Sudão: assinado acordo entre militares e oposição
Cidade do Vaticano
A junta militar (Tmc) que governa o Sudão desde que Omar al-Bashir foi deposto em abril e a coalizão das forças civis reunidas no grupo das Forças para a Liberdade e a Mudança (FFC) anunciaram que assinaram nesta quarta-feira, 17, a chamada ‘declaração política’. Trata-se de um passo fundamental para a transição do País após meses de sangrentos protestos de rua. "O acordo, assinado durante a noite depois de longas negociações, prevê a alternância no poder entre militares e civis por três anos, questão sobre a qual giram as negociações desde o início, até se chegar às eleições para dar um novo governo ao País", afirma Raffaele Masto.
Na questão sudanesa intervieram também outros actores, como destaca Masto: “foi difícil para os mediadores, a União Europeia e a Etiópia, aproximar as partes sobretudo devido à posição dos militares e do general Mohamed Hamdan Dagalo, que é uma espécie de representante dos interesses externos sobre o Sudão. Arábia Saudita, Emirados Árabes e Egipto, de facto, por uma questão de equilíbrios regionais e do mundo árabe, precisam que o Sudão não se torne um País terceiro em relação aos interesses do seu bloco de poder”. Se, por um lado, "todo acordo se faz sobre um compromisso", como diz Masto será necessário ver "se se vai conseguir manter um equilíbrio entre os dois contendores que continuam a ter interesses radicalmente contrastantes sobre o futuro do País”.
Questões ainda pendentes
Antes que o País possa olhar para frente, será necessário enfrentar algumas questões importantes, como conta Masto: “Os pontos que permanecem pendentes ainda são muitos. Será necessário ver, por exemplo, como se vai comportar o Sudão em relação aos conflitos que vivem dentro de si (os conflitos em Darfur ou no sul do Cordofão). Os manifestantes sempre pediram que fosse consentida a votação também nestas zonas de guerra”.
Dificuldades económicas
Masto recorda que "o Sudão está passando por uma grave crise". Não se deve esquecer de facto que os protestos em dezembro eclodiram precisamente por causa do aumento no preço do pão e da gasolina, aumentos essenciais para Cartum. Não é mera coincidência que, há algumas semanas, a Arábia Saudita havia concedido aos militares um mega empréstimo de 3 bilhões de dólares”.
A violência do recente passado
Enfrentar os eventos violentos que marcaram um País nunca é fácil, mas neste caso poderia ser até impraticável, explica Masto: "Os manifestantes pedem uma investigação sobre as responsabilidades dos assassinatos ocorridos no passado dia 3 de junho, quando os militares dispararam contra a multidão durante um sit-in em frente do comando das forças armadas. Houve 130 mortos”.
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