O Sínodo: cada lugar é uma terra de missão
Padre Modino - Vaticano
Sobre o que foi desenvolvido na Sala Sinodal, o prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, destacou que na Igreja, desde o início, sempre houve uma relação estreita com o território. Ele também refletiu sobre o mundo digital e seus perigos, a necessidade de as paróquias serem lugares de encontro, a necessidade de ser criativo para fortalecer a presença da Igreja em mais áreas, algumas questões relacionadas às conferências episcopais, também em nível continental, o compromisso de preservar a unidade da Igreja, o ministério do Papa a serviço da unidade e a descoberta do interior do coração humano como o primeiro lugar.
Esses elementos também estiveram presentes nas palavras da secretária da Comissão de Comunicação, Sheila Pires. Ao falar sobre a unidade da Igreja, a assembleia discutiu a atribuição de competências doutrinárias às conferências episcopais e o perigo de fragmentação da Igreja. Da mesma forma, a necessidade de a Igreja ser um testemunho de evangelização para a cultura, refletindo sobre a diferença entre o depósito e a formulação da fé. A Assembleia Sinodal falou sobre a possibilidade de substituir as conferências episcopais por outras estruturas sinodais. Também relatou a insistência em considerar cada lugar como uma terra de missão e a importância de se coordenar com Roma antes de tomar decisões. Por fim, Pires enfatizou a importância das pequenas comunidades de base, "que podem contribuir para tornar a paróquia mais viva e dinâmica", e a necessidade de se adaptar às mudanças culturais e digitais.
Um texto para vislumbrar caminhos
Para o coordenador dos teólogos, o trabalho deles no atual sínodo é diferente do de outros sínodos. Dario Vitali destacou o fato de os teólogos terem se envolvido em todas as fases do processo e a importância dos grupos linguísticos, onde são captadas as orientações e os consensos para discernir, buscando convergências e pontos que geram mais debate. Para o teólogo italiano, o elemento decisivo é o consenso, que é alcançado ouvindo o Espírito depois de ouvir os outros. A partir daí, se buscará um texto coerente que nos ajude a vislumbrar o caminho a seguir pela Igreja.
Caminho comum de canonistas e teólogos
José San José Prisco destacou o trabalho conjunto entre canonistas e teólogos, algo que não era normal há muito tempo, dado o caminho paralelo entre a Teologia e o Direito Canônico ao longo da história. O canonista espanhol destacou a necessidade mútua, pois "os canonistas se dedicam a compreender melhor a norma canônica e sua possível aplicação ou mudança para o momento atual". Nesse sentido, sua tarefa é acompanhar os pedidos do Sínodo para possíveis mudanças em relação à legislação, para descobrir entre os pedidos as possibilidades de mudança que poderiam melhorar a legislação atual, uma função que é muito complementar à dos teólogos.
Um par de óculos para vislumbrar o que Deus pede de nós
Reconhecendo a participação no Sínodo como um espaço para o aprendizado conjunto, Klara Antonia Csiszár reconheceu que se abriu um espaço para a teologia no Sínodo, no qual eles querem fazer uma contribuição no estilo sinodal. Os temas dos fóruns são vistos pela teóloga romena como uma orientação diante dos obstáculos. Destacou que se percebe um certo cansaço, desafiando o que chamou de melodia básica, a teologia do Povo de Deus, que deve ser percebido como sujeito da missão. Nessa perspectiva, refletiu sobre o papel dos bispos na Igreja sinodal e na primazia papal, bem como sobre o desafio de fazer da sinodalidade uma prática cotidiana. Para esse fim, ela nos convidou a "colocar novos óculos para pedir um vislumbre do que Deus está pedindo de nós". Junto com isso, o papel dos teólogos é "fazer a nossa parte para ajudar o nascimento de uma Igreja sinodal".
Aplicar o Evangelho no tempo e no espaço de hoje
Esse Sínodo nos leva a entrar em um processo que faz parte da tradição viva da Igreja, ouvindo a fé viva do povo de Deus, enfatizou Ormond Rush. O papel do teólogo é ajudar as comunidades cristãs a interpretar e aplicar o Evangelho no tempo e no espaço, para levar o Evangelho a todos, algo revelado por Jesus, afirmando que o Espírito Santo nos conduzirá ao futuro. O teólogo australiano enfatizou a importância de ouvir o sensus fidei a fim de chegar a um acordo, para ver como a figura de Jesus ainda é relevante hoje. Com esse objetivo, a teologia constrói pontes, vendo o Vaticano II como um instrumento para ver a história de uma maneira diferente.
Nesse sentido, Rush lembrou que as perspectivas mudam ao longo da história da Igreja, o que torna necessário entender os sinais dos tempos, que podem fornecer uma nova visão de Deus. Novas respostas são necessárias, porque as respostas antigas impedem a Igreja de proclamar de uma forma que a mensagem possa ser compreendida, de uma forma que seja empática e misericordiosa. Nesse caminho, os teólogos são chamados a ajudar a Igreja a seguir a Tradição, um papel que estão desempenhando no atual processo sinodal.
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