Alerta do Cardeal Ambongo sobre a situação no Leste da RDC
Dulce Araújo / Jean Pierre Bodjoko SJ - Cidade do Vaticano
Dramas, matanças, balcanização, vigilância, ajuda humanitária, posta em questão das Forças Armadas Congolesas e MONUSCO, (Missão da ONU para a estabilização do RDC). São estas algumas das palavras-chave que podem constituir o balanço da estada do Arcebispo de Kinshasa na Diocese de Butembo-Beni.
No final da visita o Cardeal declarou-se satisfeito de ter levado um pouco de conforto à população martirizada e afectada por assassinatos, matanças, casas incendiadas. Para ele, através da sua presença, a população sentiu a solicitude do Papa Francisco.
Risco de balcanização camuflada de insegurança
O Cardeal Ambongo considera que nesse contexto de uma população afectada por cenas de matanças, degolações, violação de mulheres, etc., a sua visita foi sentida com um balão de oxigénio. Embora indicando a necessidade de ajuda humanitária para a população dessa ampla área do país, o Cardeal Ambongo não escondeu a sua inquietação acerca do facto de a situação que vive a população no Leste do país ser sinal de um plano ou projecto de balcanização.
Para o Arcebispo de Kinshasa, não há dúvida de que o conflito que continua a provar vítimas no Leste da RDC, se inscreve na perspectiva de uma política mesquinha de balcanização. Trata-se, para o inimigo – disse – de semear terror a fim de obrigar as populações a abandonar as suas terras, deixando aos outros ocupantes a possibilidade de se instalar no território. Neste contexto o Cardeal Ambongo apelou ao apoio de todos, nomeadamente das autoridades de Kinshasa a fim de pôr em acto obras e meios materiais necessários para pôr termo às incursões mortíferas que não cessam de enlutar o povo congolês. Convida também o povo à vigilância para conter essa balcanização e a não ceder às provocações.
Ajuda humanitária
Face ao incremento das matanças em série, as populações do Leste do Congo têm manifestado a sua saturação sobretudo em relação à MONUSCO e têm exigido a retirada dessa Força. O Cardeal Ambongo considera que a reacção do povo se justifica e, embora propondo que se volte a debater sobre a razão de ser desta Força, o Cardeal convida à moderação a fim de encontrar vias recomendáveis de resolução do conflito. Ao mesmo tempo, o Cardeal lança um apelo à solidariedade de que tanto precisa essa população sofredora.
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