Brasileira na Itália recorda os 2 anos de canonização de Scalabrini
Andressa Collet - Vatican News
Os missionários scalabrinianos estão reunidos para o XVI Capítulo Geral em Rocca di Papa, a 35km de Roma, até 30 de outubro com foco no projeto missionário e acolhimento aos migrantes a exemplo de São João Batista Scalabrini (1839-1905). O bispo, mundialmente conhecido pelo seu comprometimento com a migração, foi proclamado beato por João Paulo II em 1997 e santo pelo Papa Francisco, na Praça São Pedro, há exatamente 2 anos, em 9 de outubro de 2022.
"Eu lembro muito bem daquele dia, pois estava em Piacenza com visitas, com brasileiros de Erechim/RS, e fiz questão de explicar a importância daquele momento", comentou a gaúcha Bruna Gorete Mazzonetto, de 36 anos. Ela é natural de Severiano de Almeida/RS, que já foi chamada de Nova Itália, e saiu do Brasil há 4 anos por motivo de estudos: os dois primeiros foram vividos justamente na cidade de Piacenza, região da Emília-Romanha, ao norte da Itália, onde faleceu Scalabrini.
Atualmente em Milão, onde é professora de língua italiana para estrangeiros e consultora em genealogia italiana, Bruna recorda com alegria e orgulho do dia da canonização do bispo fundador das Congregações de São Carlos Borromeu (dos Missionários de São Carlos Borromeu e das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu Scalabrinianas), presentes em mais de 27 países, que também fez visitas ao Rio Grande do Sul, como lembra Bruna:
"Ele esteve no Rio Grande do Sul, então isso também me marcou bastante. E eu também sei que ele foi muito para os Estados Unidos para dar força espiritual e levar a fé. Eu entendi que ele teve essa parte desse apoio e suporte, sobretudo nos Estados Unidos onde os italianos eram discriminados, maltratados e sofriam com questões de trabalho e ele foi lá para dar uma força para essas pessoas."
Profundamente afetado pelo drama de tantos italianos forçados a emigrar para os Estados Unidos e para a América do Sul no final do século XIX, Scalabrini não ficou indiferente: sensibilizou a sociedade e enviou seus missionários para ajudar e apoiar os emigrantes nos portos, nos navios e na chegada aos novos países. O título de "Pai dos Migrantes", pelo serviço dedicado à defesa deles, o tornou um dos bispos mais influentes da sua época. Foi fundador das duas congregações a serviço dos migrantes e hoje é seguido e venerado pelos próprios migrantes, inclusive no Brasil, que neste ano está comemorando os 120 anos da visita de Scalabrini ao país e também à Argentina.
O superior-geral Pe. Leonir Chiarello comenta que, na visão teológica das migrações, "Scalabrini reconhece que no encontro das diferentes nacionalidades vai se construindo aquela comunhão universal de todas as nacionalidades que, no fundo, é o plano de Deus para que nós vivamos todos em fraternidade. Aquilo que hoje o Papa Francisco fala da casa comum e da Fratelli tutti, da fraternidade universal, nós poderíamos dizer que Scalabrini vislumbrou isso através da migração".
O pedido de proteção ao Rio Grande do Sul
Bruna, também ela migrante, sempre que vai a Piacenza frequenta a Catedral de Santa Maria Assunta e Santa Giustina onde descansa o corpo do santo. Assim como fez em maio deste ano quando o seu Rio Grande do Sul sofria a pior tragédia climática de todos os tempos:
"Quando eu soube do que estava acontecendo no Rio Grande do Sul com as inundações, eu passei por Piacenza naqueles dias. Imediatamente entrei na catedral, fiz uma oração para ele, queimei uma vela e escrevi no caderno que fica ao lado do túmulo dele, pedindo a proteção dele ao povo gaúcho, um território que ele visitou, que ele conheceu e que tem muitos descendentes de italianos que moram lá e construíram aquelas cidades que foram devastadas e sofreram com as inundações. Então, eu rezei e pedi a intercessão dele para dar uma força e apoiar o nosso povo."
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