, 26 de junho, com o primeiro ministro cessante do Líbano, Najib Mikati, bem como com o presidente do Parlamento, Nabih Berri, observou na homilia na Missa de segunda-feira a ausência de uma voz cristã importante para o país: muito simplesmente a de presidente, função tradicionalmente ocupada por um maronita, segundo a partilha confessional do poder no País dos Cedros. “Esta ausência pesa muito, neste grave momento para o Médio Oriente", lamentou o cardeal Parolin.

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

26 junho 2024, 13:30