Jubileu. Inaugurada a nova Piazza Pia, um “abraço” entre Roma e a Santa Sé
Edoardo Giribaldi – Vatican News
Foi um Fiat Cinquecento, o mesmo modelo que levou o Papa Francisco por Nova Iorque, em setembro de 2015, o primeiro carro a percorrer a passagem subterrânea da nova Piazza Pia, inaugurada na manhã desta segunda-feira (23/12), três dias antes do início do Jubileu. As rajadas de vento frio que marcaram boa parte da cerimônia acompanharam a execução inicial do hino do Vaticano, pela banda musical do Corpo da Gendarmaria, e do italiano, interpretado pela Polícia local de Roma Capital.
Parolin: “Antigo e moderno não se opõem”
“Este é um momento significativo e para mim pessoalmente é um momento de gratidão” declarou o secretário de Estado Vaticano, cardeal Pietro Parolin, presente no evento representando a Santa Sé junto com o arcebispo Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a Nova Evangelização e nomeado pelo Papa Francisco para organizar o Ano Santo. “Pode-se dizer que foi concluído um trabalho de muitos anos”, acrescentou o cardeal, destacando os primeiros desenvolvimentos que remontam ao Jubileu de 1950 e à criação da Via della Conciliazione sob o pontificado de Pio XII. “Na nova praça – observou ainda o cardeal – o antigo e o moderno não se opóem”, unindo concretamente o Castelo Sant'Angelo com a Colunata de Bernini. “Foi concluída uma obra de grande valor de engenharia, que permitirá admirar mais facilmente uma cidade atravessada pelo Tibre, mas não dividida”, concluiu.
Gualtieri: um projeto atento à sustentabilidade ambiental
“Poucas pessoas acreditaram, mas nós conseguimos”, foi o comentário do prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, que falou de “uma verdadeira corrida contra o tempo” para terminar as obras em tempo para a abertura da Porta Santa. O prefeito citou os números do projeto: 110 trabalhadores, divididos em três turnos, totalizando 450 dias de trabalho, sem folgas. “Uma grande praça do abraço”, como a definiu Gualtieri, símbolo de uma nova “época de comunhão, de colaboração entre a Santa Sé, o Estado italiano e a sua capital”. A Praça Pia torna-se a maior zona pedonal urbana de Roma, com capacidade total para 150 mil pessoas. Uma oportunidade, portanto, para “sediar muitos eventos do Jubileu”. Um projeto realizado em nome da sustentabilidade ambiental - através da instalação de áreas com sombra, fontes e canalização das águas pluviais - que reforça ainda mais a ligação entre a praça e a Santa Sé, dada a atenção do Papa às questões ambientais, e que quer relançar “a poderosa mensagem de esperança, fraternidade e paz” que, segundo Gualtieri, o próprio Francisco “associou ao Jubileu”.
Meloni: Praça Pia, um “pequeno milagre civil”
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, falou depois de um “pequeno milagre civil” e, ao agradecer a todos os trabalhadores envolvidos na construção da nova Praça Pia, referiu-se ao Ano Santo como um evento “antes de tudo de fé, que permite nos reconciliarmos um pouco com nós mesmos." Aqueles que são convidados a falar sobre a sua experiência de peregrinação, disse a primeira-ministra, “respondem que aquele caminho representou um ponto de virada”. A esperança indicada por Meloni é que “esse tempo passado com nós mesmos nos liberte essencialmente de tudo o que é supérfluo”. “A mochila do peregrino é leve”, sublinhou a primeira-ministra, “porque contém apenas o essencial”.
Salvini: trabalhadores italianos e estrangeiros integrados
O ministro das Infraestruturas, Matteo Salvini, também falou no palco montado no coração da nova praça, elogiando a “integração” entre trabalhadores italianos e estrangeiros, bem como a unidade de intenções das “forças políticas, sociais e sindicais "na execução dos trabalhos, remando "todos no mesmo sentido". Após as saudações institucionais de Stefano Antonio Donnarumma, diretor administrativo das Ferrovie dello Stato e Francesco Rocca, presidente da região do Lácio, a inauguração terminou com o tradicional corte da fita e a passagem de um veículo Anas, que foi responsável pela realização dos canteiros de obras, seguido pelo Cinquecento branco.
Anas: dificuldades devido a achados arqueológicos
À margem do evento, entrevistada pelos meios de comunicação vaticanos, também falou Sara Fadlun, engenheira civil de Anas que coordenou as obras do canteiro, relançando a ideia de um “pequeno milagre” realizado para um espaço de 7.000 metros quadrados em extensão, para a qual foram utilizados 450 mil paralelepípedos. Entre os “obstáculos” encontrados durante as obras esteve a descoberta de “importantes vestígios arqueológicos na entrada da passagem subterrânea”. Aldo Isi, diretor administrativo de Anas, é da mesma opinião e sublinhou aos meios de comunicação vaticanos a sinergia com o Ministério do Patrimônio Cultural para preservar os achados e, ao mesmo tempo, melhorar o “sistema viário”.
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