Dom Alexandre Cardeal do Nascimento distinguido pelo 40° aniversário cardinalício
Anastácio Sasembele – Luanda, Angola
Dom Alexandre Cardeal do Nascimento é o primeiro e até ao momento o único angolano da história da Igreja Católica a receber a púrpura cardinalícia, aos 57 anos, e é hoje o membro mais velho do Colégio dos Cardeais do mundo, é sacerdote há 70 anos e Bispo há 48 anos.
O Cardeal D. Alexandre do Nascimento manifestou, domingo (12/02), em Luanda, a sua gratidão pelo reconhecimento do seu 40º aniversário cardinalício, dedicados totalmente à Igreja Católica e à Pátria angolana.
D. Alexandre falava por ocasião da celebração eucarística em sua homenagem, na Paróquia de São João Paulo II, em Luanda, onde aproveitou o momento para lembrar o apoio incondicional recebido da Igreja Católica e da sociedade em geral.
Na celebração presidida pelo Núncio Apostólico em Angola e São Tomé, D. Giovanni Gaspari, participaram igualmente os Bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).
D. Gaspari considera que passados 40 anos de cardinalício, constitui, por si só, um acontecimento que marcou profundamente a vida da Igreja Universal, pelo vínculo da fé em Jesus Cristo.
O também representante do Papa em Angola disse que D. Alexandre do Nascimento, actual arcebispo emérito de Luanda, durante o seu episcopado soube promover o testemunho de caridade da Igreja para com os mais necessitados, como servo bom, fiel e pastor do rebanho de Cristo.
Actualmente há no mundo 223 cardeais, destes o Cardeal D. Alexandre do Nascimento é o mais velho, com quase 98 anos, a completar a 1 de março próximo.
Alguns políticos e altas figuras da sociedade angolana estiveram presentes para homenagear um dos mais destacados filhos de Angola e da Igreja Católica.
A presidente da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, destacou a figura do tio, Cardeal D. Alexandre do Nascimento, pela trajectória de fé, misericórdia e de entrega ao próximo.
Realçou que a sua serenidade, bondade e alegria interior fizeram com que tivesse força e coragem para as provações da vida e fazer com que todos se comprometam com Angola e os angolanos.
Como presidente da Caritas Internacional, realçou, foi o único africano a ocupar esta distinção, D. Alexandre levou longe o nome de Angola.
E o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, disse estar feliz pelo 40º aniversário cardinalício do Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, destacando ser um exemplo de honra para todos os angolanos.
D. Alexandre do Nascimento, actual Arcebispo Emérito de Luanda, nasceu em Malanje a 1 de março de 1925.
O Cardeal começou os estudos sacramentais no Seminário dos Bângalas, mais tarde no Seminário de Malanje e, posteriormente, no Seminário de Luanda. Em 1948, foi enviado para estudar na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, onde obteve o bacharelato em Filosofia e a licenciatura em Teologia.
Foi ordenado sacerdote em 20 de dezembro de 1952, por Dom Luigi Traglia, então Arcebispo Titular de Cesareia da Palestina e vice-gerente da Diocese de Roma. Logo depois, tornou-se professor de Teologia Dogmática no Seminário Maior de Luanda e redactor-chefe do jornal católico "O Apostolado”, entre os anos de 1953 e 1956.
Por nomeação de Dom Moisés Alves de Pinho, exerceu a função de pregador da Sé Catedral, de 1956 a 1961, ano em que começou o conflito armado em Angola, e a autoridade política portuguesa o forçou a fixar residência em Lisboa, de onde só voltou dez anos depois, após ter concluído o curso de Direito Civil na Universidade de Lisboa.
Em 10 de Agosto de 1975, foi nomeado Bispo de Malanje, sendo ordenado a 31 de agosto de 1975, na Catedral de Luanda, por Dom Giovanni De Andrea, Arcebispo Titular de Acquaviva e delegado apostólico em Angola, tendo como co-sagrantes Dom Manuel Nunes Gabriel, Arcebispo de Luanda, e Dom Eduardo André Muaca, Arcebispo Titular de Tagarbala e Arcebispo-coadjutor de Luanda.
Em 3 de fevereiro de 1977 foi promovido a Arcebispo Metropolitano do Lubango, sendo também administrador apostólico "ad nutum Sanctæ Sedis” da Diocese de Ondjiva. Em 15 de outubro de 1982, durante uma visita pastoral, foi sequestrado por militares da UNITA. O Papa João Paulo II apelou à sua libertação durante o Angelus de domingo do dia 31 de outubro. Foi libertado no dia 16 de novembro do mesmo ano.
Em 5 de janeiro de 1983, foi anunciada a sua criação como Cardeal pelo Papa João Paulo II, no Consistório de 2 de fevereiro, altura em que recebeu o barrete vermelho e o título de Cardeal-Presbítero de São Marcos em Agro Laurentino.
Foi transferido para a Arquidiocese de Luanda em 16 de fevereiro de 1986, renunciando ao Governo Pastoral da Arquidiocese em janeiro de 2001. Perdeu o direito de participar dos conclaves para eleição do Papa aos 80 anos, completados em 1 de março de 2005.
Foi, também, presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), entre 1990 e 1997.
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