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5 anos da Statio Orbis: uma oração que deu ao mundo um novo horizonte

27 de março de 2020, um homem caminha sozinho em uma Praça de São Pedro vazia. Sob o céu coberto que deixava cair uma chuva fina, o Papa Francisco, diante de um dos momentos de maior incerteza na história recente da humanidade, implora a luz de Deus desde o centro do catolicismo. É a Statio Orbis, e com ela o pontífice nos convidava a percorrer juntos um caminho, a construir soluções para um mundo complexo.

Padre Modino - Vatican News

Cinco anos depois daquele episódio singular, em mais um capítulo do Dia da Esperança, nascido na América Latina em 2022, como uma ideia concebida por várias instituições da Igreja no continente, Infobae organizou um programa especial em que diferentes vozes fizeram eco daquele momento, querendo chamar essa esperança que não decepciona, pois "a esperança é a mais forte e mais poderosa das virtudes, porque nos move a comprometer-nos, a buscar o diálogo, a compreender o outro, a comprometer-se com o que nos rodeia e sobretudo, trabalhar juntos para além de nossas diferenças por um mundo possível para toda a humanidade", lembrou a diretora do Instituto para o Diálogo Global e a Cultura do Encontro, Gabriela Sacco.

Refletir sobre esse momento é de particular importância, pois, apesar de termos superado a Covid, "nos sentimos muito mais inseguros do que há cinco anos", disse o prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Michael Czerny, que lembrava que o Papa nos faz ver que estamos em um tempo de policrisis, que "ninguém pode se salvar sozinho". Por isso, propunha a polifraternidade como resposta a essa policrisis, que deve nos levar a "reforçar a fraternidade onde quer que estejamos, e sobretudo onde falta".

Levar o povo à presença de Deus

Isso nos remete ao Magistério do Papa Francisco, que o secretário do Dicastério para a Comunicação do Vaticano, Mons. Lucio Ruiz, chamou o Magistério da Misericórdia. Analisando aquele momento, destacava que se produziu "um movimento que vai do povo ao templo, para levar o povo à presença de Deus", equiparando a figura de Francisco à de Moisés, que se aproxima da Mãe, de Jesus Crucificado, adora o Santíssimo e com ele abençoa o povo de Deus, permanecendo como um ícone para a história da Igreja e da humanidade.

Um apelo à esperança também presente nas palavras do prefeito do Dicastério para a Comunicação do Vaticano, Paolo Ruffini, que destacou a atitude de cuidado do Papa Francisco e pediu para os dias de hoje encontrar a esperança que perdura, fazer um exame de consciência diante da atual situação que o mundo vive, ameaçado pela guerra. De fato, não podemos deixar de ver aquele momento como uma experiência muito profunda, segundo o presidente da Conferência Eclesial da Amazônia, cardeal Pedro Barreto, que afirmou que "a Statio Orbis marcou para a Amazônia um forte impulso à dimensão profética em defesa da vida, em defesa do território, em defesa do bioma".

Uma mensagem para a humanidade

Ninguém pode ignorar que a mensagem do Papa Francisco, "não se dirige apenas à cristandade, mas a toda a humanidade", como lembrou o juiz da Suprema Corte de Justiça da Nação Argentina, Ricardo Lorenzetti, que sublinhava que "todos os setores da humanidade devem valorizá-lo e também transcender os tempos, porque quando Ele nos convida a combater o medo, é um medo que ainda existe agora e talvez tenha aumentado", dizendo que a esperança "é acreditar em algo, é ter um ideal", uma possibilidade de anunciar um novo humanismo.

Nesta perspectiva, é necessário fortalecer o sentido da fraternidade, que nos chama à compaixão, à proximidade, à sensibilidade com o outro, sobretudo com o mais frágil, o migrante, o pobre, o ancião, algo que pedia o secretário geral do Conselho Episcopal Latino-americano, dom Lizardo Estrada, que também lembrava o necessário cuidado da casa comum. Também desde o CELAM, seu secretário-geral adjunto, Pedro Brassesco, via a Statio Orbis como um chamado à esperança, a confiar nos outros e no Outro, evitando ver a esperança como uma salvação mágica, pois sempre implica um esforço, um envolvimento, lembrando as palavras do cardeal Pironio.

Um Papa desolado pela dor

Austen Ivereigh lembrava de uma troca de cartas com o Papa nos primeiros dias da pandemia, onde percebeu uma certa desolação no pontífice, que não via claramente uma saída para toda a dor e incerteza que se vivia, que chorava diante do sofrimento, mas que deu ao mundo "o novo horizonte que precisamos". De fato, a Statio Orbis foi um momento simbólico, algo muito próprio de Francisco, que "fala não apenas em palavras, mas também com rituais ou símbolos", segundo o teólogo norte-americano, Daniel Groody. Nesse sentido, a praça vazia é vista como expressão de que o pontífice fala àqueles que não são reconhecidos nem vistos, às vítimas da indiferença da globalização.

Do país que viu nascer Francisco, o secretário do episcopado, dom Raul Pizarro Travers, vê no Papa um sinal de esperança que se funda na cultura do encontro, com todos, mas sobretudo com os mais pobres. Isso porque o Magistério de Francisco é também uma mudança de olhar para o pobre, que não é apenas objeto da nossa piedade, compromisso e ajuda, mas um protagonista capaz de mudar a realidade. Por isso, aquela oração de cinco anos atrás é mais uma prova de que "todos estamos no mesmo barco, que ninguém se salva sozinho, que todos nós precisamos, também os pobres, que têm muito a dar", em quem devemos acreditar, pois precisamos deles.

Chamados a comunicar esperança

Francisco "é o testemunho de uma pessoa que atrai com sua palavra e sobretudo com seu testemunho humilde e simples", lembrou o cardeal Barreto, que refletiu sobre a relação entre o Papa e os indígenas da Amazônia, e insistiu no convite do Papa para olhar longe, sem negligenciar a proximidade, compaixão e ternura com as pessoas, algo que vê presente na convocação da Assembleia Eclesial de 2028. Somos chamados a comunicar esperança, como dizia o Papa no Jubileu da Comunicação, lembrou Paolo Ruffini, que pediu para escrever o futuro nesta perspectiva de esperança.

Uma esperança à qual há que dar um sentido histórico, nas palavras de Ricardo Lorenzetti, que falou da pandemia como o fim de um ciclo, que deve levar ao "renascimento de um humanismo integrado, um humanismo solidário e um humanismo que respeita a natureza. Um novo modo de viver e desenvolver a economia e viver em sociedade". Uma esperança que nos dá "a capacidade de olhar para o que nos assusta com os olhos da fé, com a certeza de que algo melhor nos espera se abrirmos à graça que sempre nos oferece Deus em tempos de tribulação", destacava Austen Ivereigh, algo que deve nos levar a sonhar em grande, lembrando as palavras do Papa em que ele apontou que com a pandemia não foi aproveitado para transformar as consciências e práticas sociais.

Cardeal Czerny
Cardeal Czerny

Acompanhado pelos excluídos e rejeitados

Uma oração na qual o Papa, segundo o cardeal Czerny, foi acompanhado por pessoas excluídas e rejeitadas, pelos migrantes que em suas balsas atravessam os mares. A partir daí pedia, "abrir nossos olhos e sobretudo nosso coração para receber a graça de Deus que nos fez sentir bem". Uma esperança que, por ser cristã, é mais do que otimismo, segundo Daniel Groody, pois Deus dá sentido aos momentos que parecem não ter, como acontece na Cruz, o que leva aqueles que sofrem, entre eles os migrantes, a, nos momentos mais desesperadores, confiar em Deus e saber que Ele tem e quer um futuro melhor.

Uma oração que tocou o coração de muitas pessoas, inclusive não-crentes, lembrou o cardeal Barreto, a partir do testemunho de um jornalista peruano. Isso porque "a esperança não é ingenuidade, é convicção em uma realidade complexa, em um mundo com crises sociais, socioambientais, humanitárias, com conflitos que desafiam nossa capacidade de dar resposta", concluía Gabriela Sacco, que em um mundo "em que estamos obcecados pela eficiência, pela eficácia e pelo alcance dos objetivos", chamava a evitar "o risco de esquecer que o que nos faz verdadeiramente humanos não é só o que fazemos, mas também como nos relacionamos e como construímos com os outros". Para isso, a oração, as palavras de Francisco naquela noite, com as quais, na voz de dom Lúcio Ruiz, se encerrou o debate, pode ser uma luz de esperança para uma humanidade tantas vezes conturbada pelo medo.

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