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Os efeitos de uma recente inundação na Armênia Os efeitos de uma recente inundação na Armênia

Dom Paglia: uma nova "civilização" da Terra, para o cuidado do planeta e dos povos

A Pontifícia Academia para a Vida promoveu um seminário de estudo sobre o tema "Da Laudato si' a Fratelli tutti: Não há justiça social sem justiça climática" em colaboração com Greenaccord, Greenpeace e Ucsi. O presidente da Pontifícia Academia para a Vida: o Papa em suas encíclicas nos convida a fazer crescer "uma espiritualidade de solidariedade global" e dali "uma globalização do humanismo".

Alessandro Di Bussolo – Vatican News

"Tudo está interligado", vivemos "numa única casa, o planeta, do qual devemos cuidar" e fazemos parte de "uma família, a família dos povos, pela qual devemos ser responsáveis". Essa visão, presente nas duas encíclicas do Papa Francisco, a Laudato sì e a Fratelli tutti, "nos convida a amadurecer uma espiritualidade da solidariedade global" e, portanto, "uma globalização do humanismo", para construir uma "civilização" da Terra que vá além do simples fato da interdependência planetária. Com essas palavras, extraídas e inspiradas pelo Magistério de Francisco, o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, dom Vincenzo Paglia, abriu o seminário de estudo intitulado "Da Laudato si' a Fratelli tutti: Não há justiça social sem justiça climática", realizado na manhã desta terça-feira (25/06), na sala de conferências da sede da Pontifícia Academia para a Vida (Pav) situada no bairro Trastevere, em Roma.

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O panorama das guerras e das mudanças climáticas

Em seu discurso, dom Paglia enfatizou que as duas encíclicas do Papa se inserem num panorama de guerras "na Ucrânia, em Gaza, no Sudão do Sul e outras 56 em andamento, mesmo que ignoradas pela maioria". O futuro é sombrio, comentou o arcebispo. "Estamos sem visões, sem sonhos" e o sonho "que todos nós tivemos em 1989, de um mundo unido e universal', desmoronou miseravelmente". A "mudança de época" da qual fala o Papa Francisco, lembrou o presidente da Pav, "significa que o homem, pela primeira vez na história humana, pode destruir a si mesmo e a criação" com armas nucleares, embora "táticas", e depois com as mudanças climáticas. Além disso, para o arcebispo, há uma terceira fronteira, "a das tecnologias emergentes e convergentes com as quais podemos manipular radicalmente o ser humano (ouvimos falar de trans-humano, pós-humano, humano aumentado)".

Do "Cântico do Irmão Sol", uma nova visão do ser humano

A visão das duas encíclicas, de acordo com dom Paglia, está ligada ao testemunho de São Francisco de Assis, que no verão de 1225, "doente e quase cego, compôs o 'Cântico do Irmão Sol'", chamando "as criaturas e a criação de irmãos e irmãs, chamando também a morte de irmã". É "a visão de uma nova vida para um novo mundo: todos irmãos e irmãs, tanto pessoas quanto criaturas". Para o arcebispo, as duas encíclicas "pedem a superação do velho antropocentrismo e impulsionam uma nova visão do ser humano". Porque se a conquista de um humanismo "que exalta o valor e a dignidade de cada ser humano, seja ele quem for, venha ele de onde vier" é válida, então "deve-se buscar uma globalização desse humanismo: o humanismo dos direitos humanos, dos direitos das mulheres, da liberdade-igualdade-fraternidade, da democracia, da solidariedade global".

Por um novo humanismo planetário

Este é o novo humanismo para o Terceiro Milênio, enfatizou o presidente da Pontifícia Academia para a Vida. Se "o antigo humanismo tinha produzido um universalismo abstrato e ideal, marcado por um etnocentrismo substancial e por um antropocentrismo desviante", o novo humanismo planetário "nasce da consciência de ter que repensar ao mesmo tempo as relações humanas e a relação dos homens com a natureza". É um desafio, concluiu dom Paglia, que, "para ser aceito, requer coragem e força de renovação mental e espiritual, para um novo trabalho de edificação humana e de fraternidade, conscientes de que a humanidade sempre foi exaltada pela esperança da fraternidade".

Todos os discursos do seminário

O seminário, aberto pelo presidente de Greenaccord, Alfonso Cauteruccio, e moderado pelo jornalista Vincenzo Varagona, presidente da Ucsi, continua com uma análise dos aspectos jurídicos, sociais e econômicos da justiça climática, feita por Enrico Giovannini, economista, estatístico e diretor científico da ASviS. Em seguida, os discursos de Louise Fournier, do departamento jurídico de Greenpeace International, e Antonello Pasini, físico climático do CNR, sobre "A crise climática e os eventos extremos: uma questão de equidade". Em seguida, o programa inclui as falas de Paola Michelozzi, epidemiologista ambiental do Departamento de Epidemiologia do Lazio, sobre "Clima, saúde e desigualdades sociais" e uma fala sobre a justiça climática e o impacto na saúde de Rita Erica Fioravanzo, presidente do Instituto Europeu de Psicotraumatologia e Gestão do Estresse. Por fim, o seminário de estudos se encerra com uma mesa redonda sobre o tema "Não há justiça social sem justiça climática", com a participação de Andrea Masullo, diretor científico de Greenaccord, de Simona Abbate, da campanha de Energia e Clima de Greenpeace Itália, de Antonio Tricarico, ativista de finanças públicas e multinacionais do ReCommon, de Domenico Giani, presidente da Misericordie, e do pe. Mattia Ferrari, de Mediterranea.

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25 junho 2024, 12:45