Mali: Libertado o P. Léon Douyon, sequestrado há três semanas
Vatican News
O “nosso irmão, Léon Douyon, tinha sido separado de nós. Esta tarde ele está de volta entre nós e estamos muito felizes”. Com estas palavras, Dom Jean-Baptiste Tiama, Bispo de Mopti, no Mali, anunciou, no dia 13 de julho, a libertação do padre Leon Douyon, sacerdote católico de Ségué, sequestrado a 21 de junho passado, juntamente com outras quatro pessoas, por um grupo de homens armados. O sacerdote foi sequestrado na estrada que vai de Ségué a San, aonde ia participar num funeral. Os seus companheiros de prisão foram libertados após algumas horas, enquanto que ele ficou nas mãos dos raptores por quase um mês.
“Agradeço - disse Dom Tiama numa nota divulgada pela organização “Ajuda à Igreja que Sofre” - a todos aqueles que contribuíram para a libertação do P. Leão nas proximidades de Bandiagara”. Depois, o prelado pediu a cada sacerdote de Mopti que celebrasse uma missa de agradecimento pelo retorno do confrade. Grande era a alegria em toda a Diocese.
Recorde-se que a Igreja Católica no Mali já se viu várias vezes confrontada com casos de sequestro de padres e religiosos. Basta citar dois exemplos dramáticos: o do Padre Pierluigi Maccalli, missionário pertencente à Sociedade Missionária Africana, sequestrado no vizinho Níger em 2018 e libertado no Mali em outubro de 2020, e o da Irmã Glória Cecília Narvaez Argot, religiosa colombiana da Congregação das Irmãs Franciscanas de Maria Imaculada, raptada em 2017 na Diocese católica de Sikasso, no sul do Mali, e ainda nas mãos dos raptores.
Recentemente, por meio de uma carta enviada através da Cruz Vermelha Internacional ao seu irmão, Edgar Narváez, a freira fez saber que era refém do "Gsim", ou Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos. É uma formação pertencente a uma aliança jihadista ativa no Sahel e ligada à Al Qaeda. “Espero que Deus me ajude a encontrar a minha liberdade”, escreveu a irmã Glória. De acordo com o último relatório da Ajuda à Igreja que Sofre sobre liberdade religiosa, o ramo sunita do Islão predomina no Mali, onde corresponde a 88% da população, enquanto que os cristãos são pouco mais de 2%, dois terços dos quais são católicos e o outro terço é protestante. O resto da população segue a Religião Tradicional Africana.
Mas além da presença de grupos jihadistas próximos à Al-Qaeda e do chamado "Estado Islâmico", na origem da violência no Mali estão também as tensões independentistas que afetam o país desde 2012, assim como a instabilidade política nacional, tanto é que em noves meses verificaram-se dois golpes de Estado, visando derrubar o Presidente Ibrahim Boubacar Keita. O último golpe data de 24 de maio e levou ao poder o coronel Assimi Gota, que se tornou Presidente interino até às próximas eleições.
Um acontecimento que a Conferência Episcopal Nacional criticou duramente, definindo-o, numa nota, como "uma tomada ilegal do poder" e expressando "grande preocupação e tristeza". «Condenamos veementemente a crise atual, resultante de cálculos pessoais longe das preocupações do povo e dos interesses do Mali», reiteraram os prelados, que convidaram «a um diálogo construtivo para pôr termo às tensões e propor uma trégua social».
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