A porta da esperança que se abre no Ano Jubilar
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Com a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro, na noite de 24 de dezembro, o Papa Francisco deu início ao Jubileu ordinário de 2025, que tem por tema "A esperança não engana". A Porta Santa, de fato, representa um dos símbolos centrais do Jubileu, pois Jesus diz: "Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim será salvo; tanto entrará como sairá e encontrará pastagem. (Jo 10, 9). Assim, atravessar a Porta Santa evoca a entrada no mistério de Cristo vivo na sua Igreja, "evoca a passagem que todo cristão é chamado a fazer do pecado à graça". "Nós, discípulos do Senhor, somos convidados a encontrar n’Ele a nossa maior esperança e a levá-la sem demora, como peregrinos de luz nas trevas do mundo."
"A porta da esperança que se abre no Ano Jubilar" é o tema da reflexão do Pe. Gerson Schmidt*, a última do ano de 2024:
"O Jubileu foi oficialmente inaugurado na vigília natalina pelo Papa Francisco, com o rito da Abertura da Porta Santa da Basílica Papal de São Pedro. O tema da “porta” rende uma reflexão muito valiosa. O Salmo 23 diz: "Abri as portas para que Ele possa entrar". A celebração do Advento e o Natal é a nossa disposição interior de abrir as portas de nosso coração, nossa casa, nossa família, nossa comunidade, os grupos de novena, a sociedade e a humanidade inteira para que o Senhor Jesus entre e possa reinar como Deus, Senhor e Redentor do Universo. Como diz Isaías: "Céus, deixai cair o orvalho, nuvens, chovei o justo; abra-se a terra, e brote o Salvador!" (Is 45,8).
Ainda há lugares no mundo em que não se fecham as portas com chave. Mas há tantos onde as portas blindadas se tornaram normais. O Papa Francisco dizia: “ Não devemos nos render à ideia de dever aplicar esse sistema a toda a nossa vida, à vida da família, da cidade, da sociedade. E tão menos à vida da Igreja. Seria terrível! Uma Igreja inospitaleira, assim como uma família fechada em si mesma mortifica o Evangelho e seca o mundo. Nada de portas blindadas na Igreja, nada! Tudo aberto!”. Por isso, o Papa Francisco, desde o início de seu Pontificado quer uma Igreja de portas abertas, em saída, impulsionada para a Evangelização e acolhida aos pecadores.
“A Igreja foi encorajada a abrir as suas portas, para sair com o Senhor ao encontro dos filhos e filhas em caminho, às vezes incertos, às vezes perdidos, nestes tempos difíceis. As famílias cristãs, em particular, foram encorajadas a abrir a porta ao Senhor que espera para entrar, levando sua benção e sua amizade. E A porta da misericórdia e salvação de Deus está sempre aberta, também as portas das nossas igrejas, das nossas comunidades, das nossas paróquias, das nossas instituições, das nossas dioceses, devem estar abertas, para que assim todos possam sair e levar essa salvação de Deus. O Jubileu significa a grande porta da misericórdia de Deus, mas também as pequenas portas das nossas igrejas abertas para deixar o Senhor entrar – ou tantas vezes sair o Senhor – prisioneiro das nossas estruturas, do nosso egoísmo e de tantas coisas” – comentou o Sumo Pontífice já no Ano da Misericórdia.
A porta deve proteger, certo, mas não rejeitar. A porta não deve ser forçada, ao contrário, se pede permissão, porque a hospitalidade resplandece na liberdade do acolhimento e se escurece na prepotência da invasão. A porta se abre frequentemente para ver se do lado de fora há alguém que espera e, talvez, não tem a coragem, talvez nem mesmo força de bater. Quanta gente perdeu a confiança, não tem a coragem de bater à porta do nosso coração cristão, às portas das nossas igrejas…E estão ali, não têm a coragem, tiramos a confiança delas: por favor, que isso nunca aconteça. A porta diz muitas coisas da casa e também da Igreja.
No Evangelho vemos parábolas que falam da porta fechada. E se a porta está fechada, dizemos: “Senhor, abre-nos a porta!”. Jesus mesmo, em sua auto-revelação joanina, disse ser a “Porta das ovelhas”. Jesus é a porta e nos faz entrar e sair. Jesus diz que quem não entra pela porta é “ladrão e salteador”. São os ladrões aqueles que procuram evitar a porta. Os ladrões procuram entrar por outro lado, pela janela, pelo teto. Evitam a porta, porque têm intenções más e se infiltram no rebanho para enganar as ovelhas e tirar proveito delas.
O Papa Francisco ainda comenta que “no belíssimo discurso de Jesus, se fala também do guardião, que tem a tarefa de abrir ao Bom Pastor (cf. Jo 10,2). Se o guardião ouve a voz do Pastor, então abre e faz entrar todas as ovelhas que o Pastor traz, todas, incluindo aquelas perdidas nos bosques, que o bom Pastor foi resgatar. As ovelhas não são escolhidas pelo guardião, pelo secretário paroquial ou pela secretaria da paróquia; as ovelhas são todas enviadas, são escolhidas pelo bom Pastor. O guardião – também ele – obedece à voz do Pastor. Bem, poderíamos bem dizer que nós devemos ser como aquele guardião. A Igreja é a porteira da casa do Senhor, não é a patroa da casa do Senhor”.
Vivemos o Natal e sabemos que a Sagrada Família de Nazaré sabe bem o que significa uma porta aberta ou fechada, para quem espera um filho, para quem não tem morada, para quem deve escapar do perigo. Há uma Porta Santa que se abre em Roma, mas há a porta de acolhida do coração também que se deve abrir para Deus e os irmãos. Haja também em nós a abertura da porta do nosso coração para receber todos, o perdão de Deus e dar, por nossa vez, o nosso perdão, acolhendo todos aqueles que batem à nossa porta."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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