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A Toalha do Perdão, um bordado entre céu e história

Foi apresentado no Vaticano o livro sobre o tecido de linho confeccionado para a Basílica Vaticana com a técnica canusina, típica de Reggio Emilia. A próxima Toalha, a da Promessa, revestirá o altar da Confissão durante o Jubileu. O cardeal Semeraro destacou: são muitas as imagens que ligam Maria à arte do bordado.

Por Amedeo Lomonaco – Cidade do Vaticano

Última Ceia, mesa, memória. Esses são os conceitos que sintetizam a essência da Toalha do Perdão, confeccionada pelas bordadeiras do círculo cultural “Reggio Ricama” para a Basílica de São Pedro. É um bordado que se projeta ao Céu, mas que também possui profundas raízes históricas. Trata-se de um bordado "matildico", inspirado nas miniaturas do poema de Donizone, um manuscrito guardado na Biblioteca Apostólica Vaticana, que narra os eventos de Matilde e seus antepassados, incluindo o perdão concedido em Canossa pelo Papa Gregório VII ao imperador Henrique IV, penitente diante das muralhas do castelo da “Grande Condessa”. Embora não tenha sido santa nem beata, para a Igreja Católica, essa mulher é uma heroína: a última descendente de uma poderosa dinastia feudal e hábil mediadora na secular luta entre império e papado.

O livro sobre a Toalha do Perdão

Um momento da apresentação, no Vaticano, da Toalha do Perdão.
Um momento da apresentação, no Vaticano, da Toalha do Perdão.

O cardeal Semeraro: o bordado transmite uma mensagem religiosa

O cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, ressaltou que o bordado "é uma arte muito antiga". No livro sobre a Toalha do Perdão, o cardeal recorda a história de Matilde de Canossa. O volume começa com uma imagem de Maria bordando e termina com uma imagem de Jesus Menino no colo da Mãe, também bordando. Segundo o cardeal Semeraro, há diversas imagens que associam Maria à arte do bordado, o qual, afirma, transmite uma mensagem religiosa.

Em entrevista aos meios de comunicação vaticanos, Semeraro explicou que, através do bordado, tenta-se reproduzir com fios entrelaçados de diversas formas "uma mensagem sobrenatural". Desde cedo, o bordado se tornou um tipo de "arte para o mobiliário religioso", estando associado aos ornamentos sagrados, especialmente episcopais. As bordadeiras da escola “Reggio Ricama”, observou o cardeal, estão não apenas "sob a sombra da Cátedra de Pedro, mas também sob a proteção da Virgem Maria". De acordo com tradições apócrifas e textos antigos, Maria era considerada uma bordadeira. O projeto das Toalhas para a Basílica Vaticana, destacou o prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, busca transmitir uma "mensagem religiosa através de peças que possuem um uso litúrgico".

As Toalhas das “três P”

A Toalha do Perdão integra o projeto iniciado em 2019 em parceria com a escola “Reggio Ricama” para a criação de toalhas para a Basílica Vaticana. Elas são conhecidas como as toalhas das “três P” em homenagem ao apóstolo Pedro. São a Toalha do Pescador, produzida em 2022, a do Perdão, entregue em fevereiro de 2024, e a da Promessa, que revestirá o altar da Confissão, na Basílica Vaticana, durante o Jubileu. Após a apresentação do livro "Sub Umbra Cathedrae", foram anunciados os vencedores do concurso promovido pelo círculo cultural “Reggio Ricama”, que selecionou o design da Toalha da Promessa.

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31 outubro 2024, 13:30