Arcebispo Rugambwa: “A Igreja, Família de Deus, exclui etnocentrismo e promove reconciliação”
Cidade do Vaticano
Durante a cerimónia de abertura, e na presença do Chefe do Estado burkinabé, do Primeiro Ministro e de várias autoridades civis e religiosas, D. Protase Rugambwa trouxe aos participantes uma mensagem do Cardeal Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos.
Promover o desenvolvimento humano integral
O texto pronunciado por D. Rugambwa baseou-se no tema do encontro: "A nova evangelização e a promoção do desenvolvimento humano integral na Igreja, Família de Deus na África Ocidental". "A Igreja, Família de Deus na África Ocidental, apresenta alguns elementos de esperança, mas também de preocupação para nós, Pastores chamados por Deus na nossa missão, dos quais devemos prestar contas", sublinhou o Secretário da CEP.
"As vocações para a vida sacerdotal e religiosa aumentam – ressaltou o Prelado - enquanto cresce também a presença de diferentes associações e movimentos laicais de apostolado e oração. Nota-se igualmente o desenvolvimento do espírito missionário para as Igrejas irmãs da mesma nação, bem como para as nações vizinhas e para o Ocidente. A Igreja é viva e activa no testemunho da fé cristã; goza de estima pela sua proximidade com as pessoas, particularmente os mais pobres, e pelo seu empenho social em favor dos necessitados, sem distinção” – disse ainda D. Rugambwa, na mensagem.
As dificuldades na região
Contudo, observou o Arcebispo, "não faltam as dificuldades tanto no aspecto civil quanto no religioso, que tornam complicada a missão da Igreja: entre elas, a ausência de paz e segurança, a falta de democracia e desenvolvimento; a pobreza, as discriminações sociais, o tribalismo, o etnicismo, o fundamentalismo religioso, o terrorismo, a violação dos direitos humanos.
No âmbito religioso, o sincretismo religioso, o regresso às crenças tradicionais, à feitiçaria, a apostasia em favor das seitas ou outras religiões, travam o caminho da fé”, disse ainda D. Rugambwa.
Não permanecer indiferentes a injustiças e pilhagem
"Por ocasião da 2ª Assembléia Plenária realizada em Acra, em 2016 – recordou D. Rugambwa – haviam sido identificados a reconciliação, o desenvolvimento e a família como desafios particulares para a evangelização, hoje, na África Ocidental. Agora achamos oportuno acrescentar a promoção do desenvolvimento humano integral, pois ela tem uma estreita ligação com a obra da evangelização e promoção social. Não podemos permanecer indiferentes às injustiças, à pilhagem de tantas riquezas por parte de um neocolonialismo de grupos económicos ocidentais e orientais privados e poderosos, enquanto milhares de nossos filhos tentam com a imigração escapar da pobreza e das guerras” – enfatizou o Prelado.
Evangelização e missão
“A evangelização confunde-se com a própria missão da Igreja no mundo, prosseguiu o Secretário da CEP, pois ela é anunciadora do mistério da pessoa de Cristo morto e ressuscitado e agora presente no meio de nós. É a vocação própria da Igreja e indica, não apenas o primeiro anúncio para os que não crêem, mas toda a actividade eclesial, quer no seu aspecto religioso-sacramental quer no aspecto do anúncio da libertação humana.
A evangelização é antes de tudo o modo de ser da Igreja". "Entre os desafios que temos em frente está a promoção humana integral", salientou o Arcebispo, notando que "evangelização e promoção humana não se opõem, mas são complementares e convergem no mesmo objetivo: a salvação do homem”.
Edificar a Igreja como família, não ao etnocentrismo
"No contexto da CERAO-RECOWA, a evangelização, nova no ardor e no zelo, tenderá a edificar a Igreja como família, excluindo todo o etnocentrismo e excessivo particularismo, procurando, antes, promover a reconciliação e uma verdadeira comunhão. “As vossas Igrejas locais - explicou D. Rugambwa - devem unir evangelização e humanização, fé e ação social, culto e empenho concreto. Esta tarefa, repito, não deve ser deixada apenas à hierarquia eclesial, aos bispos e sacerdotes, mas é para todos os baptizados".
O Secretário da CEP ressaltou a terminar a necessidade, na Igreja da África Ocidental, de líderes cristãos bem preparados, determinados a trabalhar em vários sectores da vida social e pastoral, para realizar a obra da evangelização na África Ocidental. (Agência).
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