A corrida ao lítio africano: uma possível oportunidade para o Continente
Cidade do Vaticano
O Zimbabwe, por exemplo - País onde vão decorrer as eleições presidenciais no dia 23 de agosto - possui as maiores reservas de lítio em África, que são também as quintas maiores reservas mundiais deste mineral. Em 2018, o Zimbabwe e a Namíbia estavam entre os dez maiores produtores mundiais de lítio. Espera-se que o Zimbabwe seja capaz de atender a 20% da demanda global total nos próximos anos. A mina de Bikita, na província de Masvingo, no sudoeste do País, é a maior mina de lítio do Zimbabwe e contém cerca de 11 milhões de toneladas daquele mineral.
A estas famosas reservas juntam-se as da República Democrática do Congo que poderiam ser as maiores do mundo, tornando a RDC um dos principais fornecedores mundiais de lítio. As principais minas de lítio na RDC incluem Manono, que contém cerca de 6,7 milhões de toneladas de lítio, segundo as estimativas de setembro de 2022, bem como a mina de Gatumba-Gitarama.
Existem depois o Mali, cujas principais minas são Goulamina, com 1,6 milhões de toneladas de lítio, e Bougouni, (236.500 toneladas), e a Nigéria, que possui algumas das reservas de minério de lítio mais promissoras da África. No entanto, a produção da Nigéria atualmente parou em cerca de 50 toneladas de minério extraído em 2019.
A competir pelo lítio africano estão os interesses chineses, americanos, australianos, canadeses, indianos e europeus. Atualmente, Pequim lidera a corrida também pelo fato de que a China já controla 60% da extração e da refinação global de minerais, em particular do lítio, cobalto, níquel e manganésio. No que diz respeito ao lítio, a presença chinesa reforçou-se graças ao facto de que três empresas chinesas adquiriram participações em minas de lítio no Zimbabwe, no âmbito da política de Pequim de diversificar o fornecimento deste mineral, sobretudo agora que a China é o maior mercado de automóveis elétricos do mundo.
A China tem forte presença no setor de mineração na RDC, especialmente na produção de cobalto e lítio. Empresas chinesas lançaram projetos não apenas para a extração, mas também para a refinação do lítio na RDC e no Zimbabwe.
Competindo pela presença chinesa nas minas de lítio africanas estão empresas americanas, australianas, canadenses, indianas e europeias. Isso poderia levar a ulteriores críticas ocidentais sobre o facto de que a China está priorizando os seus próprios interesses em detrimento das nações africanas, a fim de encorajar a oposição em África aos investimentos em mineração de Pequim. Alega-se principalmente o pretexto dos potenciais impactos ambientais e sociais dos processos de mineração, bem como o deslocamento de comunidades locais e os danos ambientais resultantes da extração e processamento de minerais, que requerem movimentações de terreno de maneiras que poderiam ser prejudiciais tanto para o solo quanto para a água.
Prevê-se, contudo, que a procura de lítio pelos fabricantes de baterias aumente em 83% até 2027. Esta poderia ser uma oportunidade excecional para os Países africanos reforçarem o peso económico global do Continente e aumentarem a sua posição no contexto internacional - com Agência Fides.
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