Camarões. Sequestrados 79 estudantes de uma escola cristã
Cidade do Vaticano
Entre as pessoas sequestradas na escola cristã protestante na aldeia de Nkwen, perto de Bamenda, está também o director, um motorista e outro pessoal daquela instituição presbiteriana. Os estudantes sequestrados – segundo informa a agência AdnKronos – encontram-se jovens com idades compreendidas entre os 11 e 17 anos. Os sequestradores não pedem resgate, mas o encerramento da escola, conforme foi relatado pelo rev. Samuel Fonki Forba, presidente da Igreja Presbiteriana nos Camarões.
A ação recorda os sequestros de centenas de meninas nigerianas por parte dos jihadistas do Boko Haram mas, neste caso, as motivações não são de carácter religioso. A ação faz parte, de facto, na escalada de violência levada a cabo pelos grupos separatistas armados desta região anglófona contra o governo central francófono de Yaoundé, que eles acusam de discriminação.
O sequestro num vídeo publicado nas redes sociais
Um vídeo dos estudantes sequestrados foi publicado nos media sociais pelos guerrilheiros que se denominam 'Amba boys', em referência ao Estado de Ambazónia que os separatistas querem estabelecer nas regiões anglófonas do noroeste e sudoeste do País. No vídeo - informa a Agência Ansa - vários meninos sequestrados são forçados a fornecer os seus nomes e os dos seus pais. A autenticidade das imagens não pôde ser verificada de forma independente, mas alguns dos pais disseram que reconheceram os seus filhos. Um dos milicianos, dirigindo-se aos reféns, afirma: "Sereis libertados só depois da nossa luta, daqui em diante frequentareis a escola aqui”.
Os separatistas teriam realizado outros sequestros em escolas da região
Louis Marie Begne, porta-voz do governo da região do noroeste, disse que os homens armados invadiram a escola em hora tardia, enquanto os estudantes dormiam. Os assaltantes imobilizaram um guarda de serviço na entrada e forçaram-no a acompanhá-los nos dormitórios onde os estudantes estavam a dormir. Depois de pegá-los, tentaram levá-los a bordo de um autocarro escolar, mas o motorista forjou uma avaria no veículo e assim os sequestradores seguiram a pé levando consigo os reféns. Segundo o mesmo Begne, é provável que os reféns tenham sido subdivididos em pequenos grupos. Os separatistas são acusados de terem realizado outros sequestros em escolas da região. Em setembro passado, sete estudantes e um director haviam sido levados na cidade de Bafut, segundo a Amnisty International. Esta organização para os direitos humanos afirma que os reféns foram libertados depois de serem "torturados”.
O conflito nos Camarões entre francófonos e anglófonos
Os Camarões, País na África Ocidental, tem sido palco de vários episódios de violência desde 2016, quando as duas principais regiões de língua inglesa, o noroeste e o sudoeste, anunciaram a sua disposição de se separar do resto do País, para constituir um novo País chamado Ambazónia. Os habitantes de língua inglesa há muito que se queixam de serem tratados como cidadãos de segunda classe e de recebem uma parcela menor dos fundos estatais em relação aos cidadãos francófonos.
Presidente Biya condenou todos os actos de violência
A violência nas regiões anglófonas, onde vive cerca de 20% da população dos Camarões, tem aumentado nos últimos meses. Os separatistas acusam o governo do presidente Paul Biya, no poder desde 1982, de ataques militares não apenas contra guerrilheiros, mas também contra os civis. Os separatistas são acusados de terem realizado ataques nos quais foram mortos membros das forças armadas. Biya, com 85 anos de idade e reeleito pela sétima vez em setembro passado, condenou os "actos de violência" venham eles de onde vierem.
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