FESPACO - Cinema da África e cultura de paz
Dulce Araújo - Vatican News
Cerca de 200 filmes vão ser projetados, em diversas categorias, nesta edição do FESPACO, que decorre de 25 de fevereiro a 4 de março, na capital do Burkina-Faso, Ouagadougou. Com mais de 50 anos de vida, este Festival, o maior da África, tem por objetivo contribuir, através da 7ª arte, para o desenvolvimento endógeno do continente africano.
Angola, Cabo Verde e Moçambique têm filmes em competição e o produtor, Pedro Soulé é, segundo a imprensa do arquipélago, o primeiro cabo-verdiano convidado a presidir um júri do FESPACO, na categoria “Filmes de Escolas”, ou seja, realizados por estudantes de escolas de cinema.
A 28ª edição do FESPACO promete ser uma grande festa de cinema e doutras manifestações culturais que, geralmente, acompanham este Festival, ao mesmo tempo que se reflete, este ano, sobre o contributo do cinema para a cultura da paz em África e se procuram novas soluções para os desafios do cinema africano, sempre em evolução.
Filinto Elísio, da Rosa de Porcelana Editora, e Guido Convents, autor de vários livros sobre o cinema em África, detêm-se, de forma mais aprofundada (na emissão “África em Clave Cultural: personagens e eventos” do dia 23/2/23) sobre o interessante percurso do FESPACO desde a sua criação, em 1969, até aos nossos dias.
Entretanto, de assinalar que faleceu no dia 22/2/23, aos 80 anos de idade, uma das pioneiras do cinema africano: a senegalesa, Safi Faye. Uma das primeiras mulheres realizadoras, ela dedicou-se sobretudo a documentários sobre o mundo rural, mas ficou também conhecida por longas-metragens como “Mossane” (rodado em 1990) e que obteve significativos reconhecimentos em África e noutros festivais como o de Canne, em 1996. No ano passado foi homenageada juntamente com Sembène Ousmane, como pioneiros do cinema africano, na 2ª edição do DIFF, Djarfogo Internacional Film Festival, na ilha do Fogo, em Cabo Verde.
E no dia 23/2/23 faleceu uma outra figura imporante do cinema africano: o documentarista, Idriss Diabaté, da Costa do Marfim. Deixa um legado de meia centena de documentários, entre os quais "La Femme porte l'Afrique" (2009) que recebeu, entre outros prémios o de Documentário no FESPACO desse ano.
O presidente de Grand Ecrã, Yacouba Sangaré, Associação de Críticos de Cinéma na Costa do Marfim, afiliado à Federação Africana da Crítica Cinematográfica, disse a propósito de Idriss Diabité: "É um trabalhador afincado, um realizadro talentoso e apaixonado."
Idriss Diabité era Investigador Associado no Centro de Ensino e Pesquisa em Comunicação na Universidade Felix Houphouet-Boigny de Abidjan.
O FESPACO chora, portanto, dois grandes cineastas recém-falecidos.
*
De salientar ainda que, na conversa com Guido Convents, ele sublinhou que a Igreja está presente no mundo do cinema em África através sobretudo da acção dos Salesianos; do Júri católico (formado de membros da SIGNIS-África) no FESPACO e enaltece também o papel que a Irmã Dominic Dipio, ugandesa, responsável do Deparamento de Comunicação e Cinema na Universidade de Makarere (Uganda) está a desempenhar. A Igreja está, portanto, a integrar o cinema no seu trabalho de pastoral.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui