Do Vaticano saiu reforçada a luta pela independência
Dulce Araújo - Cidade do Vaticano
Teve lugar no domingo 1 de Julho, na Sala Marconi, da Rádio Vaticano, a apresentação do livro ”Itinerários de Amílcar Cabral”, um livro baseado em postais que Cabral enviava das suas viagens diplomáticas à esposa Ana Maria Cabral e a outros familiares. Presente no acto da apresentação o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, em visita privada à Itália.
Na sua intervenção, o chefe de Estado cabo-verdiano, que aliás prefaciou o livro, sublinhou a simbologia da data escolhida para este lançamento, 1 de Julho, 48º aniversário da célebre audiência que o Papa Paulo VI concedera aos líderes das independências das então colónias portuguesas.
Uma audiencia que constituiu um marco importante na história do relacionamento entre a Igreja e os povos africanos - frisou o Presidente de Cabo Verde
Jorge Carlos Fonseca recordou ainda que aquela audiência não surgiu como um acto isolado. Na sua base estava o espírito da encíclica do Papa Paulo VI, "Populorum Progressio":
O Chefe de Estado cabo-verdiano disse ainda que o esforço da diplomacia de Cabral, que percorreu as capitais europeias e africanas, saiu do Vaticano ainda mais reforçada:
Infelizmente, Cabral não viveu o suficiente para ver os frutos desse esforço diplomático. A 20 de Janeiro de 1973 seria assassinado em Konacri. Mas, dois anos depois, Cabo Verde se tornaria independente e, a 5 de Julho de 2018, comemora 43 anos de independência:
A concluir, o Presidente de Cabo Verde sublinhou ainda a importância da diplomacia da solidariedade para a paz e a reconciliação no mundo de hoje.
Apresentação do livro "Itinerários de Amilcar Cabral"
O evento do domingo 1 de Julho na Sala Marconi da Rádio Vaticano foi articulado em duas partes. A primeira teve, para além do discurso do Presidente da República, a intervenção de Mons. Bernard Munono, Oficial do Dicastério do Vaticano para o Serviço Humano Integral, que se deteve sobre a encíclica de Paulo VI "Populorum Progressio", e palavras de Franco Ippoliti, Presidente da Fundação Lelio Basso, empenhada desde há décadas na defesa dos direitos dos povos. A segunda foi centrada na apresentação do livro “Itinerários de Amílcar Cabral” que esteve a cargo de D. Carlos Azevedo, historiador e Delegado do Conselho Pontifício para a Cultura e do antigo Primeiro Ministro de Cabo Verde, Dr. José Maria Neves.
Para D. Carlos Azevedo, no livro se cruzam, de forma harmoniosa, os elementos públicos e privados da vida de Cabral. O prelado falou da importância desses postais como documento histórico, na medida em que revelam o humanismo revolucionário que caracterizava Amílcar Cabral.
Cabral, um homem plural...
Quanto ao antigo Primeiro Ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, enalteceu a multiplicidade da pessoa de Cabral que manifesta um amor imenso pela família:
O amor de Cabral pela família é um espelho do amor que tinha pelo povo. Ama para lutar e luta para amar – salientou José Maria Neves, segundo o qual Cabral tinha consciência do longo caminho a percorrer nessa luta, e apelava a muito trabalho e à ajuda a todos.
Presença de Ana Maria Cabral e Ndira Cabral
O lançamento do livro “Itinerários de Amilcar Cabral”, foi uma iniciativa conjunta do Coordinamento-Africa da Rádio Vaticano, da Fundação Lelio e Lisli Basso e da Associação Tabanka Onlus, em colaboração com a Associação "Caboverdemania" e a Rede Cultural Cabo-verdiana, NCC-CCN. Para a ocasião vieram a Roma, juntamente com o Presidente Jorge Carlos Fonseca, a esposa de Cabral, Ana Maria que, juntamente com Felinto Elísio e Márcia Souto, da Casa Editora "Rosa de Porcelana" organizou o livro. Presente também Ndira Cabral, filha do casal, várias vezes referida nos postais.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui