Encontro do Papa com os consagrados em Kinshasa Encontro do Papa com os consagrados em Kinshasa 

Erradicar o ódio, a violência - mensagem que o Papa deixa à RDC

Como última actividade pública, no terceiro dia da sua visita ao Congo, o Papa Francisco presidiu na tarde desta quinta-feira 2 de fevereiro, festa da Apresentação do Senhor e Dia Mundial da Vida Consagrada, ao encontro de oração com os Sacerdotes, os Diáconos, Consagrados/as e Seminaristas, na Catedral Notre-Dame do Congo.

Bernardo Suate - Kinshasa

Como última actividade pública, no terceiro dia da sua visita ao Congo, o Papa Francisco presidiu na tarde desta quinta-feira 2 de fevereiro, festa da Apresentação do Senhor e Dia Mundial da Vida Consagrada, ao encontro de oração com os Sacerdotes, os Diáconos, Consagrados/as e Seminaristas, na Catedral Notre-Dame do Congo.

O Papa aos religiosos sugeriu 3 desafios que devem ser superados para viver bem a vocação: “a mediocridade espiritual, a comodidade mundana e a superficialidade”. O sacerdócio é servir, insistiu o Papa, reiterando que "o sacerdócio e a vida consagrada tornam-se áridos, se os vivemos para ‘nos servirmos’ do povo em vez de ‘servi-lo’.

Quanto à Mediocridade espiritual, Francisco insistiu na importância da oração:

“Não esqueçamos que o segredo de tudo é a oração, porque o ministério e o apostolado não são, primeiramente, obra nossa nem dependem apenas dos meios humanos”.

“O segundo desafio”, disse o Papa, “é vencer a tentação da comodidade mundana, duma vida cômoda na qual seja possível organizar mais ou menos todas as coisas e continuar em frente por inércia, procurando o nosso conforto e arrastando-nos sem entusiasmo”. Contrariamente à mundanidade, Francisco destacou a beleza da disponibilidade: "como é belo, disse, manter-se transparente nas intenções e livre de compromissos com o dinheiro, abraçando alegremente a pobreza evangélica e trabalhando com os pobres”.

E por fim o terceiro desafio: vencer a tentação da superficialidade. “As pessoas não precisam de funcionários do sagrado nem de doutores afastados do povo, enfatizou o Papa, somos chamados a entrar no coração do mistério cristão, aprofundar a sua doutrina, estudar e meditar a Palavra de Deus; e, ao mesmo tempo, permanecer abertos às inquietações do nosso tempo, às questões cada vez mais complexas da nossa época, para poder compreender a vida e as exigências das pessoas, para compreender como tomá-las pela mão e acompanhá-las”.

E a este propósito Francisco ressaltou que “A formação do clero não é facultativa. Digo isto aos seminaristas, mas vale para todos: a formação é um caminho a percorrer sempre ao longo de toda a vida”.

Francisco concluiu o seu discurso destacando a importância do testemunho para a missão: “Para ser bons sacerdotes, diáconos e pessoas consagradas não bastam as palavras e as intenções: antes de tudo, é a própria vida que fala” – advertiu Francisco.

E uma última exortação do Papa: “Caríssimos, este é precisamente o ministério a que sois chamados: mostrar proximidade e consolação, como uma luz sempre acesa no meio de tanta escuridão. E, para ser irmãos e irmãs de todos, começai por sê-lo entre vós: testemunhas de fraternidade, nunca em guerra; testemunhas de paz, aprendendo a superar até as particularidades das culturas e das proveniências étnicas”.

O encontro privado do Papa com os Membros da Companhia de Jesus, na Nunciatura apostólica, deu por terminado o dia.

Na manhã desta sexta-feira, 3 de fevereiro, quarto e último dia da visita ao Congo, o Papa manteve um encontro com o episcopado do País na sede da Conferência Episcopal Nacional do Congo (CENCO).

Aos prelados reunidos antes da partida para o Sudão do Sul, Francisco recomendou a caminhar ao lado da população sofrida, a erradicar o ódio, o egoísmo, a violência, a demolir os altares consagrados ao deus dinheiro e à corrupção e a construir uma pacífica convivência. Não, porém, sem ter sublinhado que foi bom passar estes dias “na vossa terra, que representa, com a sua grande floresta, o ‘coração verde’ da África, um pulmão para o mundo inteiro.

É assim”, disse, “que imagino a Igreja africana e vejo esta Igreja congolesa: uma Igreja jovem, dinâmica, alegre, animada pelo anseio missionário, pelo anúncio de que Deus nos ama e que Jesus é o Senhor”.

Na saudação final aos bispos Francisco disse: “E, chegados ao fim desta viagem, quero exprimir-vos todo o meu reconhecimento a vós e a quantos aqui a prepararam. Tivestes de trabalhar duas vezes, porque, na primeira vez, a visita foi anulada, mas sei que sois misericordiosos com o Papa … sinceramente obrigado!”.

Depois da breve cerimónia de despedida no aeroporto internacional de N’djili, o voo papal decolou às 10.49 horas rumo à Juba (capital do Sudão do Sul), segunda etapa desta 40ª Viagem apostólica, para uma Peregrinação Ecuménica de Paz ao País, juntamente com o Arcebispo de Canterbury Dom Justin Welby e o Moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, o Reverendo Iain Greenshields.

Oiça

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03 fevereiro 2023, 13:15