África. Igrejas africanas unem-se para fazer ouvir a sua voz na COP-26
Cidade do Vaticano
A mesa redonda foi organizado pela Conferência das Igrejas de Toda a África (AACC, sigla em inglês), uma associação ecuménica que reúne 173 Igrejas membros presentes em 42 Países africanos, representando mais de 140 milhões de cristãos no Continente.
Segundo os líderes religiosos africanos, a África tem todo o interesse em ver implementados os planos nacionais de acção para o clima previstos no Acordo de Paris para reduzir as emissões e adaptar-se às mudanças climáticas de modo a limitar o aumento da temperatura média global em 1,5 ° C, porque os Países do Continente são dos primeiros a pagar as consequências das mudanças climáticas.
Aumento de conflitos por terras de pastagem
O aumento da temperatura global de origem antropogênica tem, de facto, aumentado a intensidade e a frequência dos fenómenos climáticos extremos, como secas, inundações, ciclones e outros desastres naturais, com graves repercussões sociais e económicas num continente já frágil e instável. Aliás, um indício desta realidade é, entre outras coisas, o aumento dos conflitos por terras de pastagem em África, que são cada vez mais reduzidas devido à seca galopante, afirma o pastor luterano Fidon Mwombeki, secretário-geral da AACC, na declaração final do encontro em que reafirmou o compromisso das Igrejas africanas nesta frente e a sua vontade de falar a uma só voz na COP-26.
Um empenho elogiado por Alok Sharma, presidente designado para a COP-26, que numa mensagem aos participantes reiterou a importância de uma rápida e ampla implementação do acordo firmado em 2015 na capital francesa para proteger as populações mais vulneráveis do planeta.
Questão de mudanças climáticas é manifestação da nossa devoção religiosa
Falando na mesa redonda, Abba Aregawi da Igreja Ortodoxa Tewahedo etíope destacou, por sua vez, que o empenho de salvaguardar a criação é antes de tudo um dever ao qual Deus nos chama: “Por isso - disse o arcebispo - a questão das mudanças climáticas não deve ser tratada como um mero projecto político temporal, ou uma simples questão ecológica ou financeira, é uma manifestação espiritual, social e moral da nossa devoção religiosa”.
Entre os palestrantes da mesa redonda estava também Augustine Njamnshi, presidente do Comité Político da Aliança Pan-africana para a Justiça Climática (Pacja), uma coalizão de ONGs africanas empenhadas na justiça climática, e que reiterou que da COP-26 a África espera um progresso significativo e medidas concretas.
Plano de acção tangível e imediatamente operacional
Prevista originariamente para 2020 e adiada para 2021 devido à Covid-19, a Conferência de Glasgow reunirá de 1 a 12 de novembro, na cidade escocesa, mais de 30 mil delegados, entre Chefes de Estado, cientistas, especialistas e activistas. O objectivo é de concordar um plano de acção coordenado contra as mudanças climáticas que seja tangível, imediatamente operacional e capaz de transformar em realidade as promessas feitas em 2015 com o Acordo de Paris.
Cauteloso optimismo sobre resultado da Conferência
Depois dos resultados decepcionantes das Conferências que se seguiram à COP21, a reentrada dos Estados Unidos neste ano no Acordo de Paris e a nova consciência adquirida, durante a pandemia, na opinião pública mundial e nos governos sobre o impacto do clima na geopolítica global, e a necessidade dar à economia uma direcção de desenvolvimento plenamente sustentável, reacenderam um optimismo cauteloso sobre o resultado positivo desta Conferência.
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