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O cardeal Parolin durante a homilia da missa de despedida da sua mãe O cardeal Parolin durante a homilia da missa de despedida da sua mãe 

Cardeal Parolin: conhecemos o Evangelho no colo da mãe

O secretário de Estado do Vaticano celebrou na manhã desta terça-feira (03/09) em Schiavon, na província italiana de Vicenza, o funeral da sua mãe Ada Miotti Parolin, que faleceu no último sábado (31/08) aos 96 anos de idade. Uma mensagem do Papa Francisco foi lida no início do funeral. Centenas de pessoas participaram da cerimônia.

Alvise Sperandio - Schiavon (Vicenza, Itália)

“Obrigado, mamãe, em seu colo aprendemos a conhecer o Evangelho. Na senhora, hoje, se realiza aquela fé na ressurreição na qual acreditamos”. Com essas palavras, pronunciadas com a voz embargada pela emoção, o cardeal Pietro Parolin celebrou nesta terça-feira, 3 de setembro, o funeral da sua mãe Ada Miotti, que faleceu no último sábado (31/08), aos 96 anos, na Casa Gerosa, em Bassano del Grappa. Toda a cidade de Schiavon, a cidade natal do cardeal na província italiana de Vicenza, quis se reunir em torno do secretário de Estado, dos irmãos Maria Rosa e Giovanni, e de todos os membros da família, no momento da despedida na igreja paroquial: primeiro na noite anterior com a oração do terço, e depois na manhã desta terça (03/09) com o funeral. "Jesus cumpriu o que foi dito e prometido no mistério pascal”, disse o cardeal. "Estamos convencidos de que Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos ressuscitará com Jesus e vai nos querer ao lado dele (...) Essa é a fé que a minha mãe me ensinou e que hoje encontra nela a plena realização e consumação".

A celebração do funeral no norte da Itália
A celebração do funeral no norte da Itália

A homenagem de toda a cidade

A igreja estava lotada para a celebração com centenas de pessoas presentes. Concelebrando no presbitério estavam o cardeal Konrad Krajewski e o bispo de Vicenza, dom Giuliano Brugnotto. O arcebispo Luigi Russo, secretário das Representações Pontifícias e vários bispos da conferência episcopal também estavam presentes: o bispo de Verona, dom Domenico Pompili; o de Pordenone, dom Giuseppe Pellegrini; os eméritos Beniamino Pizziol, Adriano Tessarollo e Egidio Bisol, bem como Flaviano Rami Al Kabalan, procurador dos siro-malabares na Itália. Havia muitos padres, cerca de 50, incluindo o pároco local de Schiavon e Longa, Pe. Luciano Attorni, e várias religiosas. Havia também muitas autoridades civis e militares.

As condolências do Papa Francisco

No início da missa, foi lida uma mensagem de condolências enviada ao cardeal Parolin pelo Papa Francisco, que havia chegado recentemente à Ásia para o início da viagem apostólica. “Informado da morte da querida mãe”, dizia o telegrama, "participo espiritualmente do luto que afetou a sua família, assegurando-lhes minha proximidade neste momento particular de sofrimento humano". Uma mensagem privada do cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana, também foi acrescentada ao telegrama de Francisco, assegurando oração e bênção.

Três figuras fundamentais

Em sua homilia, o cardeal Parolin afirmou que “a mãe adormeceu serenamente no Senhor. Eu a imagino sendo recebida na porta do Paraíso, não apenas pelo Salvador, mas pela Virgem Maria, de quem era muito devota, e por São Pedro, e por outras três pessoas. A primeira é o pai Luigi: ela me confidenciou que havia se apaixonado por ele, impressionada com sua maneira de rezar nesta igreja, algo que não acontece mais hoje em dia. Foi uma linda e infelizmente curta história de amor conjugal. Hoje eles se reencontram 59 anos depois, em um abraço que ninguém jamais conseguirá dissolver e que durará por toda a eternidade”.

O purpurado então lembrou “Pe. Angelo Fornase, pároco de Schiavon de 1961 a 1981, que a acompanhou nos momentos ruins, como a morte do meu pai, e nos bons, como a minha ordenação sacerdotal. E o diretor da escola, Sartor, com quem ela colaborou por muito tempo como professora do ensino fundamental. Menciono essas pessoas para nomear as três esferas, família, igreja e escola, nas quais mamãe se empenhou, dando tudo de si e nos ensinando a dar tudo de si. Ela tinha um amor imenso por nós, filhos, educou-nos e acompanhou-nos com coragem e fortaleza.

O amor pela Igreja

E ela tinha um amor imenso pela Igreja desde a sua juventude, em Villa Raspa, de onde era originária. Certa vez, quando estávamos conversando sobre a crise de fé em nossos tempos, ela disse algo assim: 'Não consigo entender aqueles que abandonam a Igreja, que é nossa mãe. Aprendemos a conhecer o Evangelho no seu colo'”. O cardeal Parolin enfatizou que, seguindo o exemplo da mãe, “é possível seguir Jesus e amar o Evangelho, amar a Deus e ao próximo seguindo os mandamentos. Vivemos em uma época em que as agências educacionais lutam para encontrar colaboração e sinergia. A mãe nos mostrou a unidade da sua pessoa, e nós, os três filhos, somos gratos e agradecidos a ela. Vamos nos esforçar para convergir, para que o futuro dos jovens seja belo e cheio de esperança”.

No final da missa, o secretário de Estado agradeceu a todos por sua proximidade, começando pelo Papa Francisco. Outra mensagem veio do arcebispo Peña Parra, substituto para Assuntos Gerais. O cardeal Parolin dirigiu um pensamento especial às Irmãs de Caridade da Casa Gerosa e a todos aqueles que cuidaram de Ada durante o último ano na instituição. Após a celebração, o caixão foi levado para o cemitério adjacente em Schiavon para ser enterrado na capela da família, logo acima do seu marido Luigi, que morreu em 1965 com apenas 44 anos de idade. Recitando a última oração, o rosto do cardeal Parolin se encheu de lágrimas enquanto os parentes se despediam de Ada, beijando um por um o caixão.

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03 setembro 2024, 12:30