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Papa no Angelus de 8 de dezembro. (Foto: ANSA/FABIO FRUSTACI) Papa no Angelus de 8 de dezembro. (Foto: ANSA/FABIO FRUSTACI)  (ANSA)

Advento: tempo de ser peregrino de esperança

"O tempo do Advento é o tempo litúrgico da grande escola da Esperança: uma esperança forte e paciente; uma esperança que aceita a hora da aprovação, da perseguição e da lentidão no desenvolvimento do Reino; uma esperança que se entrega ao Senhor, das impaciências subjetivas e do frenesi de um futuro projetado pelo homem”."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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“Neste tempo de Advento, peçamos ao Espírito Santo que nos ajude a testemunhar com coragem a esperança que habita em nós, aguardando a vinda do Senhor.”

O convite do Santo Padre dirigido aos fiéis de língua francesa - e também a nós - na Audiência Geral da última quarta-feira, vai de encontro ao tema da Bula de Proclamação do Jubileu 2025 «Spes non confundit – a esperança não engana».  A esperança, de fato,  é a mensagem central do Jubileu a ser aberto na noite de 24 de dezembro. "E sob o sinal da esperança - escreve o Papa no documento - o apóstolo Paulo infunde coragem à comunidade cristã de Roma".

Neste contexto, Pe. Gerson Schmidt* nos propõe a reflexão "Advento: tempo de ser peregrino de esperança":

 

"Os cadernos do Concílio em preparativa ao Ano Jubilar 2025, ou seja, 2025 anos de encarnação do Verbo Divino entre nós, recuperam os principais temas das 4 grandes constituições do Concílio Vaticano II. O Ano Jubilar será aberto no dia 24 de dezembro, com a abertura da Porta Santa em Roma pelo Papa Francisco. Estamos em tempo novo na Igreja, tempo do Advento, novo ano litúrgico – Ano C.

O caderno de número 13 desses ricos subsídios propostos pelo Dicastério para a Evangelização descreve os diversos tempos litúrgicos e aponta o significado do tempo do Advento e diz assim: “O Advento é o tempo da Igreja que se desenrola entre a primeira vinda de Cristo, que se realizou na humildade da nossa natureza humana, e a última, que se realizará no fim dos tempos no esplendor da Glória. Pode ser considerado como uma ponte, cujas margens, uma voltada para o passado e a outra para o futuro, estão estreitamente unidas. A primeira é um memorial da vinda histórica, a segunda é uma preparação para a vinda gloriosa. Nesse sentido, podemos dizer que Cristo é Aquele que vem porque é Aquele que veio, mas é também aquele que há de vir porque é Semper veniens (aquele que sempre vem). Entre a vinda histórica e a gloriosa no fim dos tempos, a Igreja experimenta a presença do Senhor cada vez que celebra a liturgia e o sacramentos, nos quais sintetiza os dois movimentos e os reapresenta integralmente. As duas perspectivas estão intimamente relacionadas entre si”.

O tema proposto pelo Papa Francisco para o Ano Jubilar é “Peregrinos de Esperança”. Na Bula de proclamação do Jubileu ordinário do ano 2025 - Spes non confundit, ou seja, a Esperança não confunde – o Papa diz: “Com efeito a esperança cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor divino: «Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? (…) Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores graças Àquele que nos amou. Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, Senhor nosso» (Rm 8, 35.37-39). Por isso mesmo esta esperança não cede nas dificuldades: funda-se na fé e é alimentada pela caridade, permitindo assim avançar na vida. A propósito escreve Santo Agostinho: Em qualquer modo de vida, não se pode passar sem estas três propensões da alma: crer, esperar, amar”.

O tempo do Advento é um tempo propício de esperança, não passivamente, mas de espera ativa do Senhor que vem, e vem para nos salvar. Esse mesmo caderno número 13 – que aborda os fortes tempos litúrgicos - de autoria de Maurizio Barba, diz ainda assim, em relação ao Advento e a virtude da esperança: “A vigilância e a espera, características do Advento, estão conectadas com a virtude da Esperança! O tempo do Advento é o tempo litúrgico da grande escola da Esperança: uma esperança forte e paciente; uma esperança que aceita a hora da aprovação, da perseguição e da lentidão no desenvolvimento do Reino; uma esperança que se entrega ao Senhor, das impaciências subjetivas e do frenesi de um futuro projetado pelo homem”.

Num dos cadernos sobre a Oração que prepara o Jubileu, de autoria de Antonio Pitta, biblista que leciona na Pontifícia Lateranense, subsídio que tem como título “As parábolas da Oração”, fala-se da esperança. O biblista aponta, nesse caderno, um título sobre “uma oração vigilante”. Nesse ponto, escreve assim: “Entre o sono e a vigilância, o discípulo aprende a última fase da oração ensinada por Jesus. A vigilância na oração é necessária porque revela a paz a face da Esperança. Vigia-se porque se espera, de outro modo, não se compreende porque seria necessário vigiar de noite. E sobre a esperança são necessárias algumas observações, pois de outra forma se entende mal sua natureza”. E é na próxima oportunidade, que aprofundaremos essas observações do autor."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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09 dezembro 2024, 09:37