Marcionila Jaguraba: uma pedagoga apaixonada pela arte do ensino
Dulce Araújo - Vatican News
Estudar é a recomendação que Marcionila Maria Jaguraba sempre faz aos jovens afro-brasileiros que encontra. Para ela, não há outro caminho para ganharem autoestima e enfrentarem a conquista dos seus direitos de cabeça levantada, sem o sentido de inferioridade que foi inculcado aos negros durante longo tempo e que se manifesta ainda hoje sob forma de inibição ou mesmo de resignação.
Muito tem feito o Movimento Negro - afirma Marcionila - para ajudar a ultrapassar essas atitudes, mas o caminho a percorrer é ainda longo. A "Década Internacional dos Afrodescendentes" (2015-2024) proclamada pelas Nações Unidas para suscitar em todos os países membros, políticas e atividades favoráveis ao reconhecimento, justiça e desenvolvimento dos descendentes da África pelo mundo fora, não parece ter tido muito eco no Brasil.
São estes alguns dos aspetos enfrentados na ampla entrevista que esta Pedagoga, de passagem por Roma, concedeu à Rádio Vaticano. Não faltaram referências àquilo que muitos designam de "genocídio de jovens negros" no Brasil; ao racismo estrutural no país; a comparações entre o Movimento Negro brasileiro e a luta dos afroamericanos pelos direitos civis, ou ainda a questão à volta do uso da expressão "afrodescendente" para definir os oriundos da África no Brasil.
Perante estas temáticas todas e a necessidade de melhores condições de vida para todos os componentes da população brasileira, incluindo os afrodescendentes, Marcionila Maria Jaguraba mostra-se otimista e esperançosa de que com muito trabalho e uma ação consertada entre a Família, a Escola e os Movimentos Negros, a situação há de melhorar, até porque agora a questão da raça, tal como questões ambientais, entrou para os currículos escolares. Mas, seja como for, os negros no Brasil vão persistir na sua luta sem nunca desistir - assegura Marcionila, segundo a qual os artistas negros muito contribuem para isso, enquanto que os mídia deveriam dar mais atenção a tudo isso. E anuncia que ela própria vai participar, em novembro deste ano, no âmbito do Movimento Negro, de um encontro de quatro dias de reflexão - "O Negro na Bahia" - orientado para a ação.
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