Angola. Assinado em Luanda Memorando de Entendimento entre Uganda e Ruanda.
Anastácio Sasembele – Luanda, Angola
O Ruanda e o Uganda conseguiram um acordo neste sentido, através da mediação de Angola, assistida pelo presidente da República Democrática do Congo, Félix Tchissequedi, e o presidente da República do Congo, Dénis Sassou Nguesso. O encontro desta quarta-feira é sequência de um outro, também organizado na capital angolana, a 12 de julho último.
Nos últimos tempos as velhas rivalidades entre os líderes do Uganda e Ruanda deterioraram-se com acusações de espionagem, assassinato político e interferência nos assuntos internos.
Acusações recíprocas entre Ruanda e Uganda
Recordamos que a pretexto de um incidente fronteiriço que engendrou a morte de um ruandês e de um ugandês, em março, o presidente do Ruanda Paul Kagame encerrou a fronteira entre os dois países, bloqueando a via comercial, imprescindível para a circulação de pessoas e bens na região.
O Presidente Kagame acusou na altura o presidente do Uganda, Yoweri Museveni, de colaborar com a oposição ruandesa e com os rebeldes hutus de querer desestabilizar o seu regime.
Por seu lado, Museveni acusou Kagame de praticar actos de espionagem no Uganda e de matar os seus adversários políticos no território ugandês.
Querelas dão lugar ao diálogo
Hoje estas querelas ficaram para a história e prevaleceu o diálogo, o presidente angolano João Lourenço, cujo papel para a assinatura deste memorando foi destacado, considerou missão cumprida, afirmando que valeu a pena a tentativa de aproximação dos dois líderes.
Diálogo permanente, franco e aberto
Na reunião de Luanda, os Chefes de Estado destacaram a importância do “diálogo permanente, franco e aberto” a desenvolver-se quer a nível bilateral entre os Estados da região quer no plano multilateral, para a consolidação da paz e segurança como premissas fundamentais para a integração económica. O presidente ruandês Paul Kagame prometeu respeitar o memorando ora assinado.
Os líderes defenderam ainda que é preciso interligar o diálogo para a paz à integração económica e nesse sentido deram especial atenção aos conflitos fronteiriços entre o Ruanda e o Uganda, e também entre os três países, com a inclusão da RDC, e destacaram a “vontade política” das partes em prosseguir o diálogo para que se encontre uma solução para os problemas existentes.
Ao tomar a palavra o presidente do Uganda, Yoweri Museveni agradeceu os mediadores e disse que a intenção desde acordo é de viver como família.
Região dos Grandes Lagos, uma das mais conflituosas do Continente e do mundo
Angola, Uganda, RDC, Ruanda e República do Congo fazem parte dos 11 países que integram a Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, região que está tida como a mais conflituosa do Continente africano e uma das mais conflituosas do mundo.
Angola com o seu capital político e diplomático, baseado na experiência adquirida, ao longo de um conflito civil fratricida que durou 27 anos, quer com este gesto de promoção de paz entre o Ruanda e o Uganda, transformar a zona em espaço de paz e segurança duradoura para os Estados e os povos, e garantir estabilidade política e social, de crescimento e desenvolvimento partilhado.
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