D. Ildo Fortes, Bispo de Mindelo, em Cabo Verde D. Ildo Fortes, Bispo de Mindelo, em Cabo Verde 

Cabo Verde. Bispo de Mindelo: educar aos valores da comunhão e da solidariedade

“Educar aos valores da comunhão e da solidariedade” para “recuperar a humanidade no coração do homem”: é a exortação aos fiéis de D. Ildo Fortes, bispo de Mindelo, Cabo Verde, e contida na Carta pastoral para o ano de 2020-2021.

Cidade do Vaticano

São dois os cenários, em particular, em que se projeta o documento episcopal: o primeiro é o dramático contexto actual da pandemia do coronavírus, enquanto que o segundo é aquela "fraternidade e amizade social" tão desejada pelo Papa Francisco na Encíclica "Fratelli tutti", lançada no domingo 4 de outubro.

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A pandemia – escreve D. Ildo Fortes no documento - “bateu à nossa porta, evidenciando a nossa fraqueza e comprometendo os nossos planos”, tornando-nos conscientes “da nossa pequenez e fragilidade” e do facto que, nos momentos de dificuldade, “devemos sempre contar com a Providência e o apoio dos nossos irmãos”. «Devemos unir-nos e reinventar a solidariedade se não queremos afundar – lê-se na Carta - Este é o apelo que faço neste momento: confiar no Senhor, nossa esperança, caminhar juntos para descobrir a humanidade que habita em nós e promover a alegria da solidariedade”.

O bispo de Mindelo não esconde, pois, as numerosas dificuldades em que os fiéis vivem hoje: «A pobreza e a precariedade – sublinha o prelado - já eram uma realidade para muitos, mas agora assumem uma nova forma» também por causa das consequências da pandemia na economia. Por isso, continua a ser central o papel da família: “Ela é um tesouro de humanidade – prossegue o documento - e devemos empenhar-nos numa renovada pastoral juvenil e na educação urgente para aqueles valores sociais que exigem logo um crescimento”. Com efeito, agora mais do que nunca, “a família-Igreja doméstica é chamada a ocupar o seu lugar central e decisivo para a recuperação da humanidade no coração humano”.

E a humanidade a que D. Ildo Fortes se refere é aquela que sabe olhar "para os valores mais genuínos que o Criador semeou no coração de todos os homens: amor, verdade, justiça, solidariedade, respeito pelo outro chamado, como eu, a viver com liberdade e dignidade na mesma terra”; humanidade também no sentido de “fazer emergir uma nova forma de viver na sociedade”, porque “precisamos de uma comunidade que nos apoie e na qual nos ajudemos mutuamente a olhar para o futuro”.

Dirigindo-se, pois, a "todas as famílias, às comunidades, professores e educadores", o Bispo de Mindelo exorta-os a "realizar a missão de despertar a solidariedade no coração de cada homem e de cada mulher". Na verdade, as famílias são «chamadas a uma missão educativa primária e indispensável, porque são o primeiro lugar onde se vivem e se transmitem os valores do amor e da fraternidade»; as comunidades paroquiais e as escolas, por outro lado, devem estar “conscientes da nobre tarefa que têm, ou seja, educar àqueles valores que ajudem a pensar a vida humana de forma mais integral e a contribuir na melhoria da comunidade”.

Além disso, D. Fortes recorda aos jovens a importância de “assumir as próprias responsabilidades na sociedade e a viver com os outros em constante atitude de entrega de si e de amor fraterno, generoso e misericordioso”, porque “trata-se de abraçar o desafio de uma Igreja em saída”e de “não esquecer o próximo” por causa de preocupações pessoais e problemas particulares”.

Antes pelo contrário: “encorajados pela certeza da esperança cristã - acrescenta o prelado – conseguiremos curar os corações inquietos e superar os momentos dissonantes da nossa história”, porque o Verbo encarnado “é capaz de transformar e despertar uma nova humanidade”. As dificuldades, de facto, “são uma oportunidade de crescimento, e não desculpa para uma tristeza inerte”, conclui o bispo de Mindelo.

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13 outubro 2020, 09:05