Bispos da ACERAC analisam o fenómeno das migrações na sub-região
Dulce Araújo - Vatican News
É que – escreve na sua nota final - a questão das migrações tem vindo a assumir contornos dramáticos sobretudo no que toca aos jovens africanos. A Igreja sempre se preocupou com a questão migratória e desenvolveu um ensinamento doutrinal que constitui o fundamento da pastoral dos migrantes. E nesta linha, o Papa Francisco tem-se mostrado um pastor e profeta engajado ao mais alto nível. A sua homilia a 8 de Julho de 2013 em Lampedusa foi um grito de alarme para o mundo inteiro.
E na esteira deste e doutros documentos do Papa argentino, os Bispos da ACERAC se indignam pelo pesadelo que as migrações representam para muitos jovens e que parece não suscitar muita compaixão e solidariedade da parte da comunidade internacional. Daí a sua decisão de se debruçar sobre esta temática, de modo particular sobre os jovens da África central.
Migrações africanas poderão aumentar
Começam por apontar alguns dados estatísticos. Segundo a ONU e a OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico) 14,1% dos migrantes internacionais são africanos, ou seja, 24 milhões de refugiados e pedintes de asilo, e a previsão é que, se nada for feito, daqui a 2050 serão 34 milhões os migrantes africanos no mundo. Os perigos da travessia do deserto do Sahara e do Mar Mediterrâneo não constituem um travão. Os jovens desejam partir para o Ocidente, onde imaginam encontrar o eldorado.
Esses dados não levam em consideração – frisam os bispos da ACERAC - os 40 milhões de deslocados internos ao continente. Além disso – fazem notar – há a considerar, entre outros fatores, o êxodo rural, os deslocados climáticos, as pessoas que fogem de conflitos armados e do terrorismo.
Perante esse quadro, a ACERAC longe de se limitar a indignar-se, debruça-se sobre a questão com vista num acompanhamento pastoral mais eficaz em benefício dos mais vulneráveis e num firme empenho profético, nomeadamente na luta contra as derivas ligadas a este fenómeno.
Interpelações, propostas, orientações
Em diversas Dioceses da sub-Região – escrevem – já há iniciativas louváveis na matéria, mas revelam-se insuficientes face à gravidade da questão. Então, depois de ouvir os representantes dos jovens, de condenar a violação dos direitos e da dignidade humana dos migrantes e de sublinhar a legitimidade do direito à não-migração, os bispos fazem um grande número de interpelações, propostas e orientações a começar pela própria ACERAC para passarem depois aos Estados e governos, à comunidade internacional, às famílias e aos jovens. Tudo no sentido de desencorajar as migrações, garantir o bem-estar local e o respeito dos direitos a nível internacional.
Urge guia pastoral e plano de ação
Em conclusão os Bispos da ACERAC afirmam que no final dessa Assembleia e dessa análise, ficou-lhes claro que o fenómeno migratório na África Central constitui um importante sinal dos tempos e exprime um mal-estar social grave. Para além de refletir, é chegado o momento de um empenho concreto, para lutar mais eficazmente contra as derivas relativas a este fenómeno. Para isso, consideram urgente a elaboração de um guia pastoral e de um plano de ação com base em quatro verbos concretos: acolher, proteger, promover e integrar
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