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Conselho Interreligioso para a Paz no Burkina-Faso apela à união

Na sequência dos recentes ataques terroristas no Burkina-Faso, o Conselho Inter-religioso para a Paz no país emitiu no passado dia 27, um comunicado em que condena firmemente todos os actos terroristas no país, em África e em qualquer parte do mundo.

Dulce Araújo - Cidade do Vaticano

O Conselho começa por afirmar que Deus criou todas pessoas  iguais em direitos, deveres e dignidade e para viverem juntos como irmãos na caridade, justiça e paz. Depois recorda que é proibido matar, que quem mata uma pessoa, mata a humanidade, e quem salva uma pessoa salva toda a humanidade.

Cristãos e muçulmanos juntos pela vida

Nós,  cristãos e muçulmanos – escreve - acreditamos que o primeiro e mais importante objectivo da religião é acreditar em Deus, honrá-Lo e apelar todos os seres humanos a acreditarem que o Universo depende de um único Deus que o governa; que é o Criador que nos moldou com a sua divina sabedoria e nos presenteou com o dom da vida para o preservamos; dom de que ninguém tem o direito de eliminar, ameaçar ou manipular a seu belo prazer. Todos têm o dever de preservar a vida desde a sua concepção até à morte natural.

O Conselho denuncia a instrumentalização da religião para incitar ao ódio,  à violência, ao extremismo e ao fanatismo assim como também o uso do nome de Deus para justificar actos de homicídio, exílio, terrorismo, opressão.

“Denunciamo-lo com base na nossa fé comum em Deus que não criou o ser humano para ser morto, torturado, humilhado na sua vida e existência ou para lutar um contra o outro.”

Não atacar lugares de culto

O Conselho Burkina-Be das religiões para a Paz sublinha ainda a inviolabilidade dos lugares de culto – templos, igrejas, mesquitas e santuários – e recorda que a protecção desses lugares é um dever garantido pelas religiões, pelos valores humanos, pelas leis e por convenções internacionais. Todo e qualquer ataque contra os lugares de culto ou ameaça de os atacar com explosivos ou  demolição constitui um desvio daquilo que ensinam as religiões, assim como uma clara violação dos instrumentos legais nacionais e internacionais que o país subscreveu.

União para fazer face aos ditames do terroristas

Os membros do Conselho declaram ainda a sua plena adesão à liberdade de consciência e de religião em sintonia com quanto estipulado na Constituição do país e denuncia toda e qualquer forma de coerção ou impedimento do exercício da própria fé a qualquer pessoa.

Apela os seus compatriotas a unirem-se e a permanecerem unidos para poder fazer face aos ditames dos terroristas que os querem dividir mediante a manipulação da religião e das referencias étnicas.

Os assinantes do comunicado convidam ainda os seus conterrâneos a manifestar uma solidariedade ainda maior para com os deslocados internos que, por necessidade, se tornaram refugiados no seu próprio país.

Não cair na ratoeira da divisão étnica e religiosa

Apelam veementemente a população a não caírem, na ignomínia da ratoeira baseada na segregação étnica e religiosa e, aos pregadores, apelam a serem mais perceptíveis na comunicação da mensagem das Sagradas Escrituras.

O Conselho termina o seu comunicado com mais um convite à população do Burkina-Faso a uma maior solidariedade e unidade nestes tempos difíceis. Imploram de Deus a paz eterna por quantos perderam a vida nesse contexto difícil que o país tem vindo a atravessar e rezam para Deus proteja e abençoe o Burkina-Faso e o seu povo.

O Comunicado que traz a data de 27 de Dezembro é assinado por Vincent Kogo, Presidente de Rede de Jovens para o Dialogo Inter-religioso; por Marie Odile Traoré Doloweogo, Secretária  Geral da Rede de Mulheres de Fé para a Paz e pelo Imã Alidou Ilboudo, Secretário Executivo do Conselho Inter-religioso para a Paz no Burkina-Faso.

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30 dezembro 2019, 15:47