Dom Pedro Casaldaliga: "maior graça é o martírio"
Cristiane Murray – Cidade do Vaticano
A terra, os índios, as mulheres marginalizadas, o povo negro, a causa ecológica: razões como estas foram o fio condutor da vida de um bispo espanhol conhecido como ‘o profeta da Amazônia’: poeta, defensor dos direitos do povo mais pobre e isolado, ameaçado de morte mais de dez vezes, Dom Pedro Casaldaliga é um homem livre de preconceitos e de apegos ao poder. Viveu e ainda vive numa casa simples, na prelazia que ajudou a criar, São Felix do Araguaia.
Foi lá que conheceu outro espanhol, o sacerdote Paulo Gabriel, que integrou a equipe de pastoral da prelazia mato-grossense travando lado a lado com o bispo suas batalhas mais corajosas.
"Teve momentos difíceis com o Vaticano, mas conseguiu superá-los. Pedro é um místico, um homem de oração, um homem muito bem-humorado. Humor é sinal de inteligência e de saúde psíquica. Nunca o vi – mesmo nos momentos mais difíceis ou trágicos – e não foram poucos – desanimado ou perdendo o sono”.
Talvez poderia ter morrido, quando mataram seu amigo, Padre João Bosco. Parece que a bala era para ele. Não morreu mártir, mas hoje, aos 90 anos, e mais de 10/15 anos travado numa cadeira de rodas pelo Parkinson, se ele queria ser mártir, Deus o ouviu, porque não há martírio maior que este que ele vive atualmente: dependente em tudo dos outros, é trazido, levado, sem poder se movimentar, sem poder falar, sem poder ler... é uma morte lenta. E ele sempre disse: ‘Nunca reclamei do irmão Parkinson’. Prova de um homem humanamente maduro, espiritualmente maduro”.
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