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O Papa se encontrou com membros da Confederação Nacional de Educação e Treinamento Profissional (Confap) O Papa se encontrou com membros da Confederação Nacional de Educação e Treinamento Profissional (Confap)  (VATICAN MEDIA Divisione Foto)

Papa: é preciso apoiar os jovens frágeis, o abandono educacional é uma tragédia

Francisco recebeu a rede Confap (Confederação Nacional de Formação e Atualização Profissional) em audiência no Vaticano nesta sexta-feira, 03/05. O Papa incentivou o trabalho de formação, especialmente para os jovens, que são muitas vezes "mal pagos" e têm "contratos precários", e alertou contra a tecnofobia e a tecnocracia.

Vatican News

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O Papa Francisco recebeu na Sala Paulo VI, nesta sexta-feira, 03 de maio, os membros da Confap, a Confederação Nacional de Treinamento e Atualização Profissional, fundada há cinquenta anos para promover o treinamento que não apenas transmite habilidades técnicas, mas também valores de solidariedade, justiça social e respeito pela dignidade humana.

"Obrigado" foi a palavra que o Papa repetiu várias vezes para os instrutores, educadores e jovens que vieram de toda a Itália, e que realizam seus trabalhos inspirados na doutrina social da Igreja. 

Contribuição para a sociedade

O compromisso diário da Confap é, de fato, "uma expressão da rica e variada espiritualidade de vários Institutos Religiosos, que têm em seu carisma o serviço aos jovens por meio da formação profissional", afirmou Francisco. 

Trata-se de cursos de formação de vanguarda, com "uma alta qualidade de metodologias, experiências de laboratório e possibilidades didáticas", a ponto de constituir, observou o Pontífice, "um carro-chefe no panorama da formação para o trabalho". Acima de tudo, trata-se de uma "proposta formativa integral", que não se limita apenas à qualidade dos instrumentos e da didática, mas que também coloca em prática "um cuidado e uma atenção especial, sobretudo para com os jovens que estão à margem da vida social e eclesial".

A audiência com membros da Confap foi realizada na Sala Paulo VI
A audiência com membros da Confap foi realizada na Sala Paulo VI

Os jovens, uma categoria frágil, mas cheia de potencial

E é justamente sobre os jovens, "uma das categorias mais frágeis de nosso tempo", que o Papa deteve sua atenção. Uma categoria "cheia de talentos e potencialidades", mas também "vulneráveis" por certas "escolhas sociais que os expõem aos ventos da dispersão e da degradação".

"Muitos jovens, de fato, abandonam seus territórios de origem para procurar emprego em outros lugares, muitas vezes não encontrando oportunidades à altura de seus sonhos; alguns, então, pretendem trabalhar, mas têm que se contentar com contratos precários e mal pagos; outros ainda, nesse contexto de fragilidade social e exploração, vivem insatisfeitos e pedem demissão do trabalho."

O drama do abandono educacional e formativo

Diante dessas e de outras situações, o Pontífice pediu atenção: "o abandono educacional e formativo é uma tragédia! Ouçam bem, é uma tragédia", reiterou, pedindo "uma legislação que favoreça o reconhecimento social dos jovens". Ainda mais importante, acrescentou, "é construir uma mudança geracional em que as habilidades dos que estão saindo estejam a serviço dos que estão entrando no mercado de trabalho".

“Os adultos compartilham os sonhos e desejos dos jovens, apresentam-nos, apoiam-nos, incentivam-nos sem julgá-los.”

Os riscos das novas tecnologias e da inteligência artificial

O Papa reforçou a necessidade de uma formação "contínua, criativa e sempre atualizada" para enfrentar as transformações trabalhistas "cada vez mais complexas", também devido às novas tecnologias e à inteligência artificial. Há duas tentações, identificou Francisco: "Por um lado, a tecnofobia, ou seja, o medo da tecnologia que leva as pessoas a rejeitá-la; por outro lado, a tecnocracia, ou seja, a ilusão de que a tecnologia pode resolver todos os problemas". Em vez disso, é preciso "investir recursos e energia" e, ao mesmo tempo, "lutar para restaurar a dignidade de certos trabalhos, especialmente os manuais, que ainda são socialmente pouco reconhecidos".

Francisco foi presenteado pelos jovens da Confap
Francisco foi presenteado pelos jovens da Confap

Formação humana 

"É necessário um vínculo com as famílias, como em qualquer tipo de experiência educacional; e é necessário um relacionamento saudável e eficaz com as empresas, dispostas a colocar os jovens dentro delas", recomendou Francisco. "A formação técnica sem humanidade torna-se ambígua, arriscada e não é verdadeiramente humana, não é verdadeiramente formativa. A formação deve oferecer aos jovens ferramentas para discernir entre ofertas de trabalho e formas de exploração".

Trabalho é também vocação.  

O Santo Padre sublinhou que "o trabalho é um aspecto fundamental de nossa vida e vocação", no entanto, hoje estamos testemunhando "uma degradação" do próprio significado do trabalho, "cada vez mais interpretado em relação ao ganho, em vez de ser uma expressão da dignidade de alguém e da contribuição para o bem comum". 

"É importante que os cursos de treinamento estejam a serviço do crescimento global da pessoa, em suas dimensões espiritual, cultural e de trabalho."

Ao concluir, o Papa incentivou o trabalho da Confederação: "Por meio de sua criatividade, vocês mostram que é possível combinar o trabalho com a vocação da pessoa. Porque uma boa formação profissional permite que a pessoa faça um trabalho e, ao mesmo tempo, descubra o significado de seu ser no mundo e na sociedade".

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03 maio 2024, 12:41