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Diante da Porta Santa da Basílica de São Pedro, a leitura da síntese da Bula de Proclamação do Jubileu Diante da Porta Santa da Basílica de São Pedro, a leitura da síntese da Bula de Proclamação do Jubileu  (ANSA)

A riqueza dos Cadernos do Concílio em preparação ao Jubileu

"A renovação das comunidades e o empenho de conversão pastoral passa necessariamente por tornar próprios os ensinamentos do Vaticano II", escreveu o Papa Francisco na introdução da coletânea "Jubileu 2025 – Cadernos do Concílio", uma iniciativa do Dicastério para a Evangelização em preparação à abertura do Ano Santo: "Bispos, sacerdotes e famílias devem encontrar as formas mais apropriadas para tornar atual o ensinamento dos Padres conciliares".

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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"Spes non confundit", a esperança não decepciona, é o título da Bula de Proclamação do Jubileu Ordinário, entregue na tarde de 9 de maio pelo Papa às Igrejas dos cinco continentes, durante a celebração das primeiras Vésperas da Solenidade da Ascensão.

Antes ainda, em fevereiro de 2023, Francisco havia escrito a introdução da coletânea "Jubileu 2025 – Cadernos do Concílio" (uma iniciativa do Dicastério para a Evangelização em preparação à abertura do Ano Santo), onde pedia aos fiéis para se prepararem para o Jubileu 2025 retomando os textos fundamentais do Concílio Ecumênico Vaticano II, evento que "permitiu que a Igreja rejuvenescesse seu rosto e se apresentasse novamente ao mundo como portadora de uma Mensagem que transcende todas as fronteiras".

No Brasil, a coleção “Peregrinos da Esperança” foi publicada pelas Edições CNBB, como nos conta o Pe. Gerson Schmidt* na sua reflexão "A riqueza dos Cadernos do Concílio em preparação ao Jubileu 2025":

 

"Nosso aprofundamento aqui tem por base, nesse ano, os cadernos do Jubileu 2025. No próximo ano de 2025 a Igreja viverá o grande Jubileu Ordinário e que aproveita para comemorar os sessenta anos do término do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962 – 1965). Em vista da preparação para esse jubileu, o Papa Francisco pediu ao Dicastério para a Evangelização de Roma a elaboração de subsídios ágeis e eficazes que tem como tema “Peregrinos de Esperança”, tratando sobre os documentos principais do Concílio Vaticano II. Esse foi o tema do ano de 2023 em preparação para o jubileu. São ao todo 34 volumes, escritos em 2022, originalmente na língua italiana. Esses subsídios foram produzidos por teólogos, estudiosos da Sagrada Escritura e jornalistas que procuram redescobrir a riqueza das quatro grandes Constituições do Concílio. No Brasil, a coleção “Peregrinos da Esperança” foi publicada pelas Edições CNBB – da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Na publicação dos Cadernos do Concilio do Dicastério para a Evangelização – Seção para as questões Fundamentais da Evangelização no Mundo – o Papa Francisco faz uma introdução geral a esses subsídios ágeis e eficazes, que percorrem os temas fundamentais das quatro constituições conciliares: Lumen Gentium, Sacrosanctum Concilium, Dei Verbum e Gaudium et Spes. São Quatro pilares fundamentais da nossa fé católica e a nossa missão no mundo atual: A Igreja – LG; A liturgia – SC; a Palavra – DV e a Evangelização - GS – A missão da Igreja no mundo atual.

São ao todo 34 cadernos do Concilio à disposição para nossa leitura e aprofundamento. O primeiro caderno é uma introdução geral sobre o Concilio Vaticano II: história e significado para a Igreja. Sobre a Constituição Dogmática Dei Verbum – que fala da Palavra de Deus - são quatro subsídios: a Revelação como Palavra de Deus (2); A Tradição (3); A Inspiração (4) e a Sagrada Escritura na vida da Igreja (5). Para a Sacrosanctum Concilium – que aponta a Sagrada Liturgia – sãs 9 cadernos: A liturgia no Mistério da Igreja (6); A sagrada Escritura na liturgia (7); Viver a liturgia na Paróquia (8); o Mistério Eucarístico (9); A liturgia das Horas (10); os Sacramentos (11); o Domingo (12); os tempos Fortes do Ano Litúrgico (13) e a Música na Liturgia (14). Para a Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja o Dicastério para a Evangelização dedica um aprofundamento de 10 cadernos: o Mistério da Igreja (15); as imagens da Igreja (16); o Povo de Deus (17); A Igreja é para a Evangelização (18); O papa, os bispos, os sacerdotes e diáconos (19); os leigos (20); a vida consagrada (21); A santidade, vocação universal (22); A Igreja peregrina rumo à plenitude (23) e, por fim, Maria a primeira fiel (24). Para a Constituição Pastoral Gaudium et Spes – que aponta a missão da Igreja no mundo – foram publicados 10 subsídios: A Igreja no mundo de hoje (25); o sentido da vida (26); a sociedade humana (27); autonomia e serviço (28); a família (29); a cultura (30); a economia e as finanças (31); a política (32); o diálogo como instrumento (33) e a paz (34).

Na introdução a esses cadernos práticos e acessíveis, de linguagem usual e direta, de fácil compreensão ao povo simples e leigos também engajados, o Papa utiliza um pensamento do Papa Paulo VI na homilia na sétima Sessão Solene do Concilio Vaticano II, por ocasião da promulgação de cinco documentos. São Paulo VI pregava assim em pleno vigor e despontar das conclusões do Concílio, segurando firme a barca de Pedro em pleno mar revolto: “A Igreja vive! A prova está aqui, está aqui o alento, a sua voz, o seu canto. A Igreja vive (...) A Igreja pensa, a Igreja fala, a Igreja cresce, a Igreja continua a edificar-se(...). A Igreja vem de Cristo e vai para Cristo, e estes são os seus passos, isto é, os atos cm que se aperfeiçoa, se confirma, se desenvolve, se renova, se santifica. Todo este esforço perfectivo da Igreja não é outra coisa, se bem se entende, senão uma expressão de amor a Cristo Nosso Senhor”.

O Papa Francisco diz que essas palavras de São Paulo VI nos impelem hoje a considerar a importância do ensinamento conciliar e que retomar esses textos em mãos é sinal da vivacidade e da fecundidade da Igreja. Escreveu assim o Sumo Pontífice na introdução desses cadernos do Concílio: “A renovação das comunidades e o empenho de conversão pastoral passa necessariamente por tornar próprios os ensinamentos do Vaticano II”[1]. O Documento de Aparecida falou da conversão pastoral no número 370, traduzindo-a como uma volta decidida à missão, identidade própria da Igreja: "A CONVERSÃO PASTORAL de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária.  Assim será possível que o único programa do Evangelho continue introduzindo-se na história de cada comunidade eclesial com novo ardor missionário, fazendo com que a Igreja se manifeste como mãe que vai ao encontro, uma casa acolhedora, uma escola permanente de comunhão missionária"[2]. O Papa Francisco entende que a conversão pastoral é a volta ao ensinamento conciliar."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] Cadernos do Concílio, Jubileu 2025, n.1, O Vaticano II, História e Significado para a Igreja, Edições CNBB, p. 7-8.
[2] Texto conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe – Aparecida, 370.

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24 junho 2024, 08:55