Guiné-Bissau - Hospitais paralisados devido a greve
Casimiro Cajucamo - Bissau
Todos os hospitais e centros de saúde públicos da Guiné-Bissau estão paralisados totalmente pelo terceiro dia consecutivo sem prestação de qualquer serviço mínimo, deixando os doentes nos hospitais e centros de saúde sem assistência.
Os pacientes foram forçados a abandonar enfermarias voltando para as suas casas e ou procurar serviços privados.
O Governo considera de selvajaria e criminosa a atitude de técnicos de saúde promete responsabilizar judicialmente todos os protagonistas….
A posição do Governo foi ouvida na voz do seu porta-voz, Fernando Vaz que é também ministro do turismo e Artesanato.
“O Estado deve utilizar a lei para proteger os cidadãos e, numa sociedade civilizada, todos aqueles que de alguma forma cometem atentados contra a vida humana, sejam profissionais de saúde ou sindicatos, devem ser judicialmente responsabilizados pelo crime contra as vidas da população “, disse.
Vaz disse condenar o boicote ao funcionamento dos estabelecimentos de saúde, considerando-o de “selvajaria” por não se enquadrar na lei da greve: sem pré-aviso, sem garantia de serviços mínimos, recorrendo abusivamente à expulsão dos doentes dos hospitais, mesmo das parturientes, dos doentes entubados e outros em cuidados intensivos.
“Ficará na história como um ato bárbaro e criminoso sem memória em toda a história da humanidade”, concluiu.
O boicote já provocou cinco mortes no Hospital Nacional Simão Mendes, o maior centro hospitalar do país, segundo o anúncio do Ministro da Saúde Pública, Dionísio Cumba.
“Aquilo que constatamos no Hospital Nacional Simão Mendes, infelizmente, houve cinco óbitos, entre os quais dois no serviço de Covid-19, um no serviço da medicina e outros chegou praticamente óbito de casa”.
Estamos na posse de uma informação em como duas mulheres gravidas conseguiram dar a luz numa das varandas do Hospital Regional de Bafatá, leste da Guiné-Bissau...
A paralisação total no sistema de saúde do país desde segunda-feira levou o Governo a recrutar seis técnicos da divisão de saúde militar, para tentar minimizar o impacto no Hospital Nacional Simão Mendes. A decisão do governo, levou os oito Diretores de serviços do Hospital Nacional Simão Mendes a apresentar a sua demissão, numa carta conjunta entregue ao Diretor-geral do Hospital, por discordarem da forma como os seus lugares foram ocupados por militares recrutados pelo Governo. Na carta os Diretores demissionários dizem-se surpreendidos e sem nenhuma informação prévia com a ocupação dos seus serviços por técnicos militares.
Em reação ao boicote, o Ministro da Função Pública, Tumane Baldé, pediu aos médicos e enfermeiros envolvidos no boicote a “reconsiderarem as suas posições para salvar vidas”.
Entretanto, a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH) exige que o Governo assuma as suas responsabilidades, encetando contactos com os sindicatos para travar, o mais rapidamente possível, a greve em curso no sector da saúde pública, iniciada na segunda-feira e que está a ser dramática, mas também exorta os profissionais de saúde a observarem os serviços mínimos, que não existem.
Entre outras exigências, os técnicos de saúde reivindicam o pagamento de salários e subsídios em atraso, o seu enquadramento efetivo no chamado Estatuto do Pessoal de Saúde e melhoria de condições nos centros de atendimento aos doentes de Covid-19.
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