PALOP - Sensação de marginalização por causa da língua
Dulce Araújo - Cidade do Vaticano
O português, língua oficial em cinco países africanos, os chamados PALOP, não é tido em conta em muitos encontros internacionais ou mesmo a nível da África. E foi o aconteceu na recente Assembleia Geral da UAR-AUB, em Marrakech. O delegado de Moçambique, Faruco Sadique, Presidente do Conselho de Administração da Televisão Moçambicana, enfrentou a questão ao falar da plataforma de troca de programas entre os países-membros, AUB-Vision.
PALOP sentem-se marginalizados por causa da língua
Convidado a fazer aos nossos microfones uma avaliação dessa Assembleia, Faruco Sadique voltou a falar da questão linguística, um problema na UAR-AUB, organismo que, a seu ver, já funcionou melhor no passado, e no qual Moçambique não está, todavia, em dias com as quotas anuais que cada país-membro é chamado a pagar.
Cabo Verde, um país africano e do mundo
Já Seidi dos Santos, Administrador Executivo da RTC (Rádio-Televisão de Cabo Verde) não faz da língua um grande problema. Considera que Cabo Verde é um país africano, mas também do mundo, e acha que o país deve apostar mais na UAR-AUB, de cuja 12ª Assembleia Geral em Marrakech saiu bastante satisfeito.
Depois destas constatações, perguntamos à Presidente da UAR-AUB, Keitirele Mathapi se vai pôr em acto algum mecanismo para que haja mais equilíbrio linguístico no seio desta organização panafricana de radiodifusão:
Uma língua oficial africana: swahili
“Naturalmente, temos também de reconhecer que na grelha das coisas parece haver mais países francófonos activos e envolvidos. Também nós anglófonos nos sentimos uma gota no oceano. Terá visto que a maior parte das pessoas aqui são de países francófonos, mas o bom disto é que somos africanos. Tenho também que dizer que não são muitos os países de língua portuguesa que tem sido activos. Estou feliz que Angola tenha subido a bordo. E imediatamente depois desta Assembleia Geral vamos procurar pôr de pé mecanismos necessários para tratar da questão das línguas que falamos. Recorda-se certamente também que a UA tem vindo a falar desde há muito tempo da adopção de uma língua oficial para a África e essa língua é o swahili. Acho, portanto, que indo em frente, quando nos estabilizarmos não será mau usar essas línguas, mas temos também de nos orientar para o desenvolvimento de instrumentos no sentido de ter uma língua africana que possamos usar nesses encontros. Uma língua que seja nossa”.
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