P. Tony Neves  à direita P. Tony Neves  à direita 

P. Tony Neves - As marcas de 2020

A Covid-19 abriu feridas profundas e difíceis de cicatrizar num ano que tinha nascido promissor. Mês após mês, no jornal ‘Ação Missionária’, Arminda Camati, a partir de Angola, escreve o ‘verso e reverso’ onde escolhe duas notícias positivas e duas negativas referentes ao mês em curso. O P. Tony Neves, espiritano, decidiu fazer o balanço deste ano atípico com recortes dessa rubrica mensal.

P. Tony Neves - Roma 

Muitos edifícios ‘pintaram-se’ com luzes vermelhas para denunciar os atentados à liberdade religiosa que se praticam em muitos países do mundo. Por ser numa quarta-feira, o evento ficou conhecido como ‘Redwednesday’. Segundo a Ajuda à Igreja que Sofre, há mais de 300 milhões de pessoas perseguidas por causa da sua religião. (Janeiro).

Peru

As mudanças climáticas são um grito de alerta e as respostas vão aparecendo. O Peru decidiu plantar um milhão de árvores para equilibrar o impacto ecológico negativo da visita diária de 200 mil turistas ao Machu Picchu, Património da Humanidade desde 1983. (Fevereiro).

Libertação de Auschwitz

Foi há 75 anos que as tropas russas libertaram os presos que ainda restavam nos campos de concentração nazis de Auschwitz e Birkenau. O fim da 2ª Guerra Mundial começava a desenhar-se, mas ainda haveria duas bombas atómicas a lançar sobre o Japão. (Março).

Gafanhotos

Arrasaram boa parte da África Oriental e caminharam rumo à Ásia. Tinham atacado Cabo Verde em setembro. Eles comem tudo, condenando à fome populações pobres que já não tinham muito pão na mesa. (Abril).

Papa Francisco 

Encheu o mundo de lágrimas, mas também de esperança. Guardamos dele as imagens que as televisões e internet levaram a todo o mundo. Esteve naquelas ruas de Roma sem gente para pedir a Cristo e a Nossa Senhora a protecção contra o coronavírus. Depois, vimos a oração na Praça vazia de S. Pedro. Tornou-se o rosto número um do combate aos efeitos da covid. (Maio).

Muralha verde 

 O Sahel está a ver o deserto a crescer, ano após ano, semeando fome e morte. As alterações climáticas estão na origem deste fenómeno, mas há decisões que podem atenuar o impacto desta conquista implacável do deserto do Sahará. Assim, jovens plantaram um milhão de árvores no Sahel, construindo a ‘grande muralha verde’ de África. (Junho).

Morte de George Floyd 

Quando o mundo se debatia com um vírus cruel, os EUA conseguiram juntar mais um drama à tragédia que já vitimava demais o povo pobre e simples. A morte violenta de George Floyd, asfixiado por um polícia, veio pôr a nu um problema que os americanos (e boa parte do mundo) ainda não resolveram: o racismo. (Julho).

Norte de Moçambique

D. Luiz Fernando é o Bispo de Pemba. A situação humanitária agrava-se com os grupos fundamentalistas islâmicos que atacam à vontade, matam, roubam, queimam e fazem as pessoas fugir das suas aldeias. Há milhares de deslocados nas províncias vizinhas de Cabo Delgado. A voz corajosa deste Bispo, que tem a cabeça a prémio, está a ser fundamental para obrigar as autoridades a intervir e a comunidade internacional a pressionar. (Agosto.Setembro)

Fratelli tutti

Lúcido, corajoso e incansável, o Papa Francisco tem disparado em muitas direcções, para dentro e fora da Igreja. Chama à atenção do mundo para as duas pandemias que mais matam: a covid 19 e a indiferença. E, para ajudar ainda mais a esta reflexão e intervenção, assinou em Assis, a 3 de outubro, a sua nova Encíclica, ‘Fratelli Tutti’.(Outubro).

Nobel da Paz

O Programa Alimentar Mundial (PAM) é o laureado de 2020, pelo trabalho de solidariedade internacional em favor da alimentação que ‘é a melhor vacina contra o caos’. Com este prémio, a Academia Nobel quer que olhemos para ‘milhões de pessoas que, no mundo, têm fome’ (Novembro).

Segunda vaga 

Os países mais ricos, na Europa e América do Norte, acreditaram que o tempo quente tinha destruído o vírus e facilitaram. A socialização excessiva e descuidada permitiu a este corona sobreviver ao calor e ganhar força para o ataque no regresso do tempo mais frio. De facto, veio uma segunda vaga que mostrou ser mais agressiva que a primeira, obrigando a novas medidas que provocaram reacções populares violentas em muitos países. E o inverno ainda está para durar…(Dezembro).

Tiremos lições da fragilidade que 2020 pus a nu. Olhemos com esperança e confiança para um 2021 que tem de ser ano inspirado e aberto ao futuro, para todos.

Oiça

 

 

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29 dezembro 2020, 13:17