SOS-Racismo Portugal – 30 anos de actividade
Dulce Araújo - Cidade do Vaticano
Quatro webinars sobre a questão racial em Portugal foram realizados de 14 a 17 deste mês como parte das iniciativas da SOS-Racismo para marcar o seu 30º aniversário; uma ocasião que esta associação quer aproveitar para intensificar a reflexão sobre o racismo em Portugal e as formas de o combater.
Nascida em 1990 para responder a um crescendo de racismo que se manifestava com violência policial e crimes, a SOS-Racismo/Portugal endereçou as suas actividades, numa primeira fase, ao sector da educação, às instituições e à conscientização das camadas-alvo de racismo, e não só, para essa luta.
Hoje, abarca também outras vertentes como a memória colonial, a violência policial, o acesso à habitação, a precariedade laboral das pessoas racializadas e marginalizadas.
O balanço destes trinta anos regista - segundo Mamadou Ba - alguns frutos positivos como, por exemplo, a adopção da Lei contra a Discriminação Racial e a consequente Comissão para a Igualdade, e uma maior tomada de consciência da sociedade civil sobre a questão racial. Além disso, três mulheres afrodescendentes, de origem guineense, foram eleitas para o Parlamento. No entanto, desde 2015 tem-se vindo a notar um novo recrudescimento do racismo com casos graves de mortes e torturas em esquadra policial e, no Parlamento, há um deputado declaradamente de extrema-direita. Sinal de que se está perante sintomas de uma doença colectiva - o racismo estrutural - e que falta maturidade ao sistema democrático - frisou o Dirigente em entrevista à nossa emissora.
Dicionário das Invisibilidades
Para além dos quatro webinars já realizados (1. “A luta do anti-racismo nos últimos 30 anos”; 2. “Reflexão sobre as politicas anti-racistas em Portugal”; 3. “Espaços e contextos de luta anti-racista”; 4. “Movimento Negro Brasileiro e suas articulações”) a SOS-Racismo tem na agenda também a publicação de um Dicionário das Invisibilidades e uma série de podcasts sob o lema "Viemos para ficar". Ficam também recados a Portugal e à África acerca da Década dos Afrodescendentes.
Não de ânimo leve, mas com convicção...
Originário do Senegal, Mamadou Ba foi há alguns anos com uma bolsa de estudo para Portugal e acabou por entrar na SOS-Racismo, onde diz lutar pela dignidade dos seus e de toda a humanidade. E fá-lo não de ânimo leve - pois que não faltam ameaças - mas com convicção e confiança, inspirando-se em grande líderes como Amílcar Cabral, Kwame Nkrumah e outros.
Mamadou Ba em entrevista à Rádio Vaticano no dia 14 de Dezembro de 2020.
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