Abertura da Porta do Ano da Esperança
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Após um ano de intensa preparação com a oração, estamos às portas da abertura do Jubileu 2025, que tem por tema "A esperança não confunde". "A imagem da âncora - como explicado na Bula de Proclamação do Jubileu Ordinário - é sugestiva para compreender a estabilidade e a segurança que possuímos no meio das águas agitadas da vida, se nos confiarmos ao Senhor Jesus. As tempestades nunca poderão prevalecer, porque estamos ancorados na esperança da graça, capaz de nos fazer viver em Cristo, superando o pecado, o medo e a morte. Esta esperança, muito maior do que as satisfações quotidianas e as melhorias nas condições de vida, transporta-nos para além das provações e exorta-nos a caminhar sem perder de vista a grandeza da meta a que somos chamados: o Céu."
Pe. Gerson Schmidt* nos acompanha nessas horas que precedem a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, com a reflexão "Abertura da Porta do Ano da Esperança":
"O Ano Jubilar 2025, com o tema “Peregrinos de Esperança”, é solenemente aberto no dia 24 de dezembro, com a abertura da Porta Santa em Roma pelo Papa Francisco. O Jubileu é oficialmente inaugurado na vigília natalina, às 19 horas, com o rito da Abertura da Porta Santa da Basílica Papal de São Pedro pelo Santo Padre, que presidirá depois à celebração da Santa Missa na noite de Natal do Senhor, no interior da Basílica.
Uma Porta Santa é uma porta aberta pelo Papa para marcar simbolicamente o início de um Ano Santo. Cada uma das basílicas maiores de Roma tem a sua Porta Santa, que é fechada e murada fora deste período especial. A tradição remonta a 1423, ano em que o Papa Martinho V abriu, pela primeira vez na história, um ano jubilar através de uma Porta Santa na Basílica de São João de Latrão. A abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro remonta ao Natal de 1499. Nessa ocasião o Papa Alexandre VI quis que as Portas Santas fossem abertas não apenas em São João de Latrão, mas também nas outras basílicas maiores, a de São Pedro, a de Santa Maria Maior e a de São Paulo Extramuros. Até ao Jubileu do ano 2000 era costume que o Papa abrisse a Porta Santa da Basílica de São Pedro, delegando depois esse gesto a um cardeal para a abertura das portas das três outras basílicas. O Papa João Paulo II rompeu esta tradição, fazendo ele mesmo a abertura e o fechamento de todas as quatro Portas Santas de Roma: a da Basílica de São Pedro foi a primeira a ser aberta e a última a ser fechada.
Nas outras Dioceses do mundo, o Jubileu poderá ser lucrado, por meio das indulgências, visitando uma das igrejas que os Bispos estabelecerem. Na escolha de tais lugares, entre os quais naturalmente deve ser incluída antes de mais a Catedral, os Bispos hão-de ter presentes as necessidades dos fiéis, mas também a oportunidade de ser mantido, na medida do possível, o sentido da peregrinação, o qual, com o seu simbolismo, exprime a necessidade, a busca e, por vezes, a santa inquietude da alma que anela estabelecer ou restabelecer o vínculo de amor com Deus Pai, com Deus Filho, Redentor do homem, e com Deus Espírito Santo que opera nos corações a salvação.
Há um rico significado bíblico da porta. As portas do paraíso simbolicamente se fecharam pelo pecado de Adão e Eva e potencialmente requerem o advento de alguém que possam abri-las novamente. No livro do Apocalipse diz assim: “Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá: Conheço as tuas obras - eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar - que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome” (Apc 3,7-8).
O Senhor nunca força a porta: também Ele pede permissão para entrar. O Livro do Apocalipse ainda diz: “Eu estou à porta e bato. Se alguém escuta a minha voz e me abre a porta, eu virei a ele, cearei com ele e ele comigo” (Apc 3,20). Imaginemos o Senhor que bate à porta do nosso coração! E na última grande visão deste Livro do Apocalipse, assim se profetiza da Cidade de Deus: “As suas portas não se fecharão nunca durante o dia”, o que significa para sempre, porque “não haverá mais noite” (21,25).
O Papa João Paulo II, por ocasião de 1950 anos do aniversário da Redenção, abria o Jubileu com a Bula intitulada: “Abri as portas ao Redentor”. Disse assim João Paulo II: « ABRI AS PORTAS AO REDENTOR! ». É este o apelo que, na perspectiva do Ano Jubilar da Redenção, dirijo a toda a Igreja, renovando o convite expresso no dia a seguir à minha eleição para a Cátedra de Pedro”. No discurso inaugural de seu pontificado, 22 de outubro de 1978, data que ficou estabelecida para homenagear o santo, pregou assim: “Não tenhais medo, antes, "procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo!". E depois, em muitas de suas pregações, em alto e bom tom, conclamava os fiéis para abrirem e escancararem as portas a Cristo Redentor dos homens!
A Lumen Gentium ensina que o Batismo é a porta da Igreja, porta para a fé: “Com efeito, só Cristo é mediador e caminho de salvação e Ele torna-Se-nos presente no Seu corpo, que é a Igreja; ao inculcar expressamente a necessidade da fé e do Batismo (cf. Mc 16,16; Jo 3,15), confirmou simultaneamente a necessidade da Igreja, para a qual os homens entram pela porta do Batismo”(LG,14). Por nada que, simbolicamente, o batistério normalmente é colocado em nossas igrejas, próximo à porta principal do templo, significando o sentido litúrgico do sacramento como porta para a salvação."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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