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Irmã Valladares: “está surgindo o carisma do missionário digital na Igreja”

A integrante do Sínodo por nomeação pontifícia compartilha sua experiência de missão nas redes sociais e novas plataformas, comenta as questões relacionadas à evangelização nos “areópagos” do continente virtual que estão sendo analisadas na Assembleia Sinodal e os desafios que a Igreja enfrenta nessa área.

Sebastián Sansón Ferrari – Vatican News

Como ser uma Igreja sinodal em missão? Essa é a pergunta central que anima a reflexão da Irmã Xiskya Valladares, religiosa da Pureza de Maria e representante do Sínodo Digital na XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. À margem da coletiva de sexta-feira, 4 de outubro, na Sala de Imprensa da Santa Sé, em declarações à mídia do Vaticano, a religiosa nicaraguense radicada na Espanha afirmou que o nosso mundo mudou, a missão é diferente e eles estão cientes disso: as igrejas na Europa estão se esvaziando, na Ásia está surgindo uma religiosidade que nem sempre é cristã e “a América Latina está clamando”. A mudança também está ocorrendo em nível tecnológico e a Igreja Católica não pode ficar atrás, de acordo com a consagrada. Irmã Xiskya Valladares assegura que 65% da população mundial vive interconectada e considera que temos que anunciar o Evangelho de Jesus Cristo nos meios digitais: “Ali também podemos encontrar periferias humanas, existenciais e físicas, até mesmo as pessoas mais pobres hoje têm um telefone, uma forma de se conectar à rede; elas acompanham os discursos do Papa Francisco no YouTube. Todos, todos, todos”.

Todos, todos, todos, para combater a polarização

Alguns não entendem o “todos, todos, todos” que o Papa Francisco propõe, afirma a religiosa, “e acreditam que devemos ter um perfil específico, quando catolicidade significa universalidade, um lugar, uma família na qual todos nós nos encaixamos”. Infelizmente, continua a irmã, a polarização chegou até mesmo à Igreja e, nesse sentido, o Santo Padre nos convida a tecer a comunhão, a criar laços de encontro. “Ela só pode ser superada quando descobrimos no outro um rosto humano, não um perfil em uma rede social, mas alguém com quem podemos dialogar, mesmo quando pensamos diferente”. “Se estamos pedindo sinodalidade na Igreja como escuta, participação e comunhão, precisamos vivê-la nas redes sociais, e esse talvez seja o primeiro desafio que a missão digital apresenta neste momento”.

O Sínodo digital: uma semente que está sendo plantada

Irmã Valladares disse ainda que o grupo “A Igreja te escuta”, acompanhado pelo Dicastério para a Comunicação, promoveram encontros com missionários de 67 países e também realizaram vários eventos presenciais. “O carisma do missionário digital está surgindo na Igreja”, disse ela, observando que há muitos indivíduos que sentem uma forte vocação para acompanhar aqueles que não estão na Igreja, aqueles que foram batizados e se afastaram da prática da fé, mas que continuam a sentir um grande amor por Deus. A religiosa acredita que os ambientes digitais devem ser “samaritanizados” e recorda o pedido explícito que lhe foi dirigido pelo Papa Francisco na primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo, em outubro de 2023: ser a ternura e a misericórdia de Deus para todas as pessoas.

Missão digital nas Conferências Episcopais

Segundo a irmã Xiskya, ainda há muitos passos a serem dados. No entanto, na América Latina, estão sendo criados em algumas Conferências Episcopais escritórios para a missão digital. No ano passado, o tópico era uma novidade, porém atualmente, está crescendo a conscientização sobre a importância de acompanhar os influenciadores e criadores de conteúdo, que atingem um público amplo em um grande número de plataformas. “Estamos perdendo muitos jovens que não estão mais indo às paróquias”, lamenta ainda a religiosa.

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05 outubro 2024, 08:05